Mercado de alimentos orgânicos e o impacto da tecnologia sobre o setor
Por meio de algoritmos, foodtechs mapeiam interesse de consumidores, ajudam no planejamento de plantio e manuseio que reduz desperdício de alimentos
Mercado de alimentos orgânicos e o impacto da tecnologia sobre o setor
BuscarPor meio de algoritmos, foodtechs mapeiam interesse de consumidores, ajudam no planejamento de plantio e manuseio que reduz desperdício de alimentos
Caio Fulgêncio
23 de dezembro de 2022 - 6h03
Em realidade tecnológica e veloz, a forma com que os seres humanos se relacionam com a alimentação passou por mudanças importantes nos últimos anos. Durante a pandemia da Covid-19, diante das restrições de circulação e fechamento do comércio, muitas pessoas passaram a questionar hábitos e escolhas alimentares. O contexto impulsionou, inclusive, a relevância de foodtechs especializadas em alimentos orgânicos e saudáveis.
Paulo Monçores, chief technology officer (CTO) da Mercado Diferente, explica que, nesse segmento, a tecnologia permeia toda a operação. O impacto, segundo o executivo, começa no trabalho do pequeno produtor. “Com algoritmos de inteligência artificial (IA), que trackeam o comportamento do cliente, ajudamos no planejamento do plantio mais adequado dos itens que têm mais saída”, exemplifica.
O CTO afirma que IA tem papel indispensável também na construção das caixas, usando como base as preferências dos clientes. Por serem alimentos orgânicos, os itens são rotativos, seguindo a sazonalidade. “Um dos nossos investimentos foi no algoritmo de recomendação. Ou seja, é um trabalho de ciência de dados, que tenta criar a caixa perfeita para aquele cliente, com opções que nem ele sabia que existiam”, afirma.
Outras áreas que precisam de tecnologia direcionada são, de acordo com Monçores, a rastreabilidade e o manuseio de produtos. “Na Diferente, resolvemos também desenvolver a parte de armazém. Às vezes, precisamos saber de qual lote específico é um item. Então, pela forma de manuseio ser diferente, temos tecnologia proprietária”, complementa.
A foodtech Raízs, que atua no mesmo segmento, investiu, recentemente, em inteligência artificial que prevê o que tem mais chance de ser consumido entre os clientes. Com a nova tecnologia, a empresa consegue promover a retirada do solo somente do que será comprado, combatendo, dessa forma, o desperdício, explica o CEO, Tomás Abrahão.
As ferramentas combinam dados de médias diárias, semanais e mensais de compras, bem como a sazonalidade das frutas, verduras e legumes. O sistema integra as informações de cerca de 900 pequenos produtores que fornecem os itens à foodtech. Sendo assim, plantio e colheita passam a acontecer de forma sincronizada.
“Trabalhamos com tecnologia proprietária de ponta a ponta. Dessa forma, com base nos nossos 70 mil clientes, temos condições de saber o quanto de banana, por exemplo, precisaremos daqui a um ano. Isso é importante para o produtor, porque um grande problema do setor é escoamento de produção a preço justo. Além disso, conseguimos reduzir o desperdício. A Raízs tem média de menos de 2% de itens perdidos”, finaliza o CEO.
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