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ESG: até 2025, o setor deve valer, globalmente, US$ 53 trilhões

O conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança ganha força em negócios que almejam melhorar suas performances de investimentos de longo prazo


21 de julho de 2021 - 6h00

O conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança, mais conhecido como ESG (environmental, social and corporate governance), contribui para tomadas de decisão de investimentos sustentáveis e responsáveis e ajuda a avaliar e encorajar empresas a melhorar suas performances de investimentos no longo prazo. No Brasil, a sustentabilidade e a responsabilidade com o meio em que as pessoas vivem tornaram-se pilar do desenvolvimento corporativo, por meio de conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento, a Eco-92, realizada no já distante ano de 1992, no Rio de Janeiro, para debater os impactos no meio ambiente e na sociedade industrial.

 

Segundo a Bloomberg, o mercado de ESG está estimado, globalmente, em mais de US$ 30 trilhões (Crédito: Romolo Tavani/Shutterstock)

De acordo com o Inside ESG Tech Report, do Distrito, no País, 740 startups têm soluções em ESG. Desse número, 267 ocupam a categoria social; 257, ambiental; e 216, governança corporativa. Em cada setor, foram investidos, respectivamente, US$ 699,8 milhões, US$ 81,8 milhões e US$ 209,6 milhões. Em 2019, quase US$ 400 milhões foram direcionados à ESG techs. Porém, no ano passado, houve queda de 28% no volume total investido, em relação ao ano anterior. No País, os fundos ESG captaram, no ano passado, R$ 2,5 bilhões. Até o momento, o investimento no setor é 26% do destinado no ano passado. Segundo levantamento da Bloomberg, atualmente, o mercado de ESG está estimado, globalmente, em mais de US$ 30 trilhões. Até 2025, espera-se que o setor movimente US$ 53 trilhões.

Na prática, explica Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, o termo ESG representa os pilares básicos de sustentabilidade e sintetiza critérios de conduta das empresas em áreas nas quais os investidores e os consumidores levam em consideração, ou seja, as esferas ambiental, social e de governança. A Artemisia é organização sem fins lucrativos que trabalha com foco na disseminação e fomento de negócios de impacto social no Brasil. “O trabalho desenvolvido por companhias de diferentes portes deve prezar pelas boas práticas no tripé da sustentabilidade, tendo em vista a manutenção e a recuperação dos recursos naturais. Acredito que o Brasil possa liderar essa nova forma de enxergar o potencial da biodiversidade e de trabalhar com respeito e ciência das limitações do planeta, inclusive, ao contribuir com um debate qualificado sobre o ESG”, diz.

Para Marta Pinheiro, partner e ESG director da corretora XP, a postura do investidor, do consumidor e da sociedade impulsiona o movimento em prol de práticas ambientais, sociais e de governança mais rigorosas. De acordo com levantamento da McKinsey, realizado com mil consumidores na Europa e nos Estados Unidos e publicado em 2012, os clientes estão dispostos a pagar mais para contribuir com o meio ambiente ou causas sociais. Mais de 70% dos consumidores pesquisaram compras em vários setores, incluindo as categorias automotiva, de construção, eletrônica e embalagem, e disseram que pagariam 5% a mais por produto ecológico se essa mercadoria atendesse aos mesmos padrões de desempenho que uma alternativa que não atende a natureza e o meio ambiente. Segundo pesquisa interna da XP, com mais de 30 mil investidores, mais de 70% possuem interesse pelo tema e disponibilidade para alocar entre 10% e 50% de seu capital para o setor ESG.

Há empresas que aproveitam essa demanda para incorporar o conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança como prioridade em seus produtos e, com isso, afirma Marta, ganhar representatividade de negócio mais sólida, com foco no longo prazo: “Companhias que adotam boas práticas de compliance e governança, para evitar fraudes, ou aquelas que usam a transparência, para evidenciar que a operação está de acordo com risco reduzido de danos socioambientais, podem ser exemplos de antecipação, para não haver nenhum tipo de surpresa negativa. A abordagem ESG, adiciona Maure, da Artemisia, não deveria ser associada a solução para mitigação de riscos. “O conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança está mais próximo de jornada complexa, ou seja, de um processo que pode nos levar, como sociedade, a outro patamar, rumo a um capitalismo mais consciente”, explica.

