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Opinião

Três dicas para melhorar a locução de um filme publicitário

Gravar uma locução eficaz exige comunicação clara e trabalho em equipe entre a agência e a produtora de áudio


1 de novembro de 2017 - 11h28

A locução é um dos três principais elementos sonoros de um filme publicitário, junto com o sound design e a trilha sonora. Por meio das falas de um locutor, um redator pode criar uma história para complementar as imagens, ou fechar um filme com uma assinatura. Mas aproveitar este recurso não é tão simples quanto montar um casting e escolher o locutor certo para o job. Gravar uma locução eficaz exige comunicação clara e trabalho em equipe entre a agência e a produtora de áudio. Para entender melhor o processo, conversei com o Lou Schmidt da Antfood Music & Sound Design, uma produtora com estúdios em São Paulo, sede em Nova Iorque e filial em Amsterdã. Além de trabalhar como compositor e músico na elaboração de trilhas, o Lou é locutor – e ele deu três dicas que, ao longo dos anos, têm ajudado ele a gravar as locuções de grandes filmes publicitários.

 

1) Saiba qual a importância da locução para o filme

Lou Schmidt, da Antfood Music & Sound Design

“Não gosto de mixagem com a locução muito alta,” confessa o Lou. “Mas tudo depende do caso. Quando a locução conduz o filme, você tem que botar a voz mais alta que a música. Porque se a trilha estiver atrapalhando a mensagem, você perde todo o sentido da história do filme.” O Lou cita como exemplo o filme “Itaú Diferenças” da agência África. A locução deste filme, gravada pela Livia Prestes, conduz a história ilustrada pelas imagens – enquanto a trilha, mesmo com presença marcante, funciona para dar um clima, um mood por trás da locução. “Outros filmes são mais sensoriais,” o Lou explica, “e a locução não é tão importante para conduzir a história.” Este seria o caso do filme “Fiat Argo” da Leo Burnett. Aqui a trilha e o sound design têm um peso maior e a locução, gravada pelo próprio Lou, entra apenas como assinatura no final – quase como um elemento sonoro.

 

2) Lembre-se de que a boa e velha referência em inglês nem sempre funciona em português

Uma questão importante que o Lou levanta tem a ver com estruturas linguísticas. Em português as palavras mais numerosas são paroxítonas, seguidas pelas oxítonas. Já em inglês a tendência é outra e a sílaba tônica cai com mais frequência no começo das palavras. “Por isso a letra de músicas em inglês muitas vezes fica melhor e mais bonita em estilos como rock e pop. O português facilita outros ritmos que tem mais síncope, como samba e reggae,” diz o Lou. Uma locução em inglês nem sempre é uma boa referência para um filme em português. Pode ser que para uma determinada assinatura o produtor gringo tenha mixado a voz com uma nota musical para cada silaba tônica, fazendo com que a locução encaixe perfeitamente na trilha sonora. Mas o que acontece quando gravamos a assinatura em português com a mesma trilha? O produtor brasileiro às vezes precisa dar uma desdobra, fazendo com que a acentuação fique fora do tempo, antes do tempo ou até no meio do caminho do beat.

 

3) Peça para o redator do filme gravar uma locução guia

Palavras têm significados diferentes para as pessoas. Vamos supor que o briefing da agência pede uma locução “flat”. Para o redator, “flat” pode significar algo interpretado, mas pouco impostado – ou seja, uma pessoa falando normalmente, sem inflexões exageradas. Mas o produtor pode entender “flat” como algo totalmente linear e sem nenhuma inflexão. Como resolver? Peça para o redator do filme gravar uma locução guia. “Um negócio curioso que eu observei ao longo dos anos,” Lou comenta, “é que cada redator tem um jeito próprio de falar. E isso impacta a locução. O carioca tem um jeito de acentuar as palavras que só eles fazem. Então se você pegar um briefing de um redator carioca, a melhor coisa é gravar ele lendo o roteiro, porque com certeza ele vai pontuar e acentuar as frases de uma maneira diferente de um paulista, de um gaúcho. Cada um tem um jeitão de falar diferente que influencia no acting. A melhor coisa é o redator verbalizar o que está dentro da cabeça dele. Isso é mais objetivo e facilita o processo de gravar e aprovar a locução.”

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