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Zoo da inovação: O que é uma startup Unicórnio?
Executivos da Liga Ventures e Netza&Cossistema avaliam as características dessas startups e a evolução do mercado brasileiro
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Carolina Huertas
22 de junho de 2022 - 11h20
O termo “unicórnio” foi criado pela investidora e fundadora da Cowboy Ventures, Aileen Le, em 2013, para definir as startups avaliadas em, pelo menos, US$ 1 bilhão antes de abrir seu capital em bolsas de valores. Além do crescimento acelerado, essas empresas têm como características centrais a inovação, escalabilidade e investimento em tecnologia.
Segundo a CBInsights, já existem mais de 900 startups-unicórnios ao redor do mundo. Apesar de a 99 ter sido a primeira startup brasileira a conquistar o título, em janeiro de 2018, o Brasil já se encontra entre os 10 países com o maior número de unicórnios.
De acordo com o relatório Corrida de Unicórnios, da Distrito, o ecossistema brasileiro começou este ano com 21 unicórnios, sendo que mais de um terço alcançou o valuation de US$ 1 bilhão no ano anterior. Para entender melhor a evolução da categoria, a organização dividiu os unicórnios em duas gerações: a primeira composta por startups que atingiram o valuation até dezembro de 2019 e ano de fundação até 2013; e a segunda a partir de janeiro de 2020.
A evolução dos unicórnios
Ao analisar a evolução dos unicórnios brasileiros, Daniel Grossi, cofundador e chief venture officer da Liga Ventures, aponta que, dez anos atrás, o cenário era de disponibilidade rara de capital, falta de cases e referências e ausência da participação das corporações. “Havia poucos fundos especializados, os primeiros investidores-anjo estavam começando a se organizar e não havia crédito especializado para startups. Não só era difícil começar, como a insegurança para saber se um negócio bem validado pelo mercado teria fôlego para crescer era grande não apenas para founders, mas também para investidores que se interessavam por esse mercado. Hoje, temos um ecossistema de financiamento das startups muito mais sólido e mais completo, com capital nacional e internacional, desde a primeira rodada de captação da startup até a eventual venda ou mesmo sua oferta pública de ações (IPO)”, comenta Grossi.
O executivo aponta que, antigamente, as conferências de startups raramente enchiam um auditório de 200 pessoas, eram consideradas “coisa de nerd” e, em geral, eram frequentadas sempre pelas mesmas pessoas. Com a evolução do mercado e a chegada dos unicórnios, Grossi afirma que alguns dos empreendedores que foram bem-sucedidos nas suas startups viraram investidores de venture capital ou até mesmo fundaram novas startups. Além de outros funcionários das empresas que se inspiraram e tiveram apoio dos seus fundadores para criarem seus próprios negócios.
Com essa movimentação, o mercado consegue se retroalimentar para crescer de forma mais sólida e com o caminho das pedras muito mais desenhado. “Temos empreendedores, investidores, instituições e mentores mais bem preparados e que são suportados por um ecossistema que já viveu muito mais ciclos completos (de sucesso ou de fracasso) e que é muito mais sólido para suportar essa jornada”, diz Grossi.
Fernando Ribeiro dos Santos, cofundador da Netza&Cossistema, afirma que a principal diferença de quando os unicórnios surgiram para agora é que o entendimento do mercado que está muito mais maduro. Há dez anos, as startups não tinham referência e aprendizado de produto, escala, de teste junto com os consumidores para saber se aquele produto funcionava ou não. “As startups como Uber e Airbnb, que foram fenômenos de escalabilidade, trouxeram para muitas empresas esse aprendizado. Nos últimos três anos, adquiriram muito mais experiência. E essa referência de outras empresas ajuda as startups a terem mais facilidade de investimento. O desafio, na verdade, é manter a empresa sempre saudável e rentável. Nesse cenário atual de guerra, as empresas precisam se tornar mais escaláveis, e ter um futuro próximo sabendo aonde vão chegar”, explica o executivo.
Como exemplo do caso mencionado, Santos cita o WeWork, que tinha notoriedade, era uma empresa forte, mas que foi afetada grandemente pela pandemia e que, afirma, precisa ser revista completamente. Sobre os desafios dos unicórnios no momento atual, Ribeiro aponta que, com as mudanças do mercado, como consequência da pandemia, os investidores estão olhando com outros olhos para conhecer melhor a rentabilidade da empresa, seu futuro, quantos clientes vai adquirir, custo por cliente e outros. Diante dessa questão, o cofundador comenta sobre a Netflix, que precisa rever seu formato para não continuar perdendo clientes com o atual modo de cobrança, pelo fato de poder ser replicada para cinco nomes com um único CPF para várias contas e assim ter prejuízo. “Apresentando uma estratégia inédita no streaming, a empresa está entrando com publicidade a fim de rever seu modelo de negócio e isso, para uma startup-unicórnio, é muito bom. Eles começam a pivotar e criar produtos para acrescentar mais rentabilidade ao seu produto”, diz.
“Zoo da Inovação” é uma série de Meio & Mensagem. Confira os demais capítulos e conheça as startups: camelo, dragão e zebra.
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