Negócios e investimentos de impacto
Os negócios de impacto têm como diferencial a intencionalidade de gerar resultados positivos por conta de seu core business, via produto ou serviço, ao mesmo tempo em que geram lucro. Quando o tema é investimento de impacto, fala-se de recursos que apoiam soluções para desafios sociais ou ambientais, de forma direta, enquanto buscam o retorno financeiro. Nas práticas de ESG, a análise recai para a forma de atuação da cultura empresarial que guia as decisões da companhia, um olhar para o modo que o negócio é gerido de A ao Z, afirma a diretora-executiva da Artemisia. Segundo Maure, a recente fama do ESG é positiva, pois quanto mais o conceito é conhecido, mais pessoas pressionam as empresas para a adoção de boas práticas responsáveis e sustentáveis.

Marta ressalta que o Brasil está no início da jornada de práticas ambientais, sociais e de governança: “Não somos ainda tão expressivos quando comparados ao mercado global, principalmente o mercado europeu, mas estamos em crescimento acelerado nesta agenda e temos excelentes oportunidades”. O desenvolvimento desse mercado, no País, passa pelo esforço das empresas em reportar suas práticas e evoluções em relação à sustentabilidade e governança, de forma mais transparente. “Felizmente, quem não enxergar essa nova realidade terá sérias dificuldades com as novas gerações de clientes, cada vez mais exigentes em relação a esses temas. Não será suficiente entregar aos consumidores apenas experiência incrível e preços competitivos se não houver também forte compromisso em deixar o mundo melhor’, complementa.

Do ponto de vista de investimentos, o grande desafio, aponta a partner e ESG director da XP, está em dar clareza acerca do racional utilizado por trás de cada produto e das escolhas de aplicações das gestoras. “Isso requer ambiente regulatório favorável, assim como estímulos para suportar os desenvolvimentos dos mercados”, afirma. Ainda sob essa perspectiva, há uma série de provedores de dados ESG que usam diferentes metodologias, mais ou menos funcionais a depender do objetivo do investidor. É importante identificar, diz Marta, quais fatores ESG são relevantes para cada setor. Na XP, por exemplo, usa-se como base a MSCI ESG Ratings — classificação projetada para medir a resiliência de uma empresa a riscos ambientais, sociais e de governança relevantes para a indústria, com foco em regras para identificar líderes e retardatários do setor e como gerenciam as ameaças –, aliado à opinião, expertise e olhar crítico do seu time de research: “Só assim conseguimos entender quais são as empresas que fazem o melhor dentro das práticas ESG em cada setor”.

Para Maure, de largada, a mentalidade ESG nos negócios tem como ponto de partida o profundo comprometimento do C-level, para trazer abordagem com celeridade, robustez e perenidade. Analisar o cenário e o contexto no qual determinada empresa está inserida e os processos externos e internos – ao longo de toda sua cadeia – é parte fundamental do processo de estar em linha com a sustentabilidade, chegando às práticas estabelecidas e aos indicadores.

No ano passado, a XP lançou mais de 20 produtos ESG, que passaram de patrimônio líquido de R$ 50 milhões, em junho, para R$ 515 milhões, em dezembro, com mais de 20 mil investidores. “Procuramos nos posicionar, ativamente, em relação às pautas de educação financeira de qualidade e de diversidade, por entender como importantes os stakeholders e por gerarem valor para a companhia”, afirma. A corretora assumiu, por exemplo, o compromisso público de obter, no mínimo, 50% de mulheres em seu quadro de colaboradores, até 2025. Também está construindo sua nova sede, o Bioma XP, privilegiando o uso de infraestruturas prediais alinhadas com as melhores práticas internacionais de gestão ambiental.

*Crédito da foto no topo: Scott Webb/Pexels

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