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Quarta edição do 30 Under 30 destacará talentos da geração Z

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Talento

Quarta edição do 30 Under 30 destacará talentos da geração Z

Quarta edição da lista de Meio & Mensagem será divulgada em junho e reunirá profissionais de até 30 anos que transformam o mercado de comunicação, marketing e mídia


24 de março de 2025 - 6h00

A geração Z já representa um quarto da força de trabalho global, segundo dados da consultoria McKinsey. Em 2030, o percentual deve subir para 30%. Mundialmente, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), o grupo corresponde a 32% da população. No Brasil, somam 47 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desses jovens, 48% são economicamente ativos e fazem parte do mercado de trabalho.

Asaph Agatha Luccas, Ricardo Silvestre, Michelle Gorodski e Roma Joana figuraram na lista 30 Under 30 em 2021 (Crédito: Divulgação/Jordan Vilas/ Divulgação/Divulgação)

Há divergências em relação a qual faixa etária se refere à geração Z. Alguns institutos de pesquisa apontam aqueles que nasceram entre 1995 e 2010, outros, traçam o intervalo entre 1997 e 2012. Fato é que todos possuem menos de 30 anos atualmente e são nativos digitais, o que lhes concede benefícios em diversas esferas, como maior facilidade para lidar com a velocidade das transformações tecnológicas e para manter-se antenado e alinhado às mudanças culturais.

Com a proposta de reconhecer e dar visibilidade a profissionais com potencial transformador dos mercados de comunicação, marketing e mídia, Meio & Mensagem publicará, neste ano, a quarta edição do projeto 30 Under 30. A lista apresentará 30 talentos abaixo dos 30 anos. Essa será a primeira vez em que a lista será composta majoritariamente, se não completamente, por pessoas da geração Z.

Processo de seleção da lista 30 Under 30

O lançamento oficial dos nomes do 30 Under 30 2025 será na edição semanal que circula com data de capa de 2 de junho. As edições anteriores do projeto foram em 2008, 2013 e 2021. Relembre aqui.

A seleção dos nomes envolve uma fase inicial de levantamento pela equipe editorial de Meio & Mensagem. Posteriormente, a empresa convida os assinantes do Círculo Liderança, de Meio & Mensagem, a mandarem as suas indicações.

O prazo para o envio das sugestões começa nesta segunda-feira, 24, e termina na sexta-feira, dia 11 de abril. Após essas duas fases, a equipe editorial volta a realizar pesquisas e consultas com lideranças do mercado para definir a lista final.

Na edição anterior, em 2021, a lista incluiu profissionais millennials e da geração Z. Na ocasião, a equipe editorial de Meio & Mensagem avaliou nomes de 230 profissionais.

Confiança para inovar

Asaph Agatha Luccas, diretora de cena na Miss Sunshine Films (Crédito: Divulgação)

Com 26 anos na época da lista – e atualmente com 30 -, Asaph Agatha Luccas compara o reconhecimento da lista como mais uma abertura de portas para novas novas conexões e para o fortalecimento da percepção de credibilidade no mercado.

“A verdadeira mudança na carreira não vem só do título, vem do trabalho contínuo, das parcerias certas e da consistência. A lista foi um marco importante, mas é essencial seguir cavando espaço e garantindo que essa visibilidade se converta em projetos concretos”, coloca.

Na época, Asaph era diretora de cena na Rebolucion e cofundadora do coletivo Gleba do Pêssego, formado por profissionais LGBTs do audiovisual da periferia da Grande São Paulo. Desde então, foi diretora da Tropical Film e, desde fevereiro deste ano, ocupa o cargo de diretora de cena na Miss Sunshine Films. A profissional segue atuando no Coletivo Gleba do Pêssego.

Nos últimos quatro anos, Asaph descreve ter encontrado equilíbrio entre seu trabalho na publicidade e trabalhos autorais e para o cinema. A diretora passou a abraçar projetos maiores, dirigiu campanhas internacionais, colaborou com demais produtoras e explorou novas experiências narrativas.

“Fui entendendo melhor os desafios de ocupar certos espaços e, mais do que nunca, reforçando a importância de construir pontes para quem vem depois. Hoje, estou focada em contar histórias que realmente me interessam, com integridade criativa e impacto real”, divide.

Michelle Gorodski, diretora criativa da 404 Design & Innovation (Crédito: Divulgação)

Michelle Gorodski, atual diretora criativa da 404 Design & Innovation, acredita que a lista aponta que o profissional indicado está no caminho certo, “o que dá uma confiança de seguir e saber que temos mais pessoas maravilhosas no caminho para podermos contar”, diz. À época com 24 anos, Michelle era redatora sênior da AlmapBBDO. A profissional seguiu para Droga5 antes de ingressar, em fevereiro, na empresa de design e inovação da Galeria.

Atualmente, Michelle também é professora na Miami Ad School e aprendeu, nos últimos quatro anos, a assumir mais responsabilidades, lidar com pessoas, entender desafios, demandas, urgências e conseguir conciliar tudo à construção de um ambiente de trabalho mais saudável, que é uma demanda crescente nos últimos anos. A demanda virou projeto público. A partir de maio, empresas brasileiras deverão incluir uma avaliação de riscos psicossociais na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho.

Consolidação de carreiras empreendedoras

Ricardo Silvestre, fundador e CEO da Black Influence (Crédito: Jordan Vilas)

Ao mesmo tempo em que a lista trouxe novas oportunidades para profissionais como Asaph e Michelle, que ocupavam cadeiras em produtoras e agências, ser reconhecido pelo projeto ajudou também a consolidar a trajetória de empreendedores com negócios próprios, como é o caso de Ricardo Silvestre, fundador e CEO da agência de marketing de influência Black Influence, dedicada a potencializar talentos pretos.

