Um futuro que dá orgulho de ver
Um ano após uma das maiores catástrofes climáticas do Rio Grande do Sul, estamos otimistas, mas o problema é que precisamos encontrar mais convergências
Um ano após uma das maiores catástrofes climáticas do Rio Grande do Sul, estamos otimistas, mas o problema é que precisamos encontrar mais convergências
Qual o papel das marcas diante de uma grande tragédia?
Me fiz e refiz essa pergunta inúmeras vezes, nos últimos 12 meses, desde que o Rio Grande do Sul, onde nasci, vivo com minha família, crio minha filha e trabalho à frente de uma das marcas mais reconhecidas do estado passou por uma das maiores catástrofes climáticas de sua história: a enchente de maio de 2024.
Vi muitos movimentos surgirem de lá para cá. Campanhas publicitárias enaltecendo os símbolos do Rio Grande do Sul, textos-manifesto falando da coragem do nosso povo. Uma sucessão de cavalos caramelos, bandeiras verde, vermelha e amarela, música gauchesca e paisagens locais. A maioria deles puxada por marcas locais.
Presenciei também o afastamento de muitas marcas nacionais, especialmente ao longo de 2024, com medo de não saberem o tom certo para se comunicar com o público, recuando em investimentos, campanhas de lançamento de produto, deixando de estar presentes. Usando uma expressão que gosto de repetir para o meu time: respeito, mas discordo.
Uma recente pesquisa à qual tive acesso, realizada pela Quaest Pesquisa e Consultoria, reforçou o que já havíamos aprendido com o Persona, um estudo que fizemos para aprofundar nosso conhecimento sobre quem vive no Rio Grande do Sul: nós, os gaúchos, passamos pelas adversidades com garra e nos unimos nos momentos difíceis.
O País inteiro viu isso acontecer na Globo ou no YouTube. E os brasileiros se juntaram a nós naquela rede de solidariedade. Apesar da fama que temos de “grenalizarmos” tudo na vida – do futebol à política, se você é gaúcho, precisa ter lado -, nos barcos que traziam pessoas das áreas atingidas pela enchente, não havia lado, nem partido. Éramos todos nós pelo Rio Grande.
A boa notícia é que nós, aqui na ponta do mapa do Brasil, estamos otimistas em relação ao futuro. O problema é que precisamos encontrar mais convergências. Precisamos colocar mais pessoas na mesma mesa quando o assunto é o desenvolvimento do nosso estado. Precisamos fazer uma reconstrução que vai além de novas moradias, pontes e estradas. Trata-se de redesenhar o futuro de um Rio Grande que quer e merece ser cada vez “mais grande”.
E aí que entra o papel das marcas. Marcas precisam se conectar genuinamente com seu público. Precisam compreender o que ele quer. Precisam estar presentes. E o gaúcho quer confiar mais, quer se sentir mais seguro, quer ter orgulho, quer um lugar bom para sua família, oportunidades de trabalho para seus filhos, quer poder enxergar que somos o estado do amanhã e não mais do ontem, quando éramos os mais ricos, exemplo em educação e qualidade de vida.
Precisamos de governos, entidades, empresas, movimentos trabalhando juntos a partir das nossas concordâncias. O debate plural de ideias é saudável, mas encontrar os pontos de conexão agora é vital para voltarmos a ser modelo a toda terra, como exalta o hino riograndense.
A comunicação é um importante instrumento de mobilização e tem um papel fundamental nesse movimento. Mas precisa vir precedida de ações concretas. Tenho participado de inúmeros fóruns de discussão sobre o futuro do nosso Estado, com diferentes setores da sociedade, e sinto que há um desejo genuíno de colocar o Rio Grande em primeiro lugar. Parece que estamos muito próximos disso e espero que essa percepção se confirme. Como uma incurável “Pollyanna”, eu também estou otimista de que vamos conseguir chegar lá. Já posso enxergar daqui um futuro que dá orgulho de ver.
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