Assinar

Dar ordem ao caos. Começa o SXSW. Igual, só que meio diferente.

Buscar
Meio e Mensagem – Marketing, Mídia e Comunicação

Dar ordem ao caos. Começa o SXSW. Igual, só que meio diferente.

Buscar
SXSW
Publicidade

Blog do Pyr

Dar ordem ao caos. Começa o SXSW. Igual, só que meio diferente.

O evento deste ano tem como conceito Order from Chaos. Se expande, mistura tendências que aparentemente não se misturam, ousa trazer para o palco temas incômodos. Ou seja, é o mesmo SXSW de sempre, só que ainda mais doido.


10 de março de 2017 - 9h25

Estamos aqui em Austin, nós a equipe de Meio & Mensagem e ProXXIma, para uma vez mais cobrir o evento de tecnologia e disrupção mais interessante do Planeta. E o evento começa como sempre, trazendo tudo que um dia vai virar mainstream e que veremos como tendências de negócios nos outros festivais e eventos mundo afora. Janelinha para o futuro é como costumo chamar o SXSW, exatamente porque nos deixa ver o quer pode impactar nossas vidas e negócios ali na frente. Near future.

Este ano está igual aos outros mas tem sutis diferenças.

Sob o conceito de ORDER FROM CHAOS, o SXSW se propõem a organizar o inorganizável.

Primeiro, a diversidade dos temas é ainda mais aberta e abrangente do que nos anos anteriores. A impressão é que em vez dos organizadores terem curado a realidade que querem que faça parte do Festival foi a realidade que invadiu o evento, meio que sem controle dos organizadores.

Obviamente não é assim, porque cada tema e palestra e ativação que ocorre aqui passou pelas mãos de alguém que autorizou rolar. Mas assim como aconteceu, por exemplo, com Cannes, que a cada ano cria uma ou várias novas categorias novas de prêmio para abranger um mundo que fica cada vez mais complexo, aqui também.

É, em verdade, de certa forma, o que se espera do SXSW. Que ele seja a fotografia multifacetada mais legal deste mundo fragmentado e acelerado em que resolvemos viver.

Bom, tá aqui. Quer exemplos? Vamos lá.

Tem um painel que mistura neurociência com afro-feminismo. No mesmo painel. Outro de meditação e transformação científica. Outro ainda sobre robôs, micróbios e a conquista de Marte. Deu pra entender?

Explodiu o espectro, misturando o que meus avós ibéricos chamavam de alhos com bugalhos.

O que nem de longe é ruim. É só de fato um snapshot da real.

Ativismo ativo

Outra coisa, o ativismo tomou de vez os palcos do festival. Causas e temas ligados ao espectro de interesses do feminismo e da diversidade de gêneros em geral no âmbito LGBT, das segregações raciais, das transnacionalidades (leia-se refugiados), da maconha, da liberação sexual absoluta, entre outros, ampliaram definitivamente sua presença. De novo, reflexo do mundo.

Vamos pegar dois desses temas que podem parecer meio doidos e tentar entender porque eles estão aqui: Marte e maconha.

Marte parece mais óbvio, embora esteja longe de ser óbvio você chegar num evento de interatividade e se deparar com alguns painéis que falam sobre Marte. Só que se você, leitor (a) vem acompanhando minimamente o noticiário de ciência e tecnologia (faça isso, será cada vez mais necessário na sua vida), deve ter percebido que a história de viajar de fato para Marte está perto, bem perto. Tipo uns dois anos, pouco mais.

Pois o avanço científico que isso representa para a Humanidade é gigantesco. O maluco de Elon Musk, que você conhece como um dos investidores-fundadores do PayPal, criador da Tesla (maior empresa de carros elétricos do mundo) e da SpaceX, maior fornecedora de foguetes da NASA, já disse, aqui mesmo no SXSW há 3 anos, eu vi ao vivo, que vai viver sua aposentadoria em Marte. Para quem quis ouvir.

Pois é por isso que o tema está aqui: ele traz dimensões de futuro que não imaginamos como serão. Prato cheio para os organizadores.

E a maconha? Se eu contei certo, são 8 painéis falando do assunto. Quer um: como a cannabis pode quebrar paradigmas de performance no esporte. Como assim? É que a cannabis tem propriedades que auxiliam na recuperação dos músculos e de lesões, pode ser usada para atenuar stress nos treinos e, portanto, no conjunto da obra, melhorar o rendimento e aproveitamento técnicos dos atletas. Sabia disso? Poizé, tá rolando.

