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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Quando é preciso reaprender a sonhar? A base do SXSW é humana!

No fim das contas, o que fica claro para mim é que o SXSW é muito mais do que um evento de tendências e hypes


13 de março de 2024 - 13h54

Para a edição de 2024 do SXSW, a minha segunda por aqui, resolvi fazer um pouco diferente do que fiz no ano passado. Além da agenda regular de sessões, painéis e ativações ligadas diretamente ao meu trabalho e a hobbies pessoais, procurei separar um tempo maior para me conectar com outras pessoas.

A ideia era simples e direta: ter mais trocas reais, de peito aberto, sem aquela pegada de ficar o tempo inteiro tentando entender como a outra pessoa poderia ser relevante para mim ou para a minha empresa. Parece fácil, mas em eventos tão grandes como esse, muitas vezes o papo acontece de uma forma mecanizada, com o final da conversa caminhando quase sempre para termos um vendedor e um comprador.

Para conseguir me expor mais a essas situações (afinal, o lema aqui não é esperar o inesperado?), adotei três princípios simples: o primeiro é que todo lugar é lugar para se conhecer alguém incrível; o segundo é tentar adiar ao máximo falar sobre a minha empresa e o que eu faço nela; e o terceiro, mas não menos importante, de que a conversa não precisaria, necessariamente, envolver uma troca de contatos.

Ainda faltam alguns dias e tenho certeza de que irei conhecer outras pessoas incríveis por aqui, mas ao aplicar estes princípios, consegui ouvir histórias que expandiram a minha mente sobre o que as pessoas de fato esperam ao vir para cá. Mas um tópico específico me chamou a atenção: o que fazer depois de atingir um sonho?

Ao longo da nossa existência, sempre se fala muito do sonhar, ou seja, como empregar esforços para tentar realizar um ou vários desejos. Porém, o que acontece depois que a gente chega lá? Você já parou para refletir sobre isso?

Aqui em Austin, ao contrário do que o senso comum possa pregar, as pessoas não estão em busca apenas da próxima grande tacada tech ou de temas de alto potencial, mas ainda pouco explorados, como psicodélicos. Tem muita gente que vem até o evento buscando um novo sentido para a vida.

Por aqui, encontrei com um empreendedor do ramo da tecnologia que conseguiu realizar um bom exit do seu negócio, mas que agora, separado de sua criação, se sente completamente perdido. Está, inclusive, se questionando se de fato considera a sua trajetória um sucesso ou um fracasso.

Também, ao acompanhar o famoso vôo dos morcegos em cima da ponte, tive trocas com uma ex-executiva, financeiramente muito bem resolvida e com passagens por empresas de relevância internacional, que está sentindo falta de “sujar as mãos” na operação do dia a dia de uma companhia. Entre os fatores que hoje a assombram, estão a questão da idade – “Será que não é muito tarde para isso?” e, também, uma eventual dificuldade de recomeçar em camadas mais inferiores da hierarquia tradicional de empresas.

Conheci também um experiente profissional que não aguenta mais fazer parte de conselhos consultivos. Ao vender a sua empresa, optou por dedicar seu tempo investindo e ajudando startups e empreendedores dentro do seu segmento. Entretanto, por se sentir subaproveitado desta forma e completamente afastado da “adrenalina” do dia a dia, veio para cá em busca de um insight que pudesse resgatar a sua energia.

Todos os casos acima são de pessoas completamente diferentes: países, sexo, idade e segmentos de trabalho. Em comum, apenas o fato de que todos eles estavam totalmente abertos a explorar quaisquer possibilidades e, também, à espera de que a atmosfera do evento pudesse contribuir para o surgimento de um novo sonho, uma nova esperança.

No fim das contas, o que fica claro para mim é que o SXSW é muito mais do que um evento de tendências e hypes. Ele é capaz de oferecer a cura para quase todos os medos e, também, a fagulha necessária para fazer as pessoas voltarem a sonhar.

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