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Como criar memórias afetivas
Personagens que engajam, marcas fortes e a construção de relações de longo prazo são alguns dos fatores que ilustram a trajetória do Gloob em sete anos
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Personagens que engajam, marcas fortes e a construção de relações de longo prazo são alguns dos fatores que ilustram a trajetória do Gloob em sete anos
Existe, entre os brasileiros, uma frase clássica entoada toda vez que surgem conversas sobre a infância: “Eu aprendi a ler com os gibis da Turma da Mônica”. Apesar de ser dita através de uma perspectiva do passado, ela é presente. Os personagens criados por Mauricio de Sousa ilustram bem o conceito de memória afetiva entre crianças e adolescentes que nasceram a partir do final dos anos 1950, até os jovens conhecidos pelo mercado como geração Z, expandindo sua presença em diversos canais, inclusive TV, cinema e internet.
“Eu estava pensando quais foram as minhas memórias afetivas e elas estão muito ligadas ao próprio Maurício. Não tínhamos tanto acesso à informação e o gibi era tudo: líamos na hora de ir para cama, viajando e tudo mais”, diz Tatiana Costa, diretora dos canais Gloob e Gloobinho que, inclusive, fez a festa de primeiro ano de seu filho inspirada no Chico Bento, já que ele nasceu no Dia de São João. Mauricio foi um dos convidados especiais para comemorar os sete anos do canal Gloob, no Com Café, evento que reuniu o mercado audiovisual e publicitário para discutir a produção de conteúdo infantil no último dia 26, em São Paulo.
Para o Gloob, criar memória afetiva é uma questão que permeia toda a estratégia do canal e isso fica claro em produções como o Detetives do Prédio Azul (D.P.A.) que já está na 12ª temporada, com outras três já garantidas, da personagem da animação francesa Miraculous Ladybug que se tornou popular no Brasil por meio do Gloob, além das produções em parceria com o próprio Mauricio de Sousa. “Percebemos que os pais têm essa vontade de mostrar para os seus filhos os programas e personagens que fizeram parte de sua infância, como Senninha e Turma da Mônica. Além disso, queremos construir histórias potentes que vão, daqui 20 ou 30 anos, virar memória afetiva para essa geração que assiste ao Gloob”, explica Luciane Neno, gerente de marketing e plataformas digitais dos canais Gloob e Gloobinho.
Com a conquista dos pais em mente, os canais também contam com animações e personagens que marcaram época, mas que podem fazer muito sentido atualmente, como é o caso de Senninha na Pista Maluca. “Quando produzimos um conteúdo, sempre pensamos: como construímos emoção? Como geramos experiências que vão marcar as nossas crianças? Porque isso carregamos para o resto da vida”, complementa Tatiana. O caminho para os sete anos de canal e para o estabelecimento de uma memória afetiva como norte foi trilhado pensando na construção de personagens fortes e valores de marca que se refletissem nos desenhos animados, seriados e longas-metragens da casa e parceiros independentes.
Conceitos e valores
Entre os conceitos do Gloob está também o #Juntaê – movimento social lançado pela unidade infantil com o objetivo de incentivar desde cedo a consciência coletiva e o desenvolvimento de sentimentos como empatia e cooperação, seja em pequenas atitudes, nas brincadeiras, em simplesmente estar junto ou em gestos de respeito ao outro. Representatividade, sustentabilidade, afeto, respeito às diferenças e responsabilidade social são premissas que também estão inseridas no trabalho de construção das atrações. Para Tatiana, ao criar um personagem, o Gloob busca que a criança se identifique e, a partir daí, entenda que aquele conteúdo leva importantes exemplos para a sua vida. “Seja trabalho em equipe ou responsabilidade social, os nossos detetives são superamigos e trabalham em equipe para desvendar mistérios. São personagens fortes e que conseguem dialogar com a criança por meio de valores”, afirma.
A brasilidade é outro conceito importante que permeia a construção de identidade e identificação dos personagens. Para Roberto Martha, produtor executivo da Scriptonita Films, que concebeu a ideia original de Bugados, nova sitcom original do Gloob produzido pela Floresta Produções que estreia em outubro deste ano, o canal ocupou a posição de casa do conteúdo infantil nacional e esse fator reflete na identificação. “As crianças se veem na tela e isso é importante para elas”, diz. De acordo com Tatiana, este é o grande diferencial do Gloob: ser um canal brasileiro, feito para crianças brasileiras e com parceiros que entendem o nosso universo. A criação de uma heroína brasileira na série de Ladybug, e um episódio ambientado no Rio, por exemplo, ilustram esses aspectos de identificação para o Brasil, que é um grande consumidor da animação.
Isso não significa, porém, que o plano de Gloob não é alçar, cada vez mais, rotas internacionais e abraçar conteúdo de fora, como o próprio Miraculous Ladybug. E no caminho inverso, existe a preocupação em construir produções locais com um olhar global. O D.P.A., por exemplo, já é exibido em Angola e Moçambique. Com segunda temporada no ar e a terceira no Globoplay, Escola de Gênios é uma produção que exemplifica esse sucesso internacional – já foi vendida para 37 países. Atualmente, a produtora Mixer está desenvolvendo um longa-metragem com Gloob e Globo Filmes. João Daniel Tikhomiroff, CEO Mixer Films e diretor artístico de Escola de Gênios, atribui o sucesso da produção às aventuras que acontecem em cada episódios. Lidando com o universo infantil há 15 anos em sua produtora, o executivo observa que as crianças estão cada vez mais espertas, rápidas e exigentes.
“Você lida hoje com crianças que com um ano já interagem com telas achando que é celular. Elas são preparadas de maneiras muito mais rápida. Hoje, uma criança de dez anos corresponde, ao que anos atrás, era uma criança de 14 anos. Então você sempre tem que ter o cuidado de trazer o aspiracional, porque a criança gosta de se ver um pouco mais a frente do que está hoje”, afirma. O plano futuro, diz Tatiana, é continuar inovando, reciclando e trazendo novas referências. Para este ano, o Gloob tem, além da estreia de Bugados, a segunda temporada de Clube da Anittinha e, para os próximos anos, lançamentos como “Vamos Brincar?” uma animação da Turma da Mônica bebê para o Gloobinho.
Calabouço da realidade
Uma das séries infantis mais longevas da TV nacional, líder entre crianças, e com o terceiro longa já confirmado para as férias de 2020, Detetives do Prédio Azul (D.P.A.) recentemente comemorou 300 episódios exibidos e mantém, a cada temporada, o desafio de se renovar. Nas duas últimas temporadas, por exemplo, o canal investiu em ações transmídia que incluíam lives no Youtube e finais duplos para os episódios, que eram escolhidos pela audiência nas redes sociais do canal.Para Renata Brandão, CEO da Conspiração, produtora responsável pela série, um dos elementos que ajudam é trazer para a trama fatos históricos brasileiros, como a Semana de 22 e personalidades importantes como Frida Khalo e Albert Einsten. Segundo ela, o que permite essa vida longeva é uma base de história sólida, o aumento constante no investimento na qualidade e em efeitos especiais e sua aproximação com a realidade do público. “Nós trouxemos para essas crianças um mundo muito local, construído numa realidade muito brasileira, em um prédio com personagens muito bem escritos, que são o porteiro, os moradores, a síndica, as crianças nos corredores. Fazemos muita questão que os personagens dialoguem com a realidade”, explica. As últimas duas temporadas da séries ficaram em primeiro lugar entre crianças.
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