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Opinião

Terceira força

Parcela cada vez maior de analistas aposta na Amazon como futura desafiante de Google e Facebook


15 de maio de 2017 - 11h25

A celebração da conquista do Campeonato Paulista deste ano pelo Corinthians teve boa dose de ironia e desforra. Para ressaltar o gosto especial do título, a torcida do time recorreu à avaliação quase unânime da imprensa esportiva, antes do início da competição, de que, com o atual elenco de jogadores, o clube era apenas a quarta força do torneio — ou, na melhor das hipóteses, a terceira, em uma disputa cabeça a cabeça com o São Paulo. Jogo vai, jogo vem, enquanto os rivais ficaram pelo caminho, o Timão ficou com a taça. Seus fãs deitaram e rolaram nas redes sociais com memes e posts lembrando o que consideraram um desprezo com a tradição do alvinegro paulistano no certame estadual.

Foto: Reprodução

Enquanto na ordem do futebol ser considerado a terceira ou quarta força do campeonato regional é uma classificação diminuta e motivo para deboche, dentre os players digitais que faturam alto com a comercialização de publicidade, ascender a tal posição equivale ao tíquete dourado para entrar no exclusivíssimo clube dos 11 dígitos, formado por empresas com receitas relativas à venda de mídia acima dos US$ 10 bilhões.

Nunca foi segredo os bons olhos com que agências e anunciantes veem as possibilidades de outros players digitais se fortalecerem a ponto de se tornarem opções relevantes para diluir o nível de concentração de suas verbas no Google e Facebook.

O assunto voltou à tona nas últimas semanas com declarações do CEO do WPP, Martin Sorrell, e a capa da primeira edição de maio da The Economist, na qual os dados foram apontados como o recurso mais valioso do mundo, deixando para trás o petróleo e inaugurando uma nova era na economia global. A reportagem debateu também a necessidade (ou não) de novas regulamentações na captação, compartilhamento e uso de informações pessoais, como uma maneira de abrir espaços para uma maior concorrência nas áreas de domínio de Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft, as cinco empresas de maior valor de mercado do planeta.

Na semana passada, a Snap Inc. divulgou o primeiro relatório financeiro, após ter se tornado uma empresa de capital aberto, em março — quando o interesse demonstrado pelos investidores em sua oferta pública inicial de ações a credenciavam como potencial candidata a assumir o papel da terceira força dentre as plataformas digitais. O balanço apontou que a companhia faturou aproximadamente US$ 140 milhões com publicidade no primeiro trimestre de 2017. O ritmo de crescimento de usuários, abaixo do esperado, e o prejuízo de US$ 2,2 bilhões ajudaram a derrubar em 25% o valor de mercado da companhia dona do Snapchat.

A performance motivou uma série de comparações com a jornada de altos e baixos do Twitter, que, por sua vez, ganhou boas manchetes recentemente: fechou uma série de acordos com companhias de mídia para a geração de conteúdo em tempo real, o valor de suas ações está no melhor momento no ano e a empresa foi apontada no relatório da Zenith Optimedia como a de maior crescimento percentual em relação à arrecadação com publicidade entre 2012 e 2016 — período no qual seu faturamento com mídia subiu 734%, chegando a US$ 2,25 bilhões.

Agora, uma parcela cada vez maior de observadores e analistas já aposta na Amazon como futura desafiante de Google e Facebook, incluindo aqui o citado Sorrell, que até pouco tempo atrás colocava suas fichas no Snapchat. De acordo com a consultoria eMarketer, o faturamento da Amazon com publicidade deve se aproximar de US$ 2 bilhões ainda este ano. Ainda mais otimista, o banco Morgan Stanley prevê receitas de até US$ 5 bilhões com a venda de anúncios em 2018 para a gigante do varejo online, e de US$ 7 bilhões em 2020.

Durante a mais recente divulgação de resultados, o executivo-chefe financeiro da Amazon, Brian Olsavsky, afirmou que a empresa ainda dá seus primeiros passos no campo da publicidade. Imagine o que a companhia que revolucionou o varejo de diversas categorias e segmentos — e é comandada por alguém como Jeff Bezos, que planeja fazer entregas na Lua até, no máximo, 2020 — será capaz de realizar quando de fato acelerar o ritmo dessa caminhada.

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