Cooperativas: o capitalismo que deu certo
O capitalismo consciente das cooperativas demonstra que é possível aliar crescimento econômico, justiça social e sustentabilidade
O capitalismo consciente das cooperativas demonstra que é possível aliar crescimento econômico, justiça social e sustentabilidade
5 de agosto de 2024 - 6h00
O sistema cooperativista teve sua origem formal no século XIX, em meio à Revolução Industrial, como uma resposta às condições de trabalho adversas enfrentadas pelos operários. Em 1844, um grupo de 28 tecelões em Rochdale, Inglaterra, fundou a primeira cooperativa moderna, conhecida como Rochdale Society of Equitable Pioneers. Eles estabeleceram princípios cooperativistas que ainda hoje servem de guia para cooperativas ao redor do mundo, como adesão voluntária e aberta, controle democrático pelos membros e participação econômica dos membros.
O cooperativismo chegou ao Brasil no final do século XIX. Em 1889, no estado de Minas Gerais, surgiu a primeira cooperativa do país, a Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto. A partir de então, o movimento cooperativista se espalhou pelo Brasil, adaptando-se às diferentes regiões e setores da economia, incluindo agricultura, crédito, saúde e consumo.
Com o tempo, o cooperativismo se consolidou como uma força econômica importante no Brasil. A Lei do Cooperativismo (Lei nº 5.764), de 1971, foi um marco regulatório que deu um impulso significativo ao movimento, estabelecendo um quadro jurídico mais claro e promovendo o desenvolvimento das cooperativas em diversas áreas.
As cooperativas têm um papel crucial na economia brasileira, contribuindo significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB). Elas promovem o desenvolvimento regional, geram empregos e oferecem produtos e serviços de qualidade a preços justos. Além disso, o modelo cooperativista fortalece a economia local e regional ao reinvestir os recursos na própria comunidade.
Se o cooperativismo fosse um estado brasileiro, teria a quarta maior economia do país, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Juntas, as cooperativas brasileiras produziram R$ 656 bilhões em receitas e ganhos em 2022, segundo os dados mais recentes do setor, divulgados no AnuárioCoop 2023.
Recentemente, estive em Medianeira, oeste do Paraná, uma cidade que enfrenta falta de mão de obra devido à abundância de ofertas de emprego. Onde há cooperativas, há emprego e oportunidades.
A Frimesa, uma cooperativa da cidade, é um exemplo notável do sucesso do cooperativismo no Brasil. Fundada em 1977, a cooperativa de produção de carnes e derivados é uma das maiores do setor alimentício no país. Com uma estrutura que engloba mais de 20 mil produtores associados e mais de 9 mil funcionários, a Frimesa é um pilar econômico na região O `este do Paraná. Em 2023, a Frimesa atingiu um faturamento de R$ 8,6 bilhões, consolidando-se como uma referência nacional em eficiência produtiva e qualidade.
A Unicred é outra cooperativa de destaque, operando no setor financeiro. Fundada em 1989, a Unicred oferece uma gama de serviços financeiros a seus associados, que incluem profissionais da área da saúde e outros segmentos. Com mais de 200 unidades espalhadas pelo Brasil, a Unicred promove a inclusão financeira, oferecendo crédito a taxas competitivas e serviços personalizados. Em 2023, a Unicred alcançou a marca de R$ 25 bilhões em ativos, destacando-se pela solidez financeira e pela confiança dos associados.
O capitalismo consciente das cooperativas demonstra que é possível aliar crescimento econômico, justiça social e sustentabilidade. As cooperativas, com sua estrutura democrática e foco no bem-estar dos associados e da comunidade, representam um modelo alternativo de desenvolvimento que tem se mostrado eficiente e resiliente. O impacto positivo no PIB brasileiro e os casos de sucesso, como a Frimesa e a Unicred, reforçam a importância do cooperativismo como uma força transformadora na economia nacional.
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