Um festival de criatividade, da humana à artificial

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Opinião

Um festival de criatividade, da humana à artificial

O SXSW é historicamente um festival de criatividade com uma pitada de tecnologia. Porém, depois de descobertas recentes de IA generativa e que impactam diretamente a comunidade criativa, é impossível dissociar uma coisa da outra


16 de fevereiro de 2023 - 17h00

A especulação de cenários futuros sempre fez parte do SXSW e da Inteligência Artificial promete ser um tema transversal dentro dentro e fora das salas do Austin Convention Center (Crédito: DrAfter123/ iStock)

Nos últimos meses, quem trabalha com publicidade ou indústria criativa viu o feed das redes sociais e LinkedIn ser inundado de dicas de como usar o ChatGPT, amigos com avatares artísticos gerados no app Lensa e discussões sobre se (e quando) a inteligência artificial vai impactar negócios de criatividade.

A programação do SXSW não passou imune a este tema. Ok, o assunto esteve presente nos últimos anos do festival, porém nunca esteve tão quente com o lançamento do Chat GPT, em novembro de 2022.

Nesta época, muito provavelmente a curadoria do SXSW já estava semifechada. Quem trabalha com eventos sabe bem que programações complexas são definidas com muita antecedência. No caso do SXSW, em particular, a maioria dos painés são fechador entre junho e julho do ano aterior no processo de curadoria e votação chamado panel picker.

Mas a tecnologia avança rápido e o festival, que é de criatividade em sua essência, este ano ganha uma carga tecnológica ainda maior. Se nas edições anteriores o foco estava em como a inteligência artificial pode automatizar funções pouco especializadas e manuais, em 2023, a criatividade e pensamento estratégico estão no centro das discussões sobre IA.

O resultado para o SXSW? Espere uma seleção muito maior de painéis e sessões sobre o impacto da IA em funções e indústrias criativas e profissões de “colarinho branco”.

Um dos destaques imperdíveis é a sessão com Greg Brockman, presidente da Open AI, desenvolvedora do ChatGPT e o modelo de linguagem GPT-3. Afinal, ninguém melhor que o criador dessa inteligência para falar sobre a criatura.

Outro tema super interessante para ficar de olho é o impacto da inteligência artificial no comportamento e psique humana. Como os algoritmos preditivos e recomendações personalizadas por IA influenciam no nosso libre arbítrio? Muitos painéis focam no aspecto relacional da IA e como ela influi em decisões sobre o que compramos, quem namoramos, o que ouvimos e o que esperamos de amigos, relações românticas e comunidades às quais pertencemos.

Uma sessão imperdível nessa linha é a da psicoterapeuta belga Esther Perel, best-seller do New York Times e sempre aclamada no SouthBy.

Além disso, em um cenário de layoffs, motivados – por enquanto – por fatores econômicos, o SXSW também quer discutir o futuro da força de trabalho e a coexistência de funcionários humanos e robôs.

O CEO da plataforma de RH Indeed, Chris Hyams, e líderes de empresas como BBC, Twitter e Associated Press são alguns dos speakers que abordarão este tema.

O festival também discutirá a aplicação de IA generativa em setores como jornalismo e indústria do entretenimento. Até que ponto é possível delegar a algoritmos a escrita de roteiros, apuração de matérias e criação de campanhas e criativos? Quais os riscos de desinformação, erros e vieses envolvidos na terceirização mesmo que parcial de processos criativos?

Quem também bate ponto no SXSW falando sobre o tema é a futuróloga Amy Webb, que dispensa apresentações e sempre traz uma visão crítica sobre o tema. Espere dela uma perspectiva técnica e não romantizada.

Por outro lado, prepare- se prepare também para conhecer soluções de IA aplicadas aos temas mais urgentes do nosso tempo, como o aquecimento global, soluções de manipulação genética e cadeia de suprimento de alimentos.

A especulação de cenários futuros sempre fez parte do SXSW e da Inteligência Artificial promete ser um tema transversal dentro e fora das salas do Austin Convention Center e hoteis do evento. Não tenho como prever o futuro, mas como humano, acredito que mergulhar nesta discussão agora e aproveitar o acesso a tantas visões é a melhor forma de responder à altura a novas inteligências que vão continuar a surgir.

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