A Publicidade com o Sistema Multiagente apresentado por Amy Webb

18 de março de 2025 - 10h12

A Inteligência Artificial (IA) está atravessando um ponto de inflexão: de sistemas meramente assistivos, caminhamos para estruturas autônomas capazes de tomar decisões estratégicas, coordenar processos e aprender de forma independente.

Essa evolução é representada pelos Sistemas Multi Agentes, um dos conceitos centrais da palestra de Amy Webb no SXSW 2025 e aprofundado no relatório do Future Today Strategy Group (FTSG). Embora seu impacto seja transversal a diversos setores, a publicidade é uma das áreas onde essa transformação se manifestará de forma mais significativa.

Diferente dos modelos convencionais de IA, que atuam como ferramentas reativas dependentes de comandos humanos, os sistemas multi agentes operam em rede, colaborando entre si para tomar decisões em tempo real e com alto grau de autonomia. O relatório do FTSG destaca que esses agentes identificam padrões, executam tarefas, formulam objetivos, estruturam estratégias e alocam recursos de maneira dinâmica para otimizar resultados.

A indústria da publicidade enfrenta um contexto de crescente complexidade: públicos altamente segmentados, multiplicação de canais de comunicação e um ritmo acelerado de consumo de conteúdo. Esse ambiente desafia a capacidade dos departamentos tradicionais, que precisam lidar com volumes massivos de dados, produção de conteúdos e tomada de decisões rápidas. Os sistemas multiagentes são uma solução viável, permitindo uma automação inteligente e distribuída, em que diferentes agentes atuam de forma coordenada para personalizar campanhas, otimizar investimentos e ajustar estratégias sem necessidade de intervenção humana constante.

Para que a publicidade possa explorar todo o potencial dessa tecnologia, três eixos são fundamentais:

1. Revisão de Processos: A estruturação dos fluxos de trabalho precisa ser repensada, uma vez que grande parte das operações passará a ser realizada por sistemas autônomos.
2. Capacitação Profissional: A introdução de agentes autônomos desloca o papel dos profissionais da publicidade para funções mais estratégicas. Em vez de executar tarefas operacionais, eles devem focar na concepção de diretrizes, estabelecimento de regras, interpretação de cenários e supervisão dos sistemas de IA.
3. Nova Estrutura Organizacional: A fragmentação dos processos em departamentos altamente especializados pode se tornar um entrave para a adoção eficiente dos sistemas multiagentes. A tendência aponta para um modelo organizacional mais horizontal e interdisciplinar, onde profissionais generalistas assumam funções de supervisão e estratégia, enquanto a execução é delegada a agentes de IA altamente especializados.

A autonomia dos sistemas multi agentes traz benefícios inegáveis, mas também impõe desafios significativos. Como Amy Webb alertou, a ausência de diretrizes claras pode levar a decisões automatizadas desalinhadas dos valores organizacionais e sociais. No contexto da publicidade, isso significa que a governança deve ser uma prioridade desde o início, garantindo que a IA opere dentro de parâmetros éticos e estratégicos bem definidos.

Além disso, a forma como esses sistemas processam dados e tomam decisões exige um compromisso rigoroso com privacidade, equidade e transparência. Os riscos de viés algorítmico e uso indevido de informações sensíveis precisam ser mitigados por meio de auditoria contínua e regulamentações robustas.

Segundo o relatório do FTSG, a expectativa é que os sistemas multi agentes sejam amplamente adotados no mercado publicitário nos próximos três anos. Durante esse período, além do avanço tecnológico e da melhoria das interfaces, será fundamental ampliar o conhecimento sobre essas ferramentas e suas aplicações práticas.

Estamos diante de uma mudança estrutural na publicidade, que deverá dar um novo salto de produtividade e eficiência com a adoção dos Sistemas de Multi Agentes.