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A ideia de robôs cirurgiões e enfermeiros já deixou de ser ficção científica há mais de uma década
A ideia de robôs cirurgiões e enfermeiros já deixou de ser ficção científica há mais de uma década
ProXXIma
31 de outubro de 2016 - 8h48
Por Omarson Costa (*)
No terceiro episódio de Star Wars, o personagem Anakin Skywalker sofre sérios ferimentos e perde as pernas. Ele é submetido a uma cirurgia realizada por robôs e veste a armadura que o transforma em Darth Vader. Em uma cena do longa Prometheus, androides realizam operações de forma autônoma, sem a interferência de um médico. Em Frank e o Robô um idoso é cuidado por um robô com inteligência artificial que consegue realizar tarefas como se fosse um humano.
A ideia de robôs cirurgiões e enfermeiros já deixou de ser ficção científica há mais de uma década. Em 1998, o cirurgião francês Alain Carpentier, do Hospital Broussais, de Paris, realizou com sua equipe a primeira operação de coração a 2 metros de distância, sem encostar no paciente, guiando as mãos de um robô a partir de um joystick, um procedimento bem menos invasivo, mais preciso e com uma recuperação muito mais rápida.
O avanço acelerado da robótica na medicina e o desenvolvimento de novas técnicas para o diagnóstico e tratamentos que associam big data, IoT, inteligência artificial, nanotecnologia, realidade virtual e telemedicina trazem a perspectiva de uma melhor qualidade de vida, a redução dos erros médicos e de alcançarmos a cura e a prevenção de doenças graves, raras e até hoje consideradas irreversíveis.
Com os recursos de microcâmeras e transmissão via Web, o médico consegue realizar uma cirurgia mesmo que esteja do outro lado do mundo. Para aprimorar suas técnicas, tem à disposição um centro cirúrgico virtual onde consegue simular uma operação de alta complexidade sem colocar o paciente em risco. A partir do acesso a um gigantesco banco de dados, ele pode receber recomendações de quais os procedimentos mais indicados para cada caso, uma iniciativa que já vem ganhando corpo em várias cidades de alta concentração populacional.
Nos Estados Unidos, a implementação do New York e-Health Collaborative está promovendo o intercâmbio de informações sobre saúde entre diversos órgãos da cidade americana, assegurando um melhor atendimento da população e redução de custos com tratamentos ineficazes.
No Brasil, a startup Robô Laura desenvolveu um ecossistema que combate a infecção hospitalar utilizando uma tecnologia cognitiva que identifica uma possível enfermidade a partir de sinais dos pacientes monitorados em tempo real, permitindo assim um combate eficaz antes que se torne mais grave.
O uso de robôs nas salas de cirurgia já é uma realidade e a tendência é que estejam cada vez mais presentes no auxílio aos médicos em tarefas que conseguem realizar com a mesma destreza e até com mais eficiência que os humanos.
O que dizer de um robô origami dotado de uma bateria não tóxica que você pode engolir para fazer uma cirurgia de estômago? Ou do Veebot, que faz sozinho a coleta de sangue sem que o paciente precise sofrer com diversas picadas até encontrar a melhor veia? E o Robear, que consegue carregar um paciente no colo de um leito para outro 40 vezes ao dia sem se cansar?
É improvável que os androides venham a substituir completamente os médicos (tema que abordei em meu artigo “Como não perder seu emprego para um robô?”), uma profissão que exige não apenas conhecimento científico, mas a vocação para cuidar, apoiar, lidar com as emoções dos pacientes.
Mas certamente continuarão trazendo contribuições valiosas para uma revolução sem precedentes na medicina que irá aumentar ainda mais nossa expectativa de vida, possibilitando desfrutarmos da melhor idade com saúde e vitalidade.
As previsões para o futuro da medicina confirmam investimentos cada vez maiores em tecnologia. Uma pesquisa da Mordor Intelligence divulgada recentemente estima que o mercado global de e-health passará de US$ 124 bilhões este ano para US$ 244 bilhões em 2021, especialmente em países que contam com excelente infraestrutura de Internet e conectividade, como nos Estados Unidos, Europa e na Ásia-Pacífico. No campo da telemedicina os números também são exponenciais, saltando, ainda segundo a Mordor Intelligence, de US$ 23 milhões em 2015 para US$ 66 milhões em 2021.
Um relatório da Juniper Research indica que em 2020 teremos 157 milhões de usuários de Mobile Health, o que não é difícil de acreditar considerando a grande oferta de apps e de wearables que estão sendo lançados para ajudar a monitorar nossa saúde.
Não à toa, a Apple tem demonstrado apetite para abocanhar o mercado de e-health com seu Watch, novos softwares e a aquisição de empresas de tecnologia na área médica.
Já são muitos os casos em que o relógio da maçã está sendo utilizado na área médica, como no hospital Ochsner, de Nova Orleans, que desenvolveu um software para monitorar a hipertensão, ou no Hospital da Universidade de Stanford, que está investindo em um sistema para acompanhar os níveis de açúcar de crianças com diabetes.
Para conquistar a comunidade médica e seus fãs, a gigante também lançou o ResearchKit, uma plataforma de código aberto para o desenvolvimento de apps que auxiliam na coleta de dados para condução de pesquisas médicas, e o CareKit, uma base de software com código aberto para a criação de apps que ajudam a monitorar as condições médicas.
Por aqui, as startups de e-health também começaram a ganhar forte tração nos últimos anos, ocupando a terceira posição no interesse dos investidores, de acordo com estudo feito pelo Sebrae. A consultoria PwC estima que os fundos de investimento e negócios na área da saúde irão aplicar mais de R$ 17 bilhões em projetos de inovação no Brasil nos próximos dois anos.
A saúde pública do Brasil merece dias melhores e o emprego de novas tecnologias poderá ser a salvação especialmente daqueles que vivem em regiões remotas e não têm fácil acesso a médicos e hospitais.
Participar desta transformação na medicina é a oportunidade do País despontar como um player global em novas tecnologias para saúde. Não acreditar nesta revolução será como tentar tratar um câncer com aspirina. Vamos tirar o país do leito de morte?
(*) Omarson Costa é formado em Marketing, tem MBA e especialização em Direito em Telecomunicações. Em sua carreira registra passagens em empresas de telecom, meios de pagamento e Internet.
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