O que falta para que a TV 3.0 seja implantada no Brasil?
Ecossistema encara desafios como custo e aquisição de novos receptores e sincronia entre redes das geradoras e retransmissoras
O que falta para que a TV 3.0 seja implantada no Brasil?
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Giovana Oréfice
14 de outubro de 2024 - 6h03
Em julho deste ano, o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD) finalizou as recomendações do stack de tecnologia da TV 3.0 com a decisão sobre a tecnologia da camada física.
Desde 2020, o Fórum atua junto ao Ministério das Comunicações (MCom), as diversas universidades e membros dos setores de radiodifusão, às indústrias de transmissão, recepção e software.
Essa comunicação se relaciona ao desenvolvimento de estudos sobre as inovações tecnológicas que poderão compor a DTV+, ou TV 3.0
O lançamento da nova marca da TV 3.0, DTV+, aconteceu em agosto, durante a SET Expo.
E é “sinônimo de TV aberta”, conforme explica Tiago Nunes Tolentino, executivo de assuntos regulatórios da Globo e membro do módulo de promoção do Fórum SBTVD.
“Ela precisará se tornar conhecida de toda a população para que seja reconhecida e desejada pelos telespectadores que buscam experiência de assistir TV cada vez melhor”, diz.
Esse é o grande desafio sobre o qual o Fórum SBTVD começa a se debruçar a partir de agora, complementa Tolentino.
Raymundo Barros, presidente do Fórum SBTVD, afirma que o fim das recomendações se traduz em passo importante para o avanço da terceira geração da televisão digital aberta e gratuita.
Dessa forma, com a novidade, o telespectador não navegará mais numa lista de canais lineares, e sim em catálogo de aplicativos de TV aberta.
“Tudo será feito de forma natural e transparente para os telespectadores, o que reduz a complexidade que existe para alternar entre conteúdos oferecidos pela TV aberta e pela internet em plataformas completamente separadas”, explica Barros.
O Fórum SBTVD recomenda a adoção da camada física do ATSC 3.0, tecnologia similar à que está em operação nos Estados Unidos e Coreia do Sul.
Portanto, ambos os países já contam com operações de TV 3.0.
Porém, no Brasil, haveria a adição de ferramentas de eficiência espectral e energética, bem como as de identificação do transmissor pelo ar que permitem a segmentação geográfica de conteúdos e alertas de emergência.
Ainda, em abril, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que o novo padrão tem previsão para começar a implantação já em 2025, de forma voluntária.
A declaração foi feita durante participação no NAB Show, em Las Vegas, nos EUA.
Mas, apesar dos debates e testes, a adoção em larga escala dependerá da superação de uma série de obstáculos.
Assim, para Alfonso Aurin, diretor de tecnologia e operações do SBT, o principal desafio e consequente sucesso dependerá do custo e da aquisição pela população dos novos receptores ou setup boxes.
“A TV 3.0 somente apresentará resultado para as emissoras no momento em que a base de domicílios com TV 3.0 for significativa”, afirma Aurin.
Ainda, completa, até que essa base se consolide, precisará se manter o simulcast e conviver com ambas as formas de comercialização: CPM tradicional e CPM por target e geolocalização.
De qualquer forma, a implementação total no Brasil, diz, deverá levar alguns anos.
A emissora está em fase de projetos e adequação da infraestrutura para atender ao novo momento, com foco na produção, pós-produção e armazenamento de conteúdo em resolução 4K.
Além disso, já pavimenta os caminhos para a próxima geração da televisão com o recente lançamento do +SBT.
Dessa forma, o Fórum SBTVD considera a necessidade da orquestração das redes das geradoras e retransmissoras, bem como o ecossistema de afiliadas.
As transmissões broadcast integradas com streaming precisarão estar em sincronia.
Portanto, haverá permanente fluxo de comandos entre as duas redes.
Ora o telespectador navegará em busca de conteúdo IP, ora retornará para as transmissões broadcast.
Barros cita, ainda, a redução dos custos de transmissão através de operação conjunta entre várias emissoras como desafio das transmissões móveis da TV 3.0.
E, por trás disso tudo, ainda há as questões relativas ao core de rede.
Ainda, a missão é entregar para o usuário final, ou seja, o telespectador, acesso de configuração simples, direta e intuitiva a partir de mínima intervenção.
A fragmentação do mercado e a diversidade de plataformas podem impactar a implementação da TV 3.0?
Contudo, o diretor do SBT comenta que essa fragmentação já exige que as emissoras adotem estratégias diferentes para atender aos perfis de consumidores.
Além disso, poderá facilitar, por meio de ferramentas de análise de dados e inteligência artificial (IA), parcerias entre diferentes players .
Esses players – emissoras, plataformas de streaming e produtoras -, poderão criar conteúdo que utilize a tecnologia da TV 3.0 de forma eficaz, declara Aurin.
Assim, para os anunciantes, será possível realizar maior segmentação de público.
E oferecer anúncios mais relevantes e diferentes de forma simultânea para perfis específicos de telespectadores.
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