Assinar

TV 3.0: testes estarão em fase final até junho

Buscar
Publicidade
Notícias

TV 3.0: testes estarão em fase final até junho

Presidente do Fórum do SBTVD-T, Raymundo Barros afirma que os primeiros testes da TV 3.0 serão concluídos até junho; ministro das Comunicações diz que nova tecnologia deve ser definida até o fim do ano, com previsão de entrar no ar a partir de 2025

Preencha o formulário abaixo para enviar uma mensagem:


4 de abril de 2024 - 6h03

Presidente do Fórum do SBTVD-T, Raymundo Barros afirma que os primeiros testes da TV 3.0 serão concluídos até junho (Crédito: Divulgação)

TV analógica, TV digital aberta, TV conectada e, agora, TV 3.0, ou TV interativa: próxima de completar 74 anos (a televisão no Brasil teve início comercial em 18 de setembro de 1950, com a inauguração da TV Tupi em São Paulo), a TV aberta, veículo de maior alcance no País e que ainda domina a atração das verbas publicitárias, está prestes a entrar em nova fase.

SBTVD-T e a importância da TV aberta

O Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD-T), ou simplesmente TV digital aberta, foi ao ar pela primeira vez em São Paulo no final de 2007.

Segundo dados da Pnad contínua, do IBGE, de 2021 a 2022, o número de domicílios com TV no País subiu de 69,6 milhões para 71,5 milhões.

No entanto, a proporção de domicílios com TV recuou de 95,5% para 94,4%.

Isso ocorreu em todas as regiões e a maior redução foi no Norte: de 90,7% em 2021 para 89,9% em 2022.

De fato, essa tendência de aumento no contingente e de queda no percentual dos domicílios com televisão ocorreu em toda a série histórica da pesquisa.

TV 3.0, digital, analógica, parabólica

Em 2022, eram 65,5 milhões de domicílios com recepção de sinal analógico ou digital de TV aberta, o equivalente a 91,6% dos domicílios com TV no País.

Ainda, em 23,5% desses domicílios com TV havia antena parabólica (digital ou analógica) com sinal aberto.

Por fim, nas áreas rurais, esse percentual chegava a 54,8% e nas áreas urbanas, a 19,2%.

TV 3.0: anúncio antecipado

Segundo a Agência Brasil, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, antecipou o anúncio da evolução da TV digital para um novo padrão tecnológico, a TV 3.0, lançado nesta quarta-feira, 3, em Brasília.

Fato é que a novidade promete mais qualidade de imagem e acesso mais fácil pela conectividade.

“O grande diferencial vai ser justamente a questão da integração da transmissão da televisão com melhor qualidade de imagem, de som, conectividade com a internet e banda larga” afirmou o ministro.

Ainda, afirmou o ministro, o Brasil é um dos maiores mercados consumidores da TV aberta no mundo e a forma de acesso a esse canal de comunicação passará por revolução.

Assim, a tradicional escolha de canais se substituirá por aplicativos que oferecerão conteúdo, tanto ao vivo quanto por demanda, com navegação mais interativa.

Tecnologia até o final do ano

Assim, de acordo com o ministro, a tecnologia da TV 3.0 deverá ter definições até o final deste ano.

Com isso, a indústria deverá atuar na produção de equipamentos e conversores para efetivar a integração dos sinais abertos com a internet.

De fato, a migração será gradativa e começará pelas grandes capitais, onde o sinal estará disponível inicialmente.

Impactos da TV 3.0

Portanto, a TV 3.0 tem vários impactos para o mercado: na publicidade, para as emissoras e, claro, para o telespectador.

Recentemente, o diretor-presidente da Globo, Paulo Marinho revelou que a emissora, agora, tem como foco a TV 3.0.

Ainda, o executivo afirmou que os testes de TV 3.0 devem ter início em 2025 para que o modelo já esteja disponível em 2026.

Mas, o que muda, efetivamente, em relação ao modelo atual da TV digital terrestre?

Conectividade aprimorada

Em artigo, o presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre, Raymundo Barros, que também é diretor de tecnologia da Globo, afirma que a primeira e mais evidente mudança é a conectividade aprimorada, a união entre a TV com elementos do streaming e dispositivos móveis.

“Não se trata apenas de assistir à televisão em dispositivo tradicional. A integração desses dispositivos e a capacidade de personalizar a experiência televisiva por meio de IA, algoritmos e aplicativos específicos tornará a TV mais acessível e adaptada aos estilos de vida modernos”, diz.

Barros, a seguir, dá mais detalhes sobre as implicações da evolução da TV digital para o padrão TV 3.0:

Fase final dos testes da tecnologia

ProXXIma – Em abril do ano passado, foi publicado decreto com diretrizes que marcam a evolução do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T) para a TV 3.0.

Ainda, a determinação propõe que seja criado um grupo de trabalho que será responsável pelos estudos, com o objetivo de apoiar a implementação e uso de tecnologia pelas emissoras.

Como está esse processo por parte do Fórum?

Raymundo Barros – O grupo de trabalho atua por meio da regulamentação e supervisão abrangente dos estudos técnicos conduzidos pelo Fórum do SBTVD.

O Fórum está, atualmente, na fase final dos testes das tecnologias de transmissão propostas para integração na TV 3.0.

