SXSW24 Sidney: o futuro definido pelo “How”
“O nosso problema é com os humanos e não um problema com a natureza”
“O nosso problema é com os humanos e não um problema com a natureza”
Texto escrito em colaboração com Gabriella Ceragioli, designer e estrategista criativa
Trabalhar em um ecossistema de inovação é uma experiência incrível e, ao mesmo tempo, desafiadora. Ainda fico impressionado como, na troca de ideias entre especialistas de diferentes expertises, a inovação simplesmente acontece e, a partir dela, surgem grandes feitos.
A partir dessa troca, surgiu uma super ideia de conexão: atravessar o oceano para acompanhar as tendências e insights do SXSW Sydney, o maior evento de tecnologia do mundo. A conexão com a Gabriella Ceragioli (na Austrália) foi essencial para o sucesso desse projeto que, mesmo com 14 horas de fuso-horário, conseguimos reunir os principais destaques direto do outro lado do mundo.
Entre as palestras que acompanhamos juntos e trocamos ao longo dessa semana, percebemos que o fio condutor que difere de tudo o que vimos até agora não é uma discussão sobre o que está por vir, quem será o grande protagonista ou qual tecnologia deve sobressair no futuro.
Na verdade, o como foi o grande destaque de tudo o que vimos entre as tendências compartilhadas na região da Ásia-Pacífico – ou como os australianos fizeram questão de reforçar – foi: “HOW”.
Every single interaction/touch point matters
“Toda interação ou ponto de contato importa”. Entre compreender a audiência, os canais de marketing e as estratégias de comunicação que fazem sentido para se conectar com a audiência, o “how can I do this” foi o destaque. De que forma você pode trabalhar os diferentes canais? O mundo está, sim, hiperconectado, mas as pessoas buscam experiências cada vez mais personalizadas. Então, como reagir a elas?
Neste contexto, me chamou atenção a troca entre Andy Morley, Diretor de Marketing da Uber e Uber Eats; e Jenni Dill, CMO do Grupo Arnott’s, que compartilharam suas experiências à frente das suas respectivas empresas.
Enquanto Jenni reforçou a importância do briefing para garantir a consistência do começo ao fim de cada projeto, e como a consistência faz a diferença, Andy apresentou o conceito “Glo-Cal”, que traduz como você desenvolve um DNA de marca global por meio de estratégias locais e, dessa forma, criar ou aumentar o seu valor no mundo.
O conceito reforça dados que vi em um estudo recente da Kantar, que mostrou que metade dos profissionais de marketing do mundo investiram em conteúdo de influenciadores em 2023, e 59% vão aumentar os gastos com influenciadores em 2024, visando criar essa relação.
“Culture eats biscuits for breakfast”
“A cultura come biscoitos no café da manhã”. A cultura e a história receberam atenção especial durante o evento de tecnologia.
Em um mundo cada vez mais VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), o foco tem que ser mais nas pessoas do que só nos números. Aqui, o conceito de “Marketing ZEN” apresentando durante o SXSW Sydney colocou os holofotes sobre a discussão do propósito do negócio versus o tamanho que ele precisa ter para existir.
Globalmente, 80% dizem que “fazem um esforço” para comprar de empresas que apoiam causas importantes para elas, ainda segundo a Kantar.
Então, além de olhar para uma infinidade de dados e ferramentas tecnológicas, não podemos perder a essência que é inserir senso de propósito, a sustentabilidade, o entusiasmo e o foco nas decisões de negócio, não apenas a escalabilidade.
“We have a human problem, not a nature problem”
“O nosso problema é com os humanos, e não um problema com a natureza”. A sustentabilidade e os efeitos das mudanças climáticas foram uma das pautas mais comentadas ao longo dos painéis em Sydney.
Pelo que pudemos notar, é cada vez mais importante nos unirmos, conectarmos potências e entendermos o papel de cada um no futuro que queremos. Entender como cumprir o papel de cada país dentro de um contexto mundial é a forma mais eficaz e significativa para contribuir com a nossa responsabilidade com o futuro do planeta.
SXSW em Sydney, na Austrália, um grande aprendizado.
Em primeiro lugar, pelo tamanho do planeta e como as diferenças culturais ditam tendências e comportamentos.
Essa cobertura também ensinou sobre as possibilidades que a tecnologia pode proporcionar, mas sem deixar de lado o que boas conexões podem criar grandes histórias. Inclusive, acredito que o futuro será impulsionado pelo equilíbrio entre esses dois lados da balança (tecnologia x humanização).
Encontrar o equilíbrio será um desafio para os profissionais e empresas que querem se manter competitivos no futuro. Falando nele, deixo aqui para reflexão uma frase do futurista e um dos precursores do conceito de Geração Alpha, Mark McCrindle:
“Nós não estamos caminhando para o futuro. O futuro está chegando até nós, já está acontecendo. E o melhor jeito de entender o futuro é compreender a geração que entende esse momento como a sua própria era.
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