Agtechs: como o agronegócio tem abraçado a tecnologia?
Em razão das responsabilidades e resultados, o agronegócio busca startups em tecnologia para otimizar colheitas e reduzir os desperdícios
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Renan Honorato
29 de agosto de 2024 - 6h00
O Brasil é um dos principais produtores de alimentos do mundo. Em 2024, o agronegócio foi responsável pelo PIB de R$ 2,45 trilhões no ano, dentre os quais R$ 1,65 trilhões são oriundos da agricultura. Em razão das responsabilidades e resultados, o setor busca alternativas tecnológicas para otimizar colheitas, reduzir os desperdícios e ampliar a produção em porções menores de terra.
Nesse contexto, a Raízen criou há sete anos uma vertical que seria responsável por conectar o setor às startups: o Pulse Hub. Com foco no desenvolvimento de soluções para os negócios da Raízen, como cultivo de cana-de-açúcar, o Pulse tem mais de 1200 startups na base de dados. Ao longo desses anos, a vertical trabalhou com 60 delas para desenvolver soluções para o segmento, como foi a Iotag, Aimirim e Arpac.
Apesar do Pulse Hub não adquirir parte dessas startups, a empresa funciona como um centro de inovação aberta. Nesse sentido, todo o setor, inclusive concorrentes diretas, podem contribuir para criação do setor. “Estamos falando com startups que querem entrar no mercado. No fundo, acaba sendo bom para gente, porque damos essa porta de entrada para a empresa se desenvolver aqui e criar uma relação”, explica José Massad, diretor de TI & digital da Raízen.
Em janeiro, a Liga Ventures divulgou o estudo Startup Landscape: Evolução e tendências para o agronegócio. De fato, o levantamento registrou mais de 970 startups ativas na América Latina, sendo 83% apenas no Brasil. Dentre as 22 categorias de trabalho das startups, as cinco primeiras atuam no backoffice, geoprocessamento e gestão e análise de plantio. Segundo Massad, o principal desafio do segmento é conectividade entre aparelhos que possam gerar dados de forma dinâmica e em tempo real.
A partir de sistemas de deep learning, a IoTag otimiza o desempenho dos maquinário agrícolas para monitorar a produtividade da frota que opera no campo. Para o CEO da IoTag, Jorge Leal, o setor tem sido bem receptivo a adotar soluções de tecnologia. De fato, a empresa criou um sistema, que incluí aplicativos e tags de transmissão, que compartilham as informações da lavoura. Nesse sentido, um trator que encontra outro no meio da plantação consegue transmitir as informações de ambas as máquinas para o controlador. A startups tem parceria com as concessionárias da John Deere, marca de máquinas agrícolas, e com a Vivo para oferecer os serviços aos agricultores.
Com foco na indústria 4.0, a Aimirim trabalha o conceito de software defined facilities. Na prática, esse sistema consiste na integração de aparelhos que podem automatizar as fábricas com sensores e softwares de automatização. “Na lógica do negócio do agro, a estratégia sempre foi o campo. Praticamente todo o recurso financeiro do mercado que está disponível para o agro, fica disponível para a produção no campo. Mas tudo aquilo que é produzido vai para uma indústria para ser processado”, diz Renato Pacheco Silva, CEO da Aimirim. Porém, apesar dessa cadeia de elos, há indústrias menos preparadas para a integração digital.
Outra restrição do setor acaba sendo o uso de inteligência artificial generativa, mesmo que outros modelos de IA sejam aplicados, como aprendizado de máquina e deep learning.”A IA que é utilizada nas máquinas industriais não rodam em nuvem, rodam localmente e precisam de uma capacidade técnica específica para poder garantir a eficiência e a segurança dos processos industriais”, explica Silva. No que diz respeito ao marketing, a Aimirim estruturou o segmento dentro da empresa e começou a intensificar o brand awarness em eventos, como aqueles realizados pelo Pulse.
Diferentemente da agricultura praticada no hemisfério norte, o Brasil é um dos poucos países que conseguem ter até três safras de grãos por ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento Agrícola (Conab). Para o especialista Marcos Amazonas, os argumentos do uso excessivo de defensivos agrícolas muitas vezes não consideram a quantidade total de safras. “Nos países temperados, o inverno mata tudo, nós não temos isso”, menciona. Com esses desafios de cultivo, a Arpac otimiza o controle geográfico e a quantidade de agentes que são aplicados na lavoura por meio de drones.
De fato, em razão da geolocalização melhorada por IA, a Arpac consegue minizar em até 80% os custo de aplicação de herbicida. “O processo começa com um drone de imagem para tirar fotos de toda a lavoura. Estas imagens são geoprocessadas e a inteligência artificial identifica o que corresponde a Cana-de-açúcar e o que são plantas daninhas. Este processo gera um mapa de aplicação, que permite aplicar os herbicidas apenas nos locais identificados”, comenta. Com operação em regiões de São Paulo, Goiás e Minas Gerais, a Arpac trabalha, principalmente com produtores de cana-de-açúcar, como a Raízen.
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