De fato, estima-se que esses testes serão concluídos até junho de 2024.

Assim, após essa etapa, o Grupo de Trabalho TV 3.0 deverá analisar os resultados dos estudos e encaminhar suas recomendações sobre as tecnologias do padrão tecnológico à Presidência da República, que tomará a decisão final sobre sua adoção.

ProXXIma – O Fórum é responsável pelo processo de digitalização da TV terrestre no País. Como está essa digitalização atualmente e o quanto está preparada para a atualização da TV 3.0?

Barros – A digitalização da TV terrestre no Brasil está em andamento, através do Programa Digitaliza Brasil.

Assim como foi a evolução do sinal digital como o temos hoje, a transição para a TV 3.0 será de forma gradual devido ao tamanho continental do País.

Portanto, é crucial que as emissoras estejam prontas para adotar as novas tecnologias e funcionalidades oferecidas pela TV 3.0, prevista para 2025.

Anunciantes e agências

ProXXIma – A TV 3.0 permitirá algumas funcionalidades como maior regionalização, que permite reutilizar o mesmo canal de TV em transmissores vizinhos que transmitem programações diferentes. Isso tem impacto sobre a publicidade, notadamente a regional.

De que forma anunciantes e agências poderão trabalhar nesse contexto?

Barros – Para os anunciantes, abrem-se diversas novas janelas de exibição, inclusive com opções de menor custo do que as atualmente disponíveis em televisão aberta, devido à maior segmentação geográfica do sinal aberto transmitido pelo ar e devido à personalização do conteúdo transmitido sob demanda pela internet de acordo com o perfil e as preferências do telespectador.

Assim, para as emissoras, abre-se a possibilidade de oferecer conteúdo de maior qualidade e relevância para os telespectadores, ao mesmo tempo em que favorece a sustentabilidade econômica da oferta do serviço de TV aberta e gratuita ao oferecer novas janelas comerciais.

ProXXIma – O padrão também permitirá o acesso ao conteúdo transmitido pela internet, com a possibilidade de combinar a segmentação geográfica e de perfil.

Nesse caso, de inserção de publicidade pela internet, como isso funcionará?

Barros – O Projeto TV 3.0 permitirá dois níveis de customização de conteúdo (seja de programação ou de publicidade):

– Uma maior segmentação geográfica (devido à capacidade de reusar o mesmo canal em diferentes estações transmissoras com diferentes conteúdos locais da mesma rede) e

– Uma personalização de acordo com o perfil e as preferências do telespectador (devido à facilidade de comutar de forma transparente entre os conteúdos ao vivo mais populares que são transmitidos para todos de forma aberta pelo ar e os conteúdos personalizados que são transmitidos sob demanda pela internet)

TV conectada & TV 3.0

ProXXIma – Em que medida a TV conectada, que já tem grande penetração entre os brasileiros, pode se interconectar com a TV 3.0?

Barros – A TV 3.0 é, de forma literal, a união de sinal aberto com banda larga.

O novo sistema terá integração maior com a internet.

Isso facilita a comutação transparente entre os conteúdos ao vivo mais populares, com transmissão para todos de forma aberta pelo ar, e os conteúdos personalizados, com transmissão sob demanda pela internet.

Ainda, o novo sistema também trará mais qualidade de áudio (imersivo e personalizável) e vídeo (UHD, HDR).

Além de novos recursos de acessibilidade e de alerta de emergência.

Por fim, a navegação não será mais por canais, mas por apps, assim como já fazemos nos smartphones.

De fato, tudo isso sem que a TV deixe de ser aberta e gratuita.

Qualidade de áudio e vídeo

ProXXIma – Tanto o áudio quanto o vídeo devem passar a outros patamares de qualidade na TV 3.0. O que isso impacta para o consumidor?

Barros – Como a TV 3.0 é a próxima geração de sinal digital, haverá maior oferta de qualidade de áudio (imersivo e personalizável) e vídeo (UHD, HDR), além de novos recursos de acessibilidade e de alerta de emergência.

Dessa forma, as novas possibilidades de customização geográfica e por perfil permitirão a oferta de conteúdos mais relevantes para cada telespectador.

E tudo isso de forma aberta e gratuita.

TV e celular

ProXXIma – A TV aberta já é, agora, acessível por dispositivos como celulares, assim como conteúdo gratuito de streaming.

Isso se intensificará na TV 3.0? De que formas?

Barros – A acessibilidade da TV aberta por meio de dispositivos como celulares e o conteúdo gratuito de streaming já se consolidaram como realidade e isso certamente continuará a se intensificar com a TV 3.0.

Portanto, novas formas de interatividade e integração entre dispositivos se desenvolverão para aprimorar a experiência do espectador.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • O que falta para que a TV 3.0 seja implantada no Brasil?

    O que falta para que a TV 3.0 seja implantada no Brasil?

    Ecossistema encara desafios como custo e aquisição de novos receptores e sincronia entre redes das geradoras e retransmissoras

  • Jornalismo na era 4.0: desafios e saídas

    Jornalismo na era 4.0: desafios e saídas

    Pyr Marcondes apresenta livro baseado em seus artigos para ajudar jornalistas a se adaptarem às transformações da produção de conteúdo