Direção de Filmes - 2011
06º lugar – 22% dos votos
Caito Ortiz
Prodigo
Caito Ortiz está à frente de algumas das campanhas mais interessantes da propaganda brasileira contemporânea, como as dos japoneses da Semp Toshiba e de frentistas da rede Ipiranga. Todas (ou quase) com um denominador comum: a força da personagem. “Meu cinema é todo apoiado em pessoas, em personagens, seja um documentário sobre motoboys, seja um comercial de TV. Contar bem uma história depende necessariamente de personagens interessantes, memoráveis. Acredito e me agarro nisso sempre.”
O caminho que o levou ao trabalho com cinema foi mais feito de coincidências que de certezas: “Basicamente segui dois caminhos paralelos que se encontraram, a fotografia e o teatro. Fiz muito teatro amador na faculdade de economia, que nunca terminei, e estudei muito fotografia, tinha laboratório PB em casa, fotografava incessantemente. Ainda sou assim, câmeras sempre à mão.” Um momento Ortiz localiza na infância, aos sete, oito anos, quando já gostava de contar histórias e se perguntava se existiria tal profissão. “Acredito que isso define o que faço, sou um contador de histórias.”
O diretor é admirador dos filmes com algo a dizer. “Um roteiro inteligente já larga lá na frente, as chances de dar certo são muito maiores. A gente sabe bem quando eles aparecem, são raros, mas existem.”
Para ele, a maior dificuldade de filmar no Brasil é o prazo. “Difícil cuidar bem dos detalhes com prazos muito apertados. O tempo é muito importante em um trabalho diferenciado, impactante. Sem prazo sinto que muita coisa deixa de acontecer, arriscamos menos, ficamos mais na média.”
De positivo, o mercado brasileiro tem a força do coletivo, garante o diretor. “Uma equipe de cinema brasileira é coisa fina, não troco por nada. E cinema é equipe, não se faz nada sozinho, nada.”
A inspiração, ele diz que vai buscar no mundo, na fonte do cotidiano, nas pequenas histórias de todos os dias. “Tenho um trabalho como documentarista que me abastece muito, me oxigena. Observar o outro é um aprendizado infinito”, frisa Ortiz, autor, por exemplo, do documentário “Motoboys – vida loca”.
(texto e foto publicados originalmente na edição de Meio & Mensagem de 21 de março de 2011)