Web Summit 2024 e o ROI dos eventos de inovação
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25 de novembro de 2024 - 13h39
Fim de ano chegando e, junto a ele, a dúvida de orçamento que paira sobre todo decisor da área de marketing. Afinal, em quais eventos apostar em 2025? Há retorno sobre o investimento nos grandes eventos mundiais como Web Summit e South by Southwest (SXSW)? Pelo menos foi essa a reflexão que me veio à cabeça após estar presente em mais uma edição do Web Summit em Lisboa.
E já de antemão, acredito que a melhor resposta é: depende. Depende do objetivo e do que se espera desses eventos. De qualquer forma, para que a decisão seja a mais acertada dentro de cada expectativa, é importante ter alguns critérios em mente.
Se a busca é por conteúdo, é preciso planejar previamente a agenda a fim de buscar palestras que se conectem com as pautas de interesse da área. Eu sei que é mais fácil deixar para a última e ir com o fluxo, mas corre-se o risco de perder boas oportunidades de conexão e referência, afinal o que é interessante para todo mundo acaba não tendo diferencial algum.
Cuidado também com as armadilhas do mainstream. É claro que vão falar de Inteligência Artificial, crise climática, geopolítica, o cenário de inovação e o uso regulado de mídias digitais. Procurar cases e narrativas mais específicas dentro dos grandes temas pode ser a chave para sair da superficialidade e do que todo mundo já sabe ou já viu.
Entender a dinâmica das convenções também é importante para alinhar a expectativa sobre o quanto você vai conseguir absorver das discussões. Particularmente, gosto como o Web Summit organiza as agendas de conteúdo em talks de 15 a 20 minutos, embora sejam estreitos. Isso ajuda a responder à fragmentação de atenção que vivemos, ao mesmo tempo em que oferece referências para buscas mais profundas posteriormente. Mas aí você pode se perguntar: o que é possível aprender em uma palestra de 15 minutos?
Alex Bornyakov, Vice-Ministro da Transformação Digital da Ucrânia, apresentou no Web Summit Lisboa 2024 uma das palestras mais inspiradoras do evento, mostrando a resiliência das empresas tecnológicas ucranianas. Ele destacou como, mesmo em meio a bombardeios e apagões, as empresas transformaram abrigos em espaços de trabalho, exemplificando a adaptabilidade como um traço essencial do país. Iniciativas como a da Esther Bionics, que utiliza IA para controle de próteses, e o marketplace Code IA, que conecta empresas ucranianas a parceiros globais, ilustram como a inovação floresce mesmo em condições de adversidade. Tudo isso contado em 15 minutos, afinal é sobre storytelling, não sobre o tempo que se tem para apresentar.
Mas, para um olhar mais especialista, há ainda o formato de master classes, que dedicam mais tempo à decupagem de boas práticas de implantação e de projetos inovadores executados por grandes empresas, apresentados de uma forma mais intimista. Esse também é o formato mais explorado pelo SXSW.
Agora, se o objetivo é gerar conexões e networking, aí eventos como o Web Summit e o South by Southwest são plataformas valiosas, oferecendo oportunidades únicas de interação com líderes, startups e investidores de diferentes setores, já que todos deixam seus escritórios para ocupar os mesmos espaços. Mas cabe aqui uma ressalva: se o objetivo for fechar negócios de imediato, é necessário alinhar expectativas, já que a alta concorrência de outras empresas e parceiros também presentes torna o ciclo de negociação mais longo.
Para maximizar o impacto, é importante focar na construção de relações autênticas, participando ativamente de palestras, mesas redondas e momentos sociais. Nesse sentido, a organização dos próprios eventos tem ajudado bastante, por meio de grupos de WhatsApp e oferecendo espaços dedicados a meetups exclusivos, facilitando ainda mais a troca entre participantes do mesmo país ou do mesmo segmento de mercado e interesse.
Em síntese, mais do que estar presente, é essencial planejar a participação de forma ativa e estratégica, mergulhando em conteúdos que extrapolam o óbvio e investindo no fortalecimento de relações a longo prazo. No final, o verdadeiro retorno vem não apenas dos contatos ou aprendizados imediatos, mas do que se faz com essas experiências depois que as luzes dos palcos se apagam e o trabalho recomeça. Afinal, em um contexto tão efêmero e competitivo, é a capacidade de transformar ideias e conexões em ação que realmente faz a diferença, e a inspiração para isso pode estar em qualquer lugar.
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