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Opinião

Ande e vá atrás da sua coragem

Viver o ideal da gestão de negócios sem fins lucrativos tem sido um grande aprendizado

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14 de agosto de 2024 - 18h15

Quando atuamos com negócios de impacto, é comum confundirem a pessoa que lidera a iniciativa com o cargo que ela ocupa. Com o tempo, fica difícil distinguir habilidades pessoais das competências de um cargo. Parece tudo uma coisa só, mas não é.

Uma liderança se tornar “a cara” da instituição não é bom nem ruim, mas um fato. É por isso que a renovação da equipe é essencial para a longevidade de uma instituição, como comentei no livro que escrevi sobre gestão de negócios sem fins lucrativos.

Exatamente por valorizar essa renovação, instituímos no IAB Brasil eleições anuais de diretoria e conselho, com chance de reeleição. A cada biênio tudo muda, nos impulsionando adiante. Foi assim que trouxemos diversidade de pensamento para a nossa estrutura ao longo dos últimos 12 anos, tanto na diretoria e no conselho quanto na equipe.

No entanto, vinha reparando que existia uma peça que não estava sendo renovada. E essa peça se chamava Cris Camargo. Tenho sido uma constante no IAB Brasil e sei que foi porque mostrei bons resultados.

Só que algo em mim pedia por uma mudança. Mais do que um desejo pessoal, queria mostrar que a estrutura e equipe que criamos são capazes de sustentar o crescimento do IAB Brasil, mesmo sem mim.

E por mais que o nosso estatuto dê conta de muita coisa, ele não prevê como fazer a transição de uma alta liderança. Não há um manual a seguir. E talvez a gente quisesse mesmo um manual para saber como lidar com os sentimentos ambivalentes e as conversas difíceis e  necessárias que precisamos conduzir. Além disso, não dá pra eu sair por aí “procurando emprego” de maneira tradicional. Já imaginou as especulações? Isso pode criar narrativas irreais sobre a instituição e até movimentos oportunistas. Uma boa liderança se preocupa consigo, claro, mas também em manter segura a estrutura que construiu.

Ao decidir renovar o mais alto cargo da associação que conduzo, percebi que se deve ter clareza na decisão e disposição para construir um processo de transição seguro para a equipe que seguirá brilhando. Fiz questão de contar ao time que essa é uma decisão pessoal, um desejo intrínseco de mudança. Também tenho me dedicado a registrar tudo o que posso para que quem vier adiante saiba o que foi feito neste meio-tempo. É uma rotina que exige mais meticulosidade e atenção aos detalhes, mas é isso que mantém a narrativa consistente e a instituição firme até que a próxima liderança ocupe seu devido espaço.

Acredito que a minha saída do IAB Brasil vai deixá-lo ainda mais forte. Construímos uma instituição sólida, um time competente e uma história de transformações importantes. É sobre essa base que sei que a associação continuará crescendo e fazendo um ótimo trabalho.

Esse momento só me lembra que decidir, no final, é apenas uma ideia. Realizá-la, como aprendi no caminho de Santiago, exige a coragem de colocar a decisão em prática. O caminho só existe ao darmos o primeiro passo.

Viver o ideal da gestão de negócios sem fins lucrativos tem sido um grande aprendizado.

O IAB Brasil que ajudei a construir é robusto, e continuarei por perto, como conselheira da associação. Vou observar o trabalho que construí na última década sob um novo ângulo, buscando fortalecer ainda mais a publicidade digital no país.

Achei importante compartilhar essa experiência nesta coluna para inspirar pessoas em processo de transição de carreira e que estão lidando com dúvidas e anseios. Podemos usar esses sentimentos para encontrar saídas e construir novos caminhos.

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