Em São Francisco foi aberto ano passado o primeiro ginásio esportivo que tem como um de seus diferenciais usar a maconha para incremento de performance dos atletas. É ciência, e se é ciência, está aqui.

Quer outro? A maconha está se transformando rapidamente numa indústria bilionária com a liberação de seu consumo por adultos em alguns países do mundo, notadamente aqui nos EUA, onde 8 estados já liberaram não só seu uso, como sua comercialização. Isso deu ensejo a algo que existia já em estado latente, que eram empresas, empresários, investidores e fabricantes de todo tipo de equipamentos e suprimentos prontos para que toda essa máquina funcione.

Assim, como exemplo, o tema de um dos painéis é como essa transformação vai impactar eventos ao vivo. Isso mesmo. O debate vai envolver as marcas que estão surgindo no setor, como será a ativação que se vai fazer nos eventos ao vivo, além de como serão os aspectos legais de tudo isso. Aí tem avanço disruptivo de mercado e avanço tecnológico. E se tem essas coisas, tem que estar no SXSW.

Tudo junto e misturado

Outra tendência mais forte no festival deste ano: a mistura dos três festivais.

É o seguinte, para o desavisado de plantão … o SXSW não é um evento de interatividade apenas. Ele em verdade nasceu há 31 anos como um festival de música alternativa caipira aqui em Austin, uma pequena cidade do conservador estado do Texas. Esse festival de música cresceu e virou um dos festivais de música mais importantes dos EUA. Mais tarde um pouco, os organizadores resolveram lançar em paralelo um festival de cinema independente, que hoje só perde para o Sundance Festival, do Robert Redford, em relevância na cena do cinema independente de Hollywood aqui no País. E, finalmente, veio o evento de Interatividade, que se tornou o maior em termos de negócios de todos eles.

Pois bem, são festivais que tem vida própria, cada um deles. Mas de alguns anos para cá, os organizadores perceberem que há temas que são comuns a dois ou até aos três eventos ao mesmo tempo. E aí começaram a sinalizar que determinados painéis e debates poderiam ser assistidos por quem comprou apenas um tipo dentre as três inscrições a disposição.

Detalhando …  você pode comprar sua inscrição ou só para cada um desses eventos individualmente, e isso não te dá direito a assistir os outros eventos, já que cor do seu crachá te revela e você é barrado se quiser pular o muro de um para outro, ou pode comprar um crachá especial, que te permite ver tudo e que obviamente te custa mais caro. Mas tem havido, de uns dois anos para cá, palestras liberadas para os três crachás.

Pois este ano, num passo ainda mais largo nessa mistura dos três grandes temas, se você está olhando apenas o programa oficial do evento de interatividade, o que é meu caso, vai se deparar com palestras do mundo da música e do cinema dentre suas opções. Virou oficial.

Pense comigo (e com os organizadores) e pega o tema, sei lá, da Realidade Aumentada. Funciona para os três mundos, certo? Porque não coloca-la em painéis oficialmente liberados no programa para todos os três festivais?

Como o mundo se mistura, o SXSW mistura tudo também.

Por fim, uma observação pontual: é a primeira vez um grande banco de investimentos, o Capital One, ganha protagonismo como um dos patrocinadores do evento.

Faz anos o SXSW tem um programa e um prêmio para o mundo startup. Startups de todo o mundo, representando seus países, vem ao evento para mostrar seus avanços. São dezenas de países, incluindo o Brasil, cujas agências de fomento de empreendedorismo (no nosso caso, a excelente APEX) montam seus stands, provem debates, etc., trazendo suas startups para cá.

Pois bem, obviamente isso atrai investidores. Só que este ano a Capital One decidiu fazer marketing de si mesmo e virar patrocinador do evento.

E não são só as startups, em verdade. Aqui tudo está ainda por fazer. Quer dizer, as coisas aqui são em boa medida experimentais ainda. E o mundo dos experimentos precisa de suporte financeiro para crescer, certo. O Capital One resolveu se mostrar pública e marqueteiramente como essa opção. Me parece estratégica e mercadologicamente inteligente.

Bom, é isso. Impressões de quem acabou de chegar no evento que se propõe a dar algum sentido ao caos em que vivemos.

Acompanhe nossa cobertura esta semana que vai estar demais, pode ter certeza.

 

Publicidade

Compartilhe

Veja também