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Os impactos dos NFTs para a sustentabilidade

Ativo digital criado por blockchain gasta energia e emite grande pegada de carbono


6 de abril de 2022 - 6h00

Embora esteja constatado o hype dos NFTs (tokens não-fungíveis), o mesmo não acontece com os impactos que o ativo digital pode custar ao meio ambiente. Conforme tais tokens ganham espaço na estratégia de marcas como nova fonte de receita para o anunciante e de experiência para o consumidor, dados alertam para o impacto da produção de NFTs sem responsabilidade sustentável.

 

NFT é escolhida a palavra do ano pela Collins Dictionary (Créditos: Archy13/Shutterstock)

O NFT se trata de um selo criptografato que autentica digitalmente a propriedade sobre um produto ou experiência. Ele é feito a partir de redes de blockchain — da mesma forma que os bitcoins –, o que, por sua vez, precisa de uma rede de computadores de alta capacidade para seu funcionamento, gerando, então, um grande gasto de energia elétrica.

Segundo a Wired, a emissão de NFT queima 8,7 megawatts em dez segundos, próximo ao consumo de energia de uma família durante um ano. A maioria dos NFTs é feita a partir da rede de blockchain Ethereum. Ela consome cerca de 27 trilhões de watts por ano.

Há também emissão de CO². Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge indicou que uma transação em bitcoin usa 290 quilos de CO², o equivalente ao envio de 72 mil emails, 1 milhão de buscas no Google e o consumo de 120 mil horas de vídeos no YouTube.

Tendo em vista o dano causado, algumas plataformas de NFTs estão se comprometendo a seguir as Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e reduzir sua pegada de carbono. Algumas alteraram seus protocolos para reduzir a energia gasta na emissão de NFTs.

Essa movimentação também é resultado da do descontentamento de artistas com a pressão do público sobre esse assunto. A banda Gorillaz, por exemplo, foi criticada ao anunciar a venda de NFTs para a celebração de 20 anos do lançamento do seu primeiro disco quando a banda já havia feito o álbum Plastic Beach alertando sobre impactos ambientais.

“Existem dezenas de Blockchains diferentes, cada uma com características que podem usar mais energia ou ter praticamente zero de pegada de carbono. O elevado consumo de energia se deve à grande exigência dos hardwares para a validação de transações na blockchain, as quais consistem de algoritmos complexos levando ao aumento da necessidade de hardwares potentes que usam mais energia de uma forma constante”, explica Helbert Costa, sócio e CIO da Play9. De acordo com Costa, os NFTs possuem facilidade de rastreamento, o que permite uma maior garantia de limpeza da pegada de carbono.

Em 2021, a empresa criou uma vertical denominada 9Block, dedicada a produzir NFTs de figuras públicas e criadores de conteúdo, como a ginasta Rebeca Andrade e Felipe Neto, sócio da empresa. Ela diferentes redes de blockchain que consomem um baixo nível de energia. Uma delas é a blockchain Hathor, criada por brasileiros e que se comprometeu com Acordo Cripto Climático (CCA, na sigla em inglês), que visa zerar o uso de fontes fósseis de energia na mineração de criptomoedas até 2025. A Hartor também realiza o programa ambiental hathor green, que dá bonificação às mineradoras que atendem aos requisitos de sustentabilidade social, ambiental e de governança. Além disso, a 9Block está desenvolvendo um projeto em NFT para anulação de crédito de carbono através de reflorestamento, ajudando a diminuir o impacto de empresas no meio ambiente.

“Esse assunto deve ser mais debatido pois o universo da Blockchain ainda é muito pouco explorado. Ele tende a evoluir, assim como as soluções para esses problemas da energia. Com as nossas empresas fazendo parte da Creator Economy, compreendemos o papel e a importância da democratização desse assunto, através da nossa audiência compartilhada”, diz.

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