Meio & Mensagem
15 de maio de 2023 - 17h00
Os dados estão popularizados nas empresas e pautam diversas estratégias, inclusive para o crescimento de um negócio. Por isso, cada vez mais empresas estão se guiando pelo conceito de data driven.
As empresas líderes em maturidade digital no Brasil alcançam uma taxa de crescimento do EBITA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) até 3 vezes maior que as demais empresas.
Quem revela isso é o estudo Transformações digitais no Brasil, realizado pela empresa de consultoria empresarial McKinsey & Company.
Segundo eles, os setores que mais apresentam maturidade digital e são destaque na cultura de dados no Brasil são os serviços financeiros e varejo, além de telecomunicações e tecnologia.
Diante desse contexto, é importante que as empresas saibam o que é data driven e como aplicá-lo para acompanhar o cenário atual.
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O que é data driven?
O data driven é um conceito aplicado às empresas que fazem uso inteligente de dados. Em português significa ser uma empresa “orientada por dados”, formando uma base sólida para tomar decisões mais acertadas.
Esse tipo de metodologia é aplicado nas empresas para que tenham uma visão mais clara sobre si mesmas e sobre a sua atuação no mercado.
A solução pode gerar mais vantagem competitiva ao negócio, além de insights relevantes para aproveitar melhor as oportunidades, antecipar tendências e reduzir erros.
Como surgiu a cultura data driven?
O data driven surgiu a partir da ciência de dados, com o objetivo de transformar esses dados em informações preciosas e relevantes para as empresas – e elas existem em grandes quantidades.
Por isso, a necessidade de uma organização orientada por dados é uma constante na vida das organizações que fazem parte da era da tecnologia, que apresenta um volume cada vez maior de informações.
A esfera de dados global em 2018 era de 33 Zettabytes e o IDC prevê que até 2025 ela cresça para 175 Zettabytes. Vale destacar que 1 Zettabytes é equivalente a um trilhão de Gigabytes.
Organizar esses dados tornou-se ainda mais urgente na era pós-pandemia, período no qual houve uma explosão de dados e as empresas precisaram se adaptar rapidamente às mudanças.
Dessa maneira, as companhias conseguem prever e se antecipar em relação ao comportamento do consumidor e agir em tempo real.
Como é estruturada a cultura do data driven?
Pessoas e cultura organizacional
Quando uma empresa resolve adotar a cultura data driven, todas as pessoas que lá trabalham devem estar na mesma página, por isso, os colaboradores são considerados um pilar importante dessa metodologia.
Isso porque, além das ferramentas, a empresa deve agir a partir de métodos e processos unificados, embasados em dados. É preciso haver uma mudança no mindset da empresa.
Mas, para que as transformações aconteçam, o data driven precisa ser um conceito aplicável e não uma metodologia distante.
Se uma equipe vai dar início a um projeto, por exemplo, os dados devem ser consultados para gerar insights e guiar o planejamento.
Além de educar a equipe, também é importante contar com profissionais voltados especificamente para a área de dados, como o Chief Data Officer (CDO) e o cientista de dados.
Controle de dados
O controle envolve a coleta e a manipulação correta dos dados. Uma empresa está em contato com uma infinidade de dados, mas é preciso saber quais são realmente relevantes e em quais momentos.
Contar com milhões de dados, mas não aplicá-los corretamente não é o ideal. Por isso, deve haver organização, transparência e, principalmente, acesso dos colaboradores a eles.
Outro ponto de preocupação e análise é a importância de coletar dados confiáveis e lícitos, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD.
A empresa pode definir políticas de coleta e manipulação, além de contar com plataformas seguras. A finalidade da operação, que faz uso do tratamento de dados pessoais, deve ter seus propósitos claramente especificados ao titular dos dados.
Tecnologia e automação
Outro pilar de uma empresa orientada por dados é a tecnologia e as ferramentas de automação.
À medida que o conceito evolui, também é possível observar um avanço das ferramentas de inteligência artificial, de inteligência para negócios e de análise computacional.
