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O que o passado e o presente do esporte nos dizem sobre o futuro?

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Opinião

O que o passado e o presente do esporte nos dizem sobre o futuro?

Os eventos esportivos representam há muito tempo oportunidades de ouro para as marcas. Mas, mais do que isso, também são uma lente pela qual podemos ver com nitidez as mudanças culturais em curso

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18 de julho de 2024 - 9h58

A relação do esporte com questões culturais, sociais, tecnológicas e políticas sempre existiu. Isso também implica dizer que o esporte sempre foi uma lente pela qual podemos ver as principais mudanças em curso na sociedade. Assim como o cinema, a música e as artes em geral, o esporte traz sempre um retrato do espírito do tempo.

E não são poucos os acontecimentos que exemplificam isso. E já que estamos às vésperas das Olimpíadas, acho que vale lembrar de um dos momentos mais emblemáticos nos Jogos Olímpicos de 1968 na Cidade do México, quando os norte-americanos Tommie Smith e John Carlos, se recusaram a cantar o hino dos EUA e reproduziram no pódio a saudação dos Panteras Negras, em protesto à violência policial vivida nos bairros negros.

Se esse acontecimento já está quase completando 60 anos, há também uma história mais recente, dos últimos Jogos em Tóquio, quando Simone Biles abandonou o maior evento esportivo do mundo para priorizar sua saúde mental. O quanto esse episódio não diz sobre nossos tempos e a Sociedade do Cansaço descrita por Byung-Chul Han?

Um outro exemplo, que talvez seja até mais pertinente para quem lida diariamente com a gestão e o posicionamento de marcas, é do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que em 2016 fez um protesto similar àquele dos atletas olímpicos de 1968, se ajoelhando durante a execução do hino americano e se recusando a cantar, também em protesto contra o racismo.

Assim como acontece com quase qualquer manifestação pública por igualdade atualmente, o gesto de Kaepernick gerou uma conversa pouco produtiva e muito polarizada, em especial nas redes sociais. O atleta perdeu espaço na NFL (principal liga de futebol americano), ficando sem clube.

Ainda assim, Colin entrou para história, inspirando outros atletas a se posicionarem sobre o racismo. Em 2018 ele também foi o escolhido pela Nike para estrelar a campanha comemorativa pelos 30 anos do icônico slogan “Just Do It”. Apesar do movimento de boicote à marca e uma queda no preço das ações nos primeiros dias após o lançamento da campanha, o saldo foi positivo para a Nike, que viu aumento nas vendas e valorização das ações no fim das contas. E para além do ganho financeiro, a marca aproveitou a oportunidade para deixar claro seu posicionamento frente a uma questão social que sequer deveria ser polêmica, como o racismo.

Fato é que, mais do que excelentes oportunidades para gerar awareness, os grandes eventos esportivos também são oportunidades únicas para que todas as pessoas que trabalham com gestão de marcas, e que inevitavelmente estão incluídas nas principais conversas culturais contemporâneas, possam calibrar seu olhar para as mudanças em curso. Às vésperas das Olimpíadas, é importante que as marcas – agentes essenciais nestes grandes eventos – tenham isso em mente.

E este é justamente o foco do primeiro capítulo do relatório “Future of Sports”, fruto de uma parceria entre Backslash e Dark Horses, que deixou claro que o momento é de reequilíbrio das desigualdades históricas, levantando pontos como:

A Era da Influência Feminina

Esportes criados por e para homens estão sendo repensados por uma lente inclusiva. Isso vai além da simples celebração da participação das mulheres e da imitação do que funcionou para os homens. A próxima era verá os esportes femininos se tornarem tão populares que começarão a influenciar suas versões masculinas.

Esporte Contra o Sistema

A governança esportiva está repleta de princípios rígidos e costumes ultrapassados. Mas com novos esportes agitando a cena e os antigos assumindo uma atitude anti-establishment, a tradição está sendo desafiada.

O Grande “Regoverno”

O esporte, há muito tempo propriedade cultural do Ocidente, está migrando para o Oriente, à medida que o Oriente Médio e outras regiões têm investido muito dinheiro no segmento. Assistiremos a um grande realinhamento de recursos, influência, valores e controle. Face a essas tensões, utilizar o esporte para unificar ao invés de dividir se tornará mais desafiador e mais importante do que nunca.

Estes são apenas alguns dos tópicos do primeiro capítulo do estudo, intitulado “The Rebalancing Act”, que já está disponível no site do Backslash. Em breve a segunda parte, intitulada “Fandom”, será também publicada.

Para todos que entendem que o esporte é indissociável das questões culturais e do próprio “zeitgeist”, assim como as marcas e a publicidade, vale muito a pena a leitura do relatório, que será publicado em quatro partes no total.

Vou adorar saber o que achou!

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