O que vem por aí?

20 de junho de 2023 - 6h00

Crédito: Shutterstock

Todo ano quando vamos programar nossos eventos, sinto no ar a expectativa para falar das tendências, do hype e das coisas novas. E é fantástico estar de olho nisso, mas já reparou que sempre tem novidades chegando para “disruptar” nosso mercado, mas nem sempre elas se consolidam?

Tenho pensado muito nisso nos últimos meses. Será que vale a pena nos angustiar com as potenciais mudanças do futuro? Ainda mais quando temos um monte de questões iminentes para resolver nos nossos cotidianos!
“Cris, mas se ignorarmos o que vem aí, vamos ser atropelados pelo futuro!”, você pode pensar.

Veja bem, longe de mim dizer que não devemos observar as novidades com atenção. É importante pensar nos impactos do metaverso, no quanto o ChatGPT muda nossos processos ou até em como fazer uso da IA na publicidade. Só que ainda existem muitos profissionais escorregando em situações para as quais já conhecemos uma série de boas práticas que se não podem ser aplicadas já, podem fazer a diferença na estratégia do próximo quarter.

Por isso, para o AdTech & Branding deste ano, um dos principais eventos do IAB Brasil voltados para a comunidade da publicidade digital brasileira, decidimos fincar nossos pés no chão, ainda que mantendo os olhos atentos ao horizonte.

Nosso foco será demonstrar a aplicação de tecnologias e novidades na prática, para que a gente possa avançar com a segurança de quem tanto observa o horizonte quanto evita tropeçar nas pedras do caminho. Afinal, o futuro é feito de hipóteses que podem ou não se concretizar, mas o que fazemos hoje para ter resultados amanhã é que fecha a conta no final do mês. E, de quebra, nos dá tranquilidade para observar com calma e serenidade o que está por vir.

Essa visão reforça uma das funções primordiais do IAB Brasil ao longo dos últimos 25 anos, que é expandir o conhecimento sobre as melhores práticas para o mercado da publicidade digital. No início, é comum que elas sejam conhecidas apenas por um grupo pequeno de profissionais, mas para fazer a diferença elas não podem estar concentradas em um grupo específico e sim aproveitadas pelo mercado como um todo.

Seja por guias, comitês ou debates em eventos, queremos compartilhar o trajeto mais recomendado para chegar ao sucesso. Isso porque sabemos que não adianta querer surfar na creator economy sem antes definir seus territórios e “internalizar” o conceito de comunidade na relação com os consumidores. Da mesma maneira, não adianta investir em TV Conectada e direcionar o budget de vídeo para grandes telas sem considerar as peculiaridades dos meios e como o consumidor se comporta nesse contexto. Também não vale a pena implementar o uso de Inteligência

Artificial sem ter estrutura, tecnologia, equipe capacitada ou segurança para garantir a sustentabilidade disso ao longo do tempo.

Inclusive, para este último ponto, vamos trazer um importante debate sobre a abordagem de Data Clean Room (DCR), espécie de sala de segurança que deduplica targets sem expor os dados dos usuários, o que otimiza campanhas sem infringir a privacidade das pessoas. Isso tem um impacto imenso para o nosso setor, tanto que dados do IAB global apontam que 80% dos grandes anunciantes devem fazer uso dessa abordagem até o final deste ano.

Fico ansiosa por esses eventos não apenas pelo conhecimento e informação que vamos compartilhar, mas também pelas conexões, motivação e energia desses encontros. Além de nos atualizar sobre debates importantes para atuarmos de modo mais inteligente, eficiente e sustentável, essas oportunidades nos “obrigam” a abrir espaço na agenda para reencontrar com os colegas e partilhar experiências das mais diversas áreas da publicidade digital.

Particularmente, também espero que esse momento promova um chamado para uma reflexão mais profunda e intensa. Os mais atentos vão reparar que os temas que elencamos para 2023 estão entrelaçados, como movimentos que juntos mudam o jogo. Compreender que a publicidade digital lida com assuntos dinâmicos e interconectados pode dar mais clareza e credibilidade para as argumentações que cada um vai fazer em seus espaços profissionais. Se tudo der certo, as conversas com gestores, equipes e até clientes vão certamente ganhar um outro brilho e significado.

Encontrar o equilíbrio entre estar a par das novidades e saber como superar os obstáculos do cotidiano é um desafio imenso, que parece se renovar todos os anos, a cada debate ou conversa em que compartilhamos que aprendemos com base em experimentação e validação. O que se mantém é essa exponencial de novos patamares, novas linhas guia e novas exigências para construir estratégias de alto nível. A barra parece estar sempre subindo, como aquele simulador de escada da academia, que a cada passo que se dá traz também um novo degrau para subir.

Sei que isso pode parecer desesperador, mas não é assim que eu vejo. Entendo que é o movimento da vida mesmo, que vai mudando contextos, cenários, perspectivas e também nossas respostas a eles. É uma renovação sem fim, e não é para ter mesmo, porque as modificações são líquidas e vem como ondas. O que precisamos aprender a fazer é saber a velocidade do nado que queremos imprimir quando nos apresentarem novas piscinas. Vamos nadar crawl, peito, costas? Difícil saber. O importante é entender como é que a gente pode, como diz a peixinha Dori, continuar a nadar. De preferência com alegria e em boa companhia.