Novos Talentos - 2016
1º lugar – 85 pontos
Alaska
Fat Bastards
Ao contrário da maior parte da turma que cursava cinema na Faap, Marco Lafer e Gustavo Moraes nunca encararam a publicidade com preconceito. Pelo contrário, enxergaram ali um caminho para poder financiar seus projetos de videoclipe e curtas. Mas, na verdade, acabou acontecendo o caminho inverso. A partir de “66”, clipe dirigido pela dupla para a banda paulistana O Terno, vencedor do Prêmio Multishow, surgiu o primeiro convite de uma agência para um trabalho publicitário. A Publicis propôs para os então recém-formados cineastas que dirigissem um comercial para Neston. Caso desse certo, seriam pagos.
“Se desse errado, nos pagariam um lanche”, brinca Marco. Mas “Surreal” deu muito certo: pensada primeiramente para a internet, a peça agradou tanto o anunciante que ganhou uma versão de 30 segundos para a TV. “Ter esses projetos paralelos acaba trazendo mais trabalho publicitário, porque conseguimos imprimir coisas que talvez não tivéssemos espaço na publicidade. E os criativos acabam enxergando isso”. A partir daí, a Alaska Filmes, cujo escritório ficava no corredor da casa dos pais de Marco, começou a ser procurada por produtoras. “Nem sabíamos direito como funcionava. Achávamos que já éramos uma produtora”, contam.
A transição de clipes para comerciais foi natural, pois são linguagens que, segundo eles, conversam entre si. As próprias influências de ambos ao longo da faculdade — diretores como Michel Gondry, Wes Anderson e Spike Jonze — são exemplos de como é possível transitar entre os dois universos. “A gente sempre procura fazer algo nosso. Em todos os clipes, tenta algo que a gente nunca tenha feito antes”, afirma Gustavo. De todas as propostas recebidas, a da Fat Bastards foi a mais sedutora pela presença do sócio e diretor Pedro Becker.
Assim que a nova dupla viu o trabalho dele, percebeu que era possível fazer publicidade de qualidade no Brasil. Na Fat Bastards — produtora que atua de forma independente, mas com apoio e em sociedade com a Movie&Art —, descobriram que existia o processo de tratamento, que consiste em mandar às agências referências de fotografia, ideias de cenas, algo que ajudou a alavancar o nome da Alaska.
A dupla dirigiu a série de filmes de Skol para a campanha “Verão com Bigodon”, criada pela F/Nazca S&S; “Shit Project”, comercial da AlmapBBDO para Kiss FM; e “Dentaduras”, também da F/Nazca, para Trident, entre outros. Emcomum, os comerciais são marcados pelo que Marco e Gustavo chama de “realidade fantástica”, com influências de animações em 3D da Pixar. “É tudo muito marcado, pois pensamos muito no filme antes, na decupagem. São filmes pouco naturalistas”, caracteriza Marco.
Os diretores orgulham-se de poder trabalhar em projetos nos quais acreditam e conquistar visibilidade com isso. No momento, a Alaska está trabalhando em um filme para Old Spice no México e em dois curtas, um sci-fi sobre androides e uma história de um super-herói adolescente.
(texto e foto publicados originalmente na edição de Meio & Mensagem de 12 de setembro de 2016)