Donald Trump eleito – A ressaca
A grande pergunta que o mundo se faz é: se o Obama foi tão genial, por que as eleições americanas foram desse jeito?
A grande pergunta que o mundo se faz é: se o Obama foi tão genial, por que as eleições americanas foram desse jeito?
Barack Obama é disparado o político mais contemporâneo do planeta. O maior fenômeno de marketing político da história.
Se comunicou através das redes sociais como muita marca não sabe fazer. Falou com a nova geração, ouviu os mais velhos, fez as minorias se sentirem tão importantes quanto a maioria.
Trouxe o humor e autocrítica para a política como ninguém nunca fez. Cantou rap no programa do Jimmy Fallon. Leu os tweets dos haters dele no programa do Kimmel. Comentou House of Cards e Game of Thrones no Twitter.
Aliviou a seriedade da função, diminuindo a distância entre o público e o governo.
Teve uma primeira dama que assumiu o protagonismo em uma série de assuntos fundamentais, como a saúde, o esporte, a alimentação. E que muitos acreditam, pode ser candidata em 2020.
Trump entendeu que poderia ser o anti-Obama em quase tudo, especialmente usar as redes sociais do jeito oposto: com controvérsias para eclipsar o espaço da sua concorrente
Obama trabalhou também. Chamou os caras do Comedy Central para criarem um “Tradutor da Raiva” do discurso dele em tempo real. Lançou seu programa de saúde popular no programa do Zach Galiafinakis, no site Funny or Die – e sua equipe ganhou Leão em Cannes e Grand Prix no One Show com essa ideia.
E inverteu a curva de desemprego, legalizou o casamento gay, pegou o Bin Laden.
Meu episódio favorito dele é talvez o mais banal e quase ninguém comentou.
Ele tirou férias e foi pro Alaska. E lá um grupo de pescadores fez uma reclamação pessoal. Ele pegou o celular, postou um vídeo na rede social chamando a atenção dele mesmo para o problema e se comprometeu publicamente a resolver. Eu acompanhei. E ele resolveu. Quem se importa com as reclamações dos pescadores do Alaska? O presidente da república.
Então, a grande pergunta que o mundo se faz é: se o Obama foi tão genial, por que as eleições americanas foram desse jeito? Primeiro, porque a Hillary não é o Obama e não fez, em momento algum, o benchmarketing do Obama na sua campanha.
E, principalmente, porque Trump entendeu que poderia ser o anti-Obama em quase tudo. Especialmente usar as redes sociais do jeito oposto: com controvérsias para eclipsar o espaço da sua concorrente. Falem mal, mas compartilhem, interajam, falem só de mim, nunca dela.
Obama surfou uma onda que nenhum outro político do mundo surfou. Em águas que poucos arriscariam a entrar. Agora, que venha a ressaca.
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