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Opinião

Web Summit Lisboa 2023: Quem confia nas Big Techs?

A privacidade é uma entrega de valor da plataforma, sem retenção centralizada da nossa navegação na rede


24 de novembro de 2023 - 6h00

Esse é o terceiro ano consecutivo que vou no Web Summit Lisboa. Como nos anos anteriores, os assuntos super pautados foram Inteligência Artificial e creator economy. Mas o meu suprassumo nessa edição foi a participação de Meredith Whittaker, uma pesquisadora em ética de inteligência artificial e co-fundadora do AI Now Institute na Universidade de Nova York.

Provocadora e extremamente inteligente, trouxe para a discussão a concentração e a falta de transparência das 5 principais big techs mundiais. No painel “Is big tech killing trust?”, Whittaker questionou a invisibilidade e as condições de trabalho dos empregados dessas empresas para além das fronteiras dos Estados Unidos e Europa, onde afirmou ser mais fácil fiscalizar.

Para além disso, colocou em xeque se realmente o hype da Inteligência Artificial é real ou somente uma estratégia da indústria da tecnologia para poder navegar na captura e venda de dados sem obedecer a nenhuma legislação. “A quem interessa que isso seja uma novidade?” questionou. Ainda segundo a pesquisadora, desde os anos 70/80 estamos desenvolvendo esse conhecimento e nada de novo existe, a não ser a evolução da aplicabilidade da tecnologia.

Como uma liderança não se faz somente com palavras, mas com exemplos, Whittaker é presidente da Signal, empresa de mensageria com 40 milhões de usuários e que ficou bastante popular no Brasil após o WhatsApp mudar seus termos de serviço para compartilhar dados com o Facebook. A grande diferença da Signal é que como eles não tem fins lucrativos, em vez de anúncios, eles são mantidos por doação.

Assim, se posicionam como um modelo alternativo, onde o usuário é o cliente e não uma moeda para a manutenção e lucratividade da companhia. A privacidade é uma entrega de valor da plataforma, sem retenção centralizada da nossa navegação na rede. Outra característica que me chamou muita atenção, é o software ter código aberto, o que permite que qualquer pessoa revise e contribua para o código-fonte, aumentando a transparência e a confiança na segurança do aplicativo.

E aí que reside o futuro da internet que acredito: quando você tem algo feito por doação, o Lobby Tech enfraquece, e o espaço democrático da rede volta protagonizar. Portanto, termos organizações sem fins lucrativos como a Signal descentralizando e regulamentando os dados com transparência, iremos começar a trilhar uma rede focada em contribuição e livre trânsito entre pessoas e ideias, baseada em princípios éticos e legais para usuários e empresas

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