Musk e Tweeter: é por poder, estúpido!
O controle do que se diz é o sonho totalitário de muita gente, não só ricaços como Musk. As ditaduras todas que conhecemos também
O controle do que se diz é o sonho totalitário de muita gente, não só ricaços como Musk. As ditaduras todas que conhecemos também
16 de novembro de 2022 - 9h43
Musk não fez take over do Twitter para ficar mais rico. É um investimento podre. Só o aporte que ele mesmo fez aumentou substancialmente todos os déficits e liabilities da companhia.
As demissões não foram apenas uma medida financeira de saneamento, mas uma espécie de vingança ególatra.
Cansei de ler nas últimas duas semanas profundas e de fato consistentes análises financeiras sobre o negócio. Muito boas, juro. Mas absolutamente irrelevantes.
Musk adquiriu ostensivamente o Twitter por poder.
O fascínio de deter uma operação de publishing e interação digital nas redes sociais é por demais inebriante e embriagante para poderosos que tem grana mas não detém o controle do que se diz.
O controle do que se diz é o sonho totalitário de muita gente, não só ricaços como Musk. As ditaduras todas que conhecemos também. Os estados totalitários. Mas também os donos do poder financeiro, afinal, não nos esqueçamos, parte relevante dos meios de comunicação que conhecemos pertencem a grandes fortunas, mesmo os “democráticos”.
Escrevi no Meio & Mensagem impresso sobre esse tema assim que o Musk insinuou que ia acabar fazendo o que fez. Considerei que ele já havia feito o take over antes mesmo dele ter efetivamente tê-lo feito. Era no brainer.
Disse o seguinte, então…
“Responda-me aí, você que me lê: a liberdade do capital afronta a liberdade do conteúdo?
1. Sim, afronta, porque a liberdade do capital, historicamente nas sociedades, vem associada ao controle pela classe dominante dos meios de produção e daí decorre que a cultura dominante é a cultura da classe dominante. Conteúdo incluso. Não há liberdade, há ideologia e indução. Essa é a resposta marxista.
1. Não, não afronta, porque a liberdade do capital é a base da democracia e a democracia assegura aberta e franca produção e distribuição do conteúdo. Essa é a resposta neoliberal.
Ambas podem estar certas ou erradas dependendo de quem você seja, como pensa, em que momento da história esteja, em que regime econômico gravita ou em que país vive.”
Essas sao as questões relevantes. O resto é tibitate financeiro de iniciados para iniciados e que não capturam a essência do mal. Aquele mesmo “evil” que o pessoal do Google no início dizia… “don’t be evil”.
Musk é evil.
No final do meu mesmo artigo, digo (e repito) o seguinte…
“Estamos todos aqui discutindo o que ele fará com o Twitter, mas talvez estejamos deixando de observar o big picture.
Não se fazem mais magnatas como antigamente. A inusitada e inédita concentração de capital em poucas empresas globais (e seus donos) que dominam nossas vidas (conteúdo no meio) e cada vez mais partes relevantes das economias internacionais é um fenômeno único e novo para todos nós. Para os novos magnatas também.
Também eles são produto do país, cultura e ideologia em que viveram e da posição socioeconômica que conquistaram.
No entanto, somos nós, não eles, que devemos refletir sobre o que queremos da vida. E da sociedade em que vivemos e queremos viver no futuro. Podemos deixá-la como está ou transformá-la em algo que acreditemos melhor. Cabe a nós. Twitter é apenas a ponta do iceberg.”
Tenho dito.
Compartilhe
Veja também
Canva: sete tendências de design para 2025
Relatório identifica sete tendências que mostram como será o trabalho e a criatividade no ano que vem.
O que falta para que a TV 3.0 seja implantada no Brasil?
Ecossistema encara desafios como custo e aquisição de novos receptores e sincronia entre redes das geradoras e retransmissoras