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Talento

Construção de soluções relevantes

“Todo mundo tem a oportunidade de ter uma atitude empreendedora e uma atitude criativa”, afirma Gian Martinez


4 de junho de 2021 - 18h58

Formado em publicidade e propaganda pela PUC-RJ, Gian Martinez passou por grandes empresas de comunicação como NBS e JWT. Mas foi na Coca-Cola, no cargo de gerente de excelência criativa, onde liderou time incumbido de solucionar um dos principais desafios da marca na era digital. Por isso, em 2013, Martinez foi um dos selecionados na segunda edição do projeto 30 Under 30, do Meio & Mensagem. No ano seguinte, após sete anos na multinacional, Gian, utilizando inteligência artificial, machine learning e outras tecnologias, desenvolveu produto capaz de mapear tendências emergentes de acordo com múltiplas variáveis, como setor, público-alvo e objetivo de negócios, permitindo que marcas e agências ajam rapidamente para criar produtos, ações e estratégias. Assim nasceu a Winnin. Nesta entrevista, o co-founder e CEO da martech analisa os desafios de deixar uma grande empresa para empreender no Brasil.

Gian Martinez, co-founder e CEO da Winnin (crédito: André Valentim)

Meio & Mensagem — O que o motivou a deixar as grandes empresas e a empreender no mercado de marketing?
Gian Martinez — Uma coisa que sempre me acompanhou foi uma inquietude de tentar fazer as coisas de um jeito melhor, de tentar melhorar os processos, a forma de se fazer marketing. Sempre tive essa paixão por entender como poderia contribuir para evoluir a forma de fazer as coisas, principalmente a forma de criar, como poderia evoluir o processo criativo. E, em algum momento, entendi, já estava há sete anos na Coca, que para continuar fazendo isso, a tecnologia seria fundamental. Não dava para dar o próximo passo sem desenvolver tecnologia para isso. E sentia que, talvez, se fizesse isso de fora da empresa em que eu trabalhava, conseguiria ir mais rápido do que se tentasse fazer lá de dentro. Então, foi isso que me motivou a dar este passo e começar a jornada de Winnin.

M&M — Como foi essa transição de funcionário para empreendedor?
Gian — Sempre conto para os nossos investidores que foi uma jornada quase clichê de startup, em que você começa falando “olha, eu quero chegar na Lua, sei o problema que quero resolver, mas nunca fiz um foguete antes, não tenho a menor ideia de como chegar lá”. Apollo I explode, Apollo II não sai do lugar, mas, enfim, com o tempo, com persistência, foco no problema e paixão por aquilo que está fazendo, acaba entrando no caminho e construindo o foguete. Agora, seis anos depois, já conseguimos desenvolver uma solução que realmente tem muito valor para os nossos clientes e vem escalando. Foi uma transição de muito aprendizado, de coragem, primeiro, e, depois, também, de humildade para entender que não sabia de muitas coisas, mas que abraçando a jornada e tendo esse foco, em algum momento, eventualmente, chegaria lá.

M&M — Quais foram os principais desafios para criar a empresa?
Gian — O primeiro grande desafio é ter à sua volta quem te dê apoio para isso, quem apoia a sua loucura, quem te dê forças e coragem para seguir em frente. Quando decidi dar esse passo, todo mundo achava que era uma ideia muito maluca, eu estava muito bem na Coca, tinha uma posição onde era muito feliz e estava fazendo muitas coisas legais, mas saí. Me perguntavam “o que você vai fazer, Gian?” e eu falava “vou fazer um site de batalhas de vídeos”. Então, a primeira coisa realmente é se apoiar naqueles que te apoiarão e te ajudarão, porque você precisará de muita ajuda nessa jornada. Tendo já a coragem de se jogar, se arriscar e começar essa jornada, a segunda barreira é realmente não perder o foco, ter o foco em um problema específico que você domine, que você preferencialmente já tenha vivido na pele. Foi isso que fizemos. Não conto só pela nossa história na Winnin, mas também de muitos empreendedores que são meus amigos e que viraram uma inspiração. Passa muito por aí, por você ter um foco e uma rede de apoio que te impulsione para frente.

M&M — Qual foi o impacto dessa mudança no seu desenvolvimento profissional?
Gian — Foi um impacto imenso. Sempre falei na nossa história a seguinte frase: “se tudo der errado, já deu certo”. Se por acaso eu falir e a jornada tiver que ser encerra da, já aprendi tanto e sou hoje um profissional tão melhor, tão mais completo do que era quando não tinha feito isso, que já deu certo. Sou muito grato por ter feito isso e estimulo muito que todo mundo, até no nosso time mesmo, tenha esse espírito empreendedor, porque empreender não tem a ver só com sair de uma empresa para criar outra, tem a ver com ter essa atitude empreendedora mesmo dentro da empresa em que você trabalha. Acredito muito nisso. É muito importante não ter a ilusão de que será uma jornada sem dores e machucados no caminho, porque é difícil, é muito desafiador. É desconfortável por definição. Quando você tenta fazer uma coisa que nunca fez antes, isso trará uma série de desconfortos, mas o grande segredo é ter esse mindset de ter prazer nesses desconfortos, de ver valor nisso, achar isso incrível, se estimular por isso e saber que cada um deles te ajudará a crescer e evoluir.

M&M — No atual cenário do mercado, o que falaria para um jovem profissional que planeja empreender?
Gian — Falaria que estamos no melhor momento da história para isso. Todo mundo tem a oportunidade de ter uma atitude empreendedora e uma atitude criativa. Todo mundo é criativo e todo mundo tem a capacidade de criar soluções para problemas. Estamos na melhor época do mundo para se fazer isso. Acredito muito que, independentemente da sua área de atuação, do tipo de relação de trabalho que você quer ter, todo mundo precisa abraçar essa atitude empreendedora, porque isso só ajudará. É uma atitude de ter humildade, de querer aprender, evoluir, de estar ok com o erro, de ser resiliente, de valorizar o trabalho também, porque tem muito trabalho, nada cai do céu. Enfim, todos esses elementos são valores fundamentais do profissional do futuro. Então, diria para os jovens: “vai nessa direção que coisas boas tendem a surgir”.

M&M — Você diria que a tecnologia é o futuro do trabalho?
Gian — Diria que é o presente, porque o que a tecnologia faz no final é ajudar tudo a ser melhor. Todas as áreas de atuação, todos os processos, todas as etapas de todos os processos, sem dúvida, têm a oportunidade de melhoria, de otimização. Então, todos os profissionais que tiverem esse olhar para o que fazem, de olhar para o seu dia a dia e pensar como ele pode ser melhor e como a tecnologia pode ajudar a tornar ele melhor e mais produtivo, tendem a encontrar oportunidades relevantes e construir soluções relevantes.

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