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A Internet das Coisas em 2020: perspectivas e desafios

Líderes da Associação Brasileira de Internet das Coisas avaliam o cenário brasileiro e latino-americano, e explicam sobre os desafios e perspectivas da IoT para 2020: “A IoT como setor e mercado ainda está enfrentando desafios e ainda não passou pelo ponto de inflexão para alcançar maturidade e estabilidade, mas estamos no caminho certo”


5 de fevereiro de 2020 - 8h42

 

A transição global para uma economia e estilo de vida digitais não para, e o crescimento de um país pode estar diretamente ligado aos investimentos realizados em tecnologias que contribuam para essa evolução. É bem verdade que este fenômeno esteja acontecendo mais devagar em economias menos desenvolvidas, mas as previsões para o mercado latino-americano e, em especial, o brasileiro são bem otimistas. De acordo com estudo da Frost & Sullivan realizado em junho de 2019, o Brasil deve faturar US$ 2,2 bilhões com o mercado de Internet das Coisas (IoT) no ano que passou, o que representa cerca de 45% de toda Latam.

 

Para Paulo José Spaccaquerche (Paulo Spacca), Presidente da ABINC – Associação Brasileira de Internet das Coisas – a liderança se deve tanto por causa do tamanho do mercado brasileiro quanto das políticas de regulamentação e incentivo, que tem ajudado a diminuir a burocracia e a tributação do setor: “A IoT como setor e mercado ainda está enfrentando desafios e ainda não passou pelo ponto de inflexão para alcançar maturidade e estabilidade, mas estamos no caminho certo. A implementação do Plano Nacional de IoT está começando a ter maturidade, e em 2020 devem ocorrer mais projetos. O tempo é este mesmo e a curva pode não ser tão exponencial, mas é crescente e acompanha a maturidade do setor”, afirma.

 

Os desafios da IoT 

Desenvolver estruturas políticas e legais em torno de qualquer aspecto da ICT (Information and Communication Technology) tem sido um grande desafio neste mundo em rápida digitalização. A tecnologia IoT é um dos casos mais complexos, pois afeta muitos aspectos que impactam diretamente a vida das pessoas, incluindo dispositivos em residências, locais de trabalho, escolas, hospitais e espaços públicos: “As políticas existentes de privacidade, segurança de dados, assistência médica, transporte e tecnologia serão afetadas pelos avanços da IoT. Os governos, líderes de ramos de atividades e organizações internacionais devem trabalhar juntos no futuro próximo para fortalecer e padronizar a infraestrutura da Internet e proteger os dados e a privacidade, de forma a permitir o desenvolvimento da IoT e não colocar as pessoas em risco”, declara Spacca.

 

Uma visão da IoT no Brasil

Em 2017 o Brasil adotou uma estratégia nacional para ajudar a orientar o desenvolvimento da IoT nos cinco anos seguintes com quatro setores “verticais” prioritários (cidades inteligentes, saúde, agronegócio e manufatura), apoiados de maneira transversal por quatro setores “horizontais” (inovação e internacionalização, capital humano, segurança e privacidade regulatórios e infraestrutura para conectividade e interoperabilidade). Este é um ponto que ajuda o país a facilitar o desenvolvimento da indústria e do mercado, já que aborda a resolução de problemas como privacidade e segurança, padrões que possibilitam a interoperabilidade entre diferentes plataformas e investimento público e/ou privado em infraestrutura.

 

O Plano Nacional de IoT levou o Brasil ao patamar de país da América Latina mais preparado para participar do mercado da IoT e de se beneficiar das suas oportunidades, ao lado do Chile e Costa Rica, de acordo com um estudo de 2018 da Deloitte sobre a IoT no setor empresarial que avaliou seus principais indicadores: ICT infraestrutura, política e regulamentação, capacidades inovadoras, economia e estabilidade política, nível de negócios de adoção da ICT e habilidades da ICT: “O Plano Nacional de IoT resultou de um grande esforço colaborativo entre governo, academia, sociedade civil e indústria e estabeleceu prioridades claras com base nas quatro aplicações de maior potencial: cidades, saúde, rural e IIoT”, afirma Flávio Maeda, Vice-presidente da ABINC. “No futuro, a IoT permitirá o cumprimento da revolução dos dados, por isso é imperativo que todos, desde indivíduos a líderes do setor privado e autoridades do setor público, tomem consciência da presença e do poder da IoT”, complementa.

 

Outros países latino-americanos começaram a desenvolver políticas para governar o desenvolvimento da IoT em algum grau. Os exemplos incluem o “CEA-IoT” (Centro de Excelencia para la Apropiación del Internet de las Cosas); Argentina’s marketplace for IoT solutions em sua Câmara da Internet; e a Mexican government strategy to support the industrial IoT sector, especialmente para a indústria automotora. Em se tratando não só do mercado brasileiro, mas também do latino-americano, Maeda afirma que ajudar acelerar a indústria da IoT nessas regiões é uma aposta estratégica para a região, pois é um facilitador da transformação digital e um mecanismo de criação de empregos, crescimento econômico, fortalecimento da sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida: “A IoT exige abordagens inovadoras e ações que incluam várias partes interessadas para atingir todo o seu potencial. A revolução dos dados não é realmente sobre tecnologia, mas sobre modelos de negócios perturbadores (disruptores), com implicações em várias camadas da sociedade”, conclui Maeda.

 

Sobre a ABINC
A ABINC, Associação Brasileira de Internet das Coisas (http://www.abinc.org.br), foi fundada em dezembro de 2015 como uma organização sem fins lucrativos, por executivos e empreendedores do mercado de TI e Telecom. A ideia nasceu da necessidade de se criar uma entidade que fosse legítima e representativa, de âmbito nacional, e que permitisse a atuação em todas as frentes do setor de Internet das Coisas. A ABINC tem como objetivo incentivar a troca de informações e fomentar a atividade comercial entre associados; promover atividade de pesquisa e desenvolvimento; atuar junto às autoridades governamentais envolvidas no âmbito da Internet das Coisas e representar e fazer as parcerias internacionais com entidades do setor.

 

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