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Menos angústia, mais atenção e intenção

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Opinião

Menos angústia, mais atenção e intenção

Encontrar novos modelos e estratégias para a publicidade digital passará por observar atentamente os sinais do nosso caminho

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18 de dezembro de 2023 - 9h17

Vivemos os últimos cinco anos lidando com altos e baixos e vendo o crescimento das empresas oscilar de maneiras intensas. Cada ano tem sido singular em seus desafios e suas surpresas, as boas e as ruins. Se adaptar às novas realidades e ritmos não foi fácil. Não tem sido fácil.

Os números do mercado apenas certificam matematicamente a dificuldade de prever o futuro. Se a expectativa era que o digital ia explodir, os dados revelados pelo último Digital AdSpend mostram que o crescimento é real, mas mais tímido do que havíamos previsto dois ou três anos atrás.

No IAB Brasil não foi diferente. Tivemos um crescimento discreto, e eu tenho uma tese sobre por que isso está acontecendo. Acho que é porque estamos buscando resultados diferentes ao fazer a mesma coisa. Nosso erro tem sido repetir modelos operacionais, de pensamento e de estratégia que já não cabem mais na nossa realidade.

Por isso, olhar para 2024 tem sido angustiante. O que vamos planejar? Como vamos atuar e operar? A expectativa traz também o incômodo de ter que sair da zona de conforto. Vamos precisar investir muitos recursos (dinheiro, gente, tempo, energia e o que mais tivermos) com intenção de chegar a um lugar novo. Teremos que planejar lidar com o imprevisível, o que dá sim um pouco de medo.

A boa notícia é que lidar com incertezas não é exclusividade das lideranças ou da publicidade digital. Todos nós teremos que saber fazer isso em alguma medida em algum momento das nossas vidas.

Esse insight surgiu em uma conversa com a minha amiga Renata Feltrin sobre como tinha sido o planejamento dela para trilhar o Caminho de Santiago de Compostela. Além das questões logísticas (como encontrar tempo na agenda para percorrer a rota ou reservar a verba para custear a viagem), ela me explicou que o mais difícil mesmo era “estar pronta para se perder”.

O caminho pode ser trilhado com o apoio de GPS e mapas, mas a vivência mais plena dessa experiência se dá ao se deixar guiar por sinais que são deixados ao longo da estrada e que indicam por onde seguir. Só que quem caminha não sabe exatamente onde estão afixadas as setas que apontam a direção. Tanto que não é raro andar por horas no sentido errado por não ter visto um sinal entalhado em uma árvore, riscado em uma pedra, escondido na vegetação… Perder-se e ser guiado pelos sinais do caminho é parte da experiência, que dizem ser transformadora.

Pensar em 2024 ou em percorrer o Caminho de Santiago me traz o mesmo tipo de entusiasmo misturado com angústia. Fico animada e sei que precisarei estar atenta ao que surgir no meu caminho, mas também fico aflita, com medo de não conseguir reparar no que é importante.

Assim como as setas de Compostela, os sinais para fazer diferente, inovar e alcançar bons resultados no novo ano certamente existem, mas vão exigir atenção plena para serem identificados. E talvez estejam exatamente onde não estamos olhando!

Por isso, meu principal plano para 2024 é poder me perder um pouco para então me encontrar. E não quero me perder à toa! Tenho planejado me apoiar em uma maior diversidade de pessoas, referências e inspirações, para que a amplitude de olhares e de convivências propulsione a chance de encontrar novas soluções (os tais sinais!) que ainda nem sei quais serão.

É mais fácil falar do que fazer, é claro, porque se perder não é nada confortável. Traz desconfiança, insegurança, angústia, reduz nossa capacidade de planejamento e de fazer estimativas confiáveis. Sim, se perder é um saco!
Quando penso em um dia percorrer o Caminho de Santiago de, sei que minha maior dificuldade será lidar com a imprevisibilidade de saber se estou caminhando pela trilha certa. “Será que perdi alguma placa? Conferi todas as setas com a direção correta?”, vou pensar enquanto coloco um pé atrás do outro e sigo a caminhada.

A boa notícia é que eu também sei que esse tipo de experiência física (como caminhar sem saber exatamente a direção ou observar um horizonte bem distante) nos inspira a pensar diferente, a ver mais longe. É a partir destes momentos em que nos perdemos e temos que repensar nossas rotas que conseguimos exercer a neuroplasticidade, desconstruir pensamentos e aprender algo novo.

Se você também tem se sentido um pouco perdido, ao invés de se angustiar com o novo ano que se aproxima, tente aproveitar o recesso para exercitar essa capacidade de se perder e de observar o mundo com outros olhos. Caminhe para um lado que nunca foi naquela praia. Dê a volta por um novo quarteirão do seu bairro. Encare aquela trilha ou aquele passeio de bicicleta que você nunca topou fazer porque não conhecia o trajeto.

Aos poucos, conforme nos colocamos diante de situações novas e conseguimos sair bem delas, vamos ganhando a confiança que precisaremos em 2024 para observar os sinais, estejam eles onde estiverem.

Além de confiar nos números, nos dados, nos relatórios e nas indicações de especialistas e experts, precisaremos também confiar em nós mesmos, sabendo que enquanto estivermos por lá, encontraremos um jeito de fazer dar certo.

Lá vem o ano novo e eu mal posso esperar para conseguir reconhecer os seus sinais.

Até breve e um ótimo fim de ano!

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