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Opinião

Terra de gigantes

Velocidade de conexão, conteúdo e força da marca serão fatores preponderantes de decisão no novo ambiente de negócios que se forma para as teles


6 de novembro de 2017 - 17h00

Em meados de outubro, Meio & Mensagem publicou, em sua edição impressa, o primeiro capítulo de seu já tradicional Especial CEOs. Este é o segundo ano em que o conteúdo é editado no formato de uma série especial de reportagens, concebida para gerar insights e compartilhar informações importantes para quem, nesta época, tem a tarefa árdua de determinar todo o planejamento para 2018.

Imbuídos dessa missão, nossos repórteres e editores foram a campo para retratar em profundidade oito dos principais setores da economia nacional, construindo um cenário de mercado para os próximos anos, com base nos investimentos projetados para a expansão do negócio, para a comunicação e a inovação. Cada uma dessas edições traz como principal destaque entrevista exclusiva com o executivo- chefe de uma empresa líder do setor — nas anteriores, já publicamos as opiniões dos presidentes da Johnson & Johnson, Andre Mendes, da Cielo, Eduardo Gouveia, e da Raia Drogasil, Marcílio Pousada.

O quarto capítulo desta temporada 2017 do Especial CEOs é dedicado às telecomunicações, uma indústria que, assim como os bancos, carrega a imagem de maldita, porém necessária. Tal percepção pública é fruto de um misto de duas décadas de serviços ruins e descaso no atendimento ao consumidor, mas não se pode ignorar nessa equação o resquício do processo de privatização do setor, sempre atacado, especialmente em anos de eleições, por quem defende a presença robusta do Estado na economia.

A relação com os consumidores ficou tão estremecida que, mais do que o melhor serviço oferecido por uma concorrente, o ódio pelo tratamento recebido de sua operadora virou a principal motivação para um cliente trocar de prestadora de serviço. Um rápido exercício de evolução do ambiente de negócio para as teles leva a crer que, em breve, haverá oportunidades para essa relação ser regida pelo amor. Velocidade de conexão, conteúdo e força da marca serão os fatores preponderantes de decisão nesse novo ambiente, desenhado a partir das mudanças de comportamento do consumidor, que passa cada vez mais tempo com o smartphone nas mãos, não falando, mas teclando.

Oportunidades de ganhar as pessoas pelo coração também surgirão a reboque da tecnologia 5G e vêm sendo estudadas e mapeadas com afinco, já que as teles não podem se dar ao luxo de perder o protagonismo desse processo. Escoladas com os erros do passado e assistindo rodarem em suas redes as marcas mais pops do século 21 (Google, Facebook, Uber, Netflix, YouTube, WhatsApp), sabem que o investimento em estrutura precisa ser acompanhado pelo desenvolvimento da experiência do usuário — ou arcarão com os riscos de tal negligência, que, neste caso, podem ser traduzidos no fluxo de bilhões de dólares indo para bolsos alheios.

Nessa jornada, o setor passará por grandes transformações. Globalmente, o principal indicador é a compra da Warner pela AT&T, unindo conteúdo, programação e rede sob um mesmo guarda-chuva, e a do Yahoo pela Verizon. Nacionalmente, o mercado ainda conta com uma consolidação envolvendo pelo menos um dos quatro grandes players.

A análise de um setor com tamanha complexidade a condicionar seus rumos pede um especialista à altura. O editor de Meio & Mensagem Sérgio Damasceno cobre a indústria desde o final dos anos 1990. O presidente da Claro, Paulo Cesar Teixeira, é o terceiro executivo-chefe das maiores companhias de teles do País que Sérgio entrevistou neste ano — também esteve frente a frente com os CEOs da Vivo, Eduardo Navarro, e da TIM, Stefano De Angelis. De quebra, ainda cobriu in loco, em fevereiro, o Mobile World Congress, maior evento mundial da indústria, em Barcelona. Quando quero me atualizar sobre os desafios das operadoras e sondar sobre o futuro de seus negócios, pego um café e me dirijo à mesa dele. Chego como quem não quer nada e puxo assunto em cima do último acontecimento. Saio sempre com uma aula do setor e sua dinâmica estratégica.

 

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