Silvestre fundou a agência em 2019, aos 23 anos, depois de passagens Metrô News, Clarion Events, Young & Rubicam, Isobar, Tribal Worldwide Brasil, F/Nazca Saatchi & Saatchi e Africa. “Ser reconhecido na lista foi um marco tanto para mim quanto para a Black Influence, consolidando nossa presença em um setor altamente competitivo”, coloca.

Depois de sair na lista, aos 25 anos, Silvestre integrou o board do MMA Latin America até 2024 e é, ainda hoje, mentor do youPix hub. Na sua percepção, destacar jovens talentos aponta caminhos para inovação e para o futuro da indústria.

“O mercado da comunicação precisa constantemente de renovação, com novas ideias, criatividade e, acima de tudo, coragem para inovar. Muitas vezes, são os mais jovens que trazem essa inquietação e vontade de fazer diferente. Por isso, listas como a 30 Under 30 são tão relevantes: elas não apenas reconhecem talentos promissores, mas também antecipam quem estará moldando o futuro da indústria”, pontua.

Roma Joana, diretora de cena da MyMama (Crédito: Divulgação)

A coragem para inovar foi uma consequência do reconhecimento que a lista de 2021 deu para Roma Joana, na época com 28 anos e design leader da Soko (atual Droga5). Depois da publicação, a profissional foi head de art e craft na AlmapBBDO por dois anos, até ser escalada como diretora de cena da MyMama, marcando uma transição de carreira de agências para produtoras.

“Esse movimento me permitiu ampliar a minha visão criativa, explorando novos formatos, estéticas e narrativas. A direção de cena e a criação audiovisual me deram a liberdade de expressar minha visão artística de uma maneira mais profunda e impactante”, coloca.

Roma também ajudou a fundar e é líder do estúdio criativo Fatal, com foco em craft e design, composto por uma rede transdisciplinar de profissionais majoritariamente LGBTQIAP+. A criação do estúdio lhe colocou em posição de liderança e referência para demais profissionais do mercado que buscam autonomia criativa, descreve. “Estar ali [na lista] também me deu mais segurança para ser ainda mais audaciosa nas minhas escolhas criativas, mesmo num mercado que, muitas vezes, pode ser conservador”, pontua.

Desafios adiante

Na perspectiva dos profissionais já contemplados pelo projeto 30 Under 30, as listas de talentos têm o potencial de abrir portas para novos públicos e direcionar um holofote para carreira de uma série de profissionais emergentes. Elas também refletem uma parte do mercado da qual se baseiam. Talentos que quebram padrões e inovam, criando uma rede na qual se inspirar. “Para pessoas como eu, que vêm de contextos e trajetórias não tão tradicionais ou visíveis, elas são uma forma de amplificar vozes que muitas vezes são silenciadas”, opina Roma Joana. “o que realmente me interessa é quando elas refletem uma mudança de paradigma, quando mostram que o mercado está, de fato, se abrindo para vozes que historicamente ficaram de fora”, complementa Asaph.

A indústria publicitária atual não reflete essa pluralidade como há quatro anos atrás. No mundo, empresas têm voltado atrás em políticas e programas pró-diversidade e inclusão. Nos Estados Unidos, diversidade na indústria do marketing caiu pela primeira vez em anos, apontou o Relatório Anual de Diversidade para a Indústria de Publicidade/Marketing da Associação de Anunciantes Nacionais (da sigla em inglês, ANA). Esse indicador vivia crescimento desde 2019.

“A indústria, muitas vezes, tem dificuldade de imaginar o potencial do novo. Existe um apego a caixas pré-definidas – e isso vale para tudo: gênero, raça, estética, narrativa. Ainda é um desafio extrapolar essas caixas para conquistar novas possibilidades de projetos”, considera Asaph.

O enfraquecimento da pauta desafia o mercado a criar novas práticas e condições para que jovens talentos de diferentes origens, raça, gênero e orientação sexual possam ganhar visibilidade e traçar caminhos plurais, transformadores e inovadores.

“Há ainda muitos desafios na prática, principalmente quando se trata de quebrar estigmas e preconceitos que existem em diferentes esferas da comunicação. Eu acredito que a oportunidade está em continuar trazendo essa pluralidade para os projetos, sem abrir mão da minha autenticidade. O desafio é garantir que essa inclusão seja mais do que uma tendência e que realmente se reflita na estrutura das empresas e na forma como os projetos são pensados”, divide Roma Joana.

Abrir portas para uma nova geração de profissionais que desafiam o status-quo nos modelos de trabalho, relações corporativas, valores, missões e princípios pode ser benéfico. “São pessoas que se recusam a aceitar práticas ultrapassadas que outros toleraram no passado. E isso é extremamente positivo. Só teremos uma comunicação realmente transformadora se questionarmos velhos hábitos e buscarmos mudanças estruturais. Fico feliz que essa nova geração não aceite bullshitagem. Prefiro lidar com dez profissionais da geração Z que questionam o status quo do que com um millennial superqualificado, mas conformado. A mudança nasce do incômodo”, declara Silvestre.

Somado às discussões ligadas a novos modelos de trabalho fortalecidos em decorrência da pandemia da Covid-19, as oportunidades e desafios advindos do avanço da tecnologia, como a revolução à espreita trazida pela inteligência artificial, os profissionais de 2021 ainda veem oportunidades em relações às novas plataformas, formatos e possibilidades de criar conexões autênticas entre marcas e consumidores, aponta Michelle. A chegada do novo, e dos novos profissionais, pode impulsionar as transformações positivas, opina: “Tudo que é novo e que chega de fato para agregar é ótimo. O que fica igual deveria assustar mais que a chegada do novo, mesmo que seja apenas para trazer uma perspectiva nova”.

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