16 de abril de 2024 - 14h17
Li com maior atenção ainda o especial sobre IA e aí, confesso, a sensação de admiração caiu muito. Não pelo trabalho editorial impecável, mas por constatar como nosso mercado, infelizmente como tem sido décadas pós décadas desde que estou nele – há pelo menos cinco -, continua com um viés recorrentemente conservador, diante das mudanças. E como segue tendo dificuldade de perceber profundidade, preferindo (ou não conseguindo mesmo escapar) da superficialidade for dummies.
Com tudo que foi inovação foi assim: a adoção do computador (sou da época em que não tinha computador nas empresas), o entendimento da inevitabilidade da internet e com que profundidade ela transformaria nosso mercado (se juntar tudo que escrevi sobre isso, dá umas 125 bíblias … e se juntar o monte de asneiras que ouvi e li de que a internet era passageira é uma piada … leiam o M&M de alguns anos atrás… tá tudo lá), a tecnologia transformando digitalmente cada centímetro de tudo que fazemos (com as empresas se recusando terminantemente a adotar a óbvia transformação digital) e, agora, IA. Mesma frivolidade, mesma falta de visão, mesma postura. Tudo igual.
Não vou me estender aqui. Vou focar no chavão comum, que perpetra 90% do especial: IA é importante, mas o que importa mesmo é o ser humano. Ou … máquinas nunca serão criativas e originais. Ou… tudo que as máquinas fazem vem de seres humanos. E clichês assim.
Alguns tópicos para pensamento:
Já há hoje soluções de IA Cognitiva e Generativa que pensam, raciocinam e tem ideias sem nenhum input humano direto;
Máquinas vão programar máquinas, sem qualquer interferência humana;
A capacidade de processamento e a velocidade de soluções das máquinas colocarão em xeque a capacidade de entendimento dos seres humanos, simplesmente porque não vamos entender o que elas estão fazendo.
Também aqui, vou me circunscrever a esse basicão, já que é a ordem das coisas.
A quem me lê, más notícias: o buraco é bem mais embaixo. As transformações exponencialmente mais profundas. As feridas também.
Para concluir, algumas reflexões sobre o âmbito artístico da alma humana.
Máquinas nunca terão alma, mas criarão arte indefinível: se tivesse teste de Turing para obras de arte, elas passariam como humanas. Fácil.
Algoritmos brilhantes são obras de arte.
Música de computador também é música.
Arte de computador também é arte.
Ah… o melhor artigo da edição é o da Nina da Hora. E o melhor trabalho artístico é o da dupla Marie Julie/Nicola Gelbvaks, com as fantásticas, geniais, incríveis peças …Crio a Pessoa Amada em 7 segundos. My God.