Será necessário o uso de softwares adequados e de Big Data para coletar e armazenar essa informação. O banco de dados ajuda a gerar relatórios mais precisos e pode influenciar até mesmo em ferramentas como os chatbots.
Atualmente, muitas empresas estão concentrando seus esforços em inteligência artificial nos chatbots e mesmo essas ferramentas podem ser orientadas a dados, contribuindo para melhorar a experiência do cliente.
Quais são as principais vantagens da cultura data driven em empresas?
Antecipação de oportunidades e problemas
Prever o futuro parece coisa do mundo da fantasia, mas organizações orientadas por dados podem chegar bem perto disso.
Isso porque essa análise permite identificar determinados padrões aos quais as empresas estão submetidas.
Tratam-se de evidências empíricas que permitem às empresas enxergarem oportunidades futuras, assim como se anteciparem aos problemas de maneira orientada.
Se antecipar aos problemas sempre foi um objetivo das grandes empresas, mas agora isso pode ser feito com o auxílio de tecnologia de análise de dados.
Redução de custos
A princípio, transformar uma empresa tradicional em uma empresa data driven pode parecer custoso, pois é preciso investir em tecnologias e investir tempo e dinheiro na capacitação da equipe.
No entanto, o que o futuro reserva para essas companhias é uma maior capacidade de aproveitamento de recursos a partir da:
- redução de desperdícios;
- redução de erros e retrabalhos;
- redução de custos gerais em longo prazo;
- análise de riscos mais consistente e precisa.
Ações mais acertadas
Os dados, por si só, não são muito úteis para as empresas, mas transformá-los em informações relevantes é o objetivo da cultura data driven.
A partir deles, é possível definir metas com mais clareza, assim como estabelecer caminhos seguros para alcançá-las.
Um dos caminhos principais é a análise de métricas, que permite às empresas uma oportunidade de agir de maneira acertada na busca de resultados.
Aumento de produtividade
Quando os colaboradores não dispõem de informações precisas, a dependência em relação aos gestores costuma ser maior.
Em uma empresa data driven, os colaboradores têm mais autonomia e acesso à informação, o que aumenta a produtividade da equipe e reduz a dependência em relação à equipe de supervisores.
Ao precisar fazer uma escolha, tanto o colaborador quanto o gestor podem tomar decisões mais assertivas e ágeis, pois sabem onde buscar a informação e como fazer para gerá-la.
Retenção e atração de clientes
Os dados podem ser usados para determinar a preferência dos consumidores e proporcionar melhores experiências a eles.
Segundo o estudo do McKinsey Global Institute, as empresas orientadas por dados têm 20 vezes mais chances de adquirir novos clientes, seis vezes mais chances de mantê-los e 19 vezes mais chances de obter lucro com o resultado.
Em um centro de suporte ao cliente, por exemplo, é possível fazer um mapeamento das principais queixas, assim como tirar insights e abordagens para uma resolução mais rápida, efetiva e economicamente viável.
Ao tomar como exemplos grandes empresas, a Amazon e a Netflix são modelos de como usar dados a favor da especialidade da marca.
No caso da Amazon, a partir do uso de dados foi possível perceber uma dor do cliente em relação à demora na entrega, e a marca explorou essa questão por meio de algoritmos que geram uma logística mais eficiente e ágil.
Já a Netflix utiliza dados vindos de comentários nas redes sociais para criar conteúdos que tem como base a opinião pública, isto é, filmes e séries que agradam seu público.
Adaptabilidade
É uma qualidade antiga das empresas a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças, mas enfrentar novos cenários e viver períodos de inconstância é inevitável no ambiente corporativo.
No entanto, com uma cultura orientada a dados, mais do que se adaptar ao novo rapidamente, é possível se antecipar às mudanças e traçar estratégias mais certeiras para o futuro.
Mais objetividade no planejamento estratégico
Quando uma empresa segue uma cultura data driven, cada departamento é orientado a partir de dados e eles não ficam restritos apenas à administração geral.
A partir disso, os departamentos combinam seus esforços para gerar uma visão direcionada para o mesmo objetivo: as metas gerais da empresa e o bem-estar corporativo.
