A tomada de consciência leva tempo, mas é profunda
Como a Disney e a minha filha me ensinaram a ter paciência com o tempo das pessoas
A tomada de consciência leva tempo, mas é profunda
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16 de julho de 2024 - 6h00
Tem coisas que não adianta tentar acelerar. A tomada de consciência é uma delas. Ela não acontece com base em força ou determinação. Cada um tem seu tempo e seu momento para chegar a uma conclusão sobre algo. Saber, dentro do possível, respeitar esse movimento interno faz muita diferença e ajuda essa consciência a acontecer de maneira profunda e firme.
E sabe como eu aprendi isso? Levando minha filha de 6 anos para a Disney.
Poucos meses depois de ter vivenciado o encantamento do mundo mágico de Walt Disney, ela veio me contar que tinha descoberto que os personagens não eram de verdade. “São apenas pessoas fantasiadas, mamãe”, ela me informou.
Primeiro, fiquei surpresa. Quer dizer que a mágica dos contos de fada já ia acabar? Tentei convencê-la de que não era possível, tínhamos visto o Mickey e a Minnie ao vivo (e em dólares!). Juro que me esforcei para salvar a magia da Disneylândia, mas não deu certo. Dentro da investigação possível na sua idade e com os seus contextos, minha filha não estava aberta a ser convencida do contrário. Ela agora sabia que eles não eram reais.
Mas sabe o que me surpreendeu ainda mais? Ela não parecia frustrada, mas sim muito convicta do seu novo conhecimento. “Os engenheiros construíram o parque para ser divertido. Os personagens são os funcionários do parque. E eles fazem parte da diversão!”, ela me explicou, com paciência, depois dos seus meses de reflexão.
Vê-la despertar para esta consciência me deu uma tristeza pelo fim da fantasia, mas também me deixou orgulhosa. Tanta gente vive por aí achando que pode falar ou fazer o que quiser, que pode sugerir qualquer baboseira sem fundamento prático ou científico. E ali estava a minha filha, elegantemente tomando consciência da realidade, entendendo que o que viu na Disney era uma fantasia, mas deslumbrada com essa descoberta, ao invés de frustrada por ter acreditado numa historinha.
Penso que talvez alguns colegas de mercado precisem de uma paciência semelhante à que temos com o despertar da consciência nas crianças. Tanto os hypes sem fundamento quanto o ceticismo exagerado têm esse componente do “fantástico”, do que não é real. Nem sempre conseguiremos trazer pessoas para a nossa realidade.
Uma fantasia pode nos deslumbrar a ponto de nos ludibriar. Ao mesmo tempo, um ceticismo exagerado pode nos impedir de nos encantar com as possibilidades. No fundo, estão inconscientes tanto aqueles que acreditam demais no Mickey quanto aqueles que, de tão descrentes, não conseguem se divertir na Disney.
Nos cabe esperar que a experiência com o mundo real os traga para um ponto de equilíbrio.
Talvez a principal lição que minha filha tenha me dado é a de saber calibrar as expectativas. Como mãe, como gestora, como liderança. Troque a descoberta de que o Mickey não existe pelo contato com a Inteligência Artificial no trabalho ou a adoção de tecnologias na publicidade digital e você pode perceber pessoas que vão demandar um intervalo mais extenso para reconhecer que o mundo mudou e que será necessário se adaptar.
Cada qual terá seu tempo de aprender a lidar com as novidades que surgirem no seu caminho e de tomar consciência sobre o que será preciso fazer dali por diante.
O meio do caminho entre a fantasia e o ceticismo, que é onde acontece o mundo real, muitas vezes só o tempo ajuda a encontrar. Aprender mais rápido pode ser decisivo para a vida e longevidade de um negócio. Mas negócios são liderados por pessoas e estas, cada uma em seu tempo, descobrirão a realidade.
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