O benefício se dá tanto para diferentes áreas da companhia quanto para a sua orientação geral, isto é, para o seu planejamento estratégico.
Data driven X analytics driven
Para entender o que é data driven, também é preciso diferenciar esse conceito de outro bastante parecido: o analytics driven.
Ambos são similares e se complementam, mas se diferenciam em sua abordagem. Enquanto o primeiro possui uma perspectiva mais quantitativa, o analytics tem um sentido mais qualitativo, pois é orientado a análises.
A abordagem voltada a análises procura reconhecer padrões e interpretar as diversas variáveis de uma informação.
Tomar decisões baseado no analytics driven leva as empresas a darem um passo além no data driven, considerando os diversos fatores que influenciam em uma tomada de decisão.
Data Driven Marketing: o que é e como funciona?
O data driven marketing nada mais é do que a aplicação dessa metodologia na área especificamente voltada ao cliente.
A partir dessas informações, é possível prever comportamentos do consumidor e atender melhor às suas dores.
As informações, obtidas por meio de dados confiáveis do público podem levar a empresa a adaptar as suas estratégias e otimizar a experiência dele com a marca.
É possível, por exemplo, personalizar o conteúdo de campanhas para um público específico, a partir das informações exatas de segmentação e do melhor canal de veiculação para o bom andamento da estratégia.
Tudo isso baseado em dados reais e sem suposições.
A estratégia também permite acelerar resultados, otimizar conteúdos, testar estratégias de testes A/B com agilidade e inteligência, dentre outros benefícios.
Como aplicar o data driven em uma empresa?
Defina os parâmetros para análise
Existe uma infinidade de métricas que uma empresa pode decidir acompanhar. Mas o mais indicado ao escolhê-las é partir de um problema ou necessidade que a companhia tem.
Se o problema está na eficiência, por exemplo, é possível acompanhar o Customer Lead Time, que mede o tempo decorrido entre o momento prometido ao cliente e a entrega de fato.
Outra bastante utilizada é o Return on Investment (ROI), para saber o quanto a empresa lucrou com os investimentos realizados.
A escolha correta das métricas a serem acompanhadas pode oferecer insights importantes para a equipe e gestão da companhia.
Tenha uma ferramenta ou um planejamento estruturado para a coleta de dados
Uma empresa orientada por dados deve seguir processos estruturados de coleta de dados, a partir de ferramentas que facilitem a organização e a análise.
A coleta de dados por meio de infraestrutura robusta, como, por exemplo, CDPs (Customer Data Platforms), DMP (Data Management Platforms) e a integração com data lake, é uma das quatro práticas digitais de maior desafio para grande parte das empresas.
A informação é da pesquisa da McKinsey e Company sobre as transformações digitais no Brasil. Segundo ela, apenas 12% das empresas executam bem a prática.
Vale lembrar que chama-se de dados estruturados aqueles que já estão organizados e categorizados para facilitar a análise. Preferencialmente, eles devem vir de entradas interligadas para que não haja inconsistências.
Por exemplo, se uma empresa possui dois bancos de dados diferentes e o mesmo cliente está com nome com uma grafia distinta em cada um deles, os dados não vão bater.
Crie relatórios para servirem como base de análise
Os dados e informações coletadas até aqui são o que dão origem ao que, de fato, pode ser utilizado para as companhias em suas estratégias: os relatórios.
Eles dependem da interpretação humana para gerar resultados que possam ser aproveitados por gestores e colaboradores.
É importante que esses relatórios sejam facilmente gerados e que a equipe seja capacitada para interpretá-los e para tirar o melhor proveito deles.
Vale a pena investir em data driven?
O data driven é uma metodologia cujo significado é guiar a empresa a partir de dados, isto é, gerar informações relevantes que possam embasar a tomada de decisões de uma companhia.
Aderir a essa forma de cultura na empresa pode trazer inúmeros benefícios, mas também exige comprometimento por parte da gestão, investimento em tecnologia e uma mudança de mindset de todos os colaboradores.
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