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04º lugar – 40% dos votos
Carlos Manga Jr.

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Direção de Filmes - 2011

04º lugar – 40% dos votos
Carlos Manga Jr.

Paranoid

Carlos Manga Jr., o Manguinha, é fiel representante da estirpe dos grandes narradores de histórias. Da gente capaz de captar, criar e transmitir uma atmosfera precisa para um sentimento ou episódio, cheia de dramaticidade, com o enquadramento perfeito.

Esse modo de contar (e olhar) o mundo, aplicado à publicidade, tem produzido pequenas obras-primas narrativas. Aqui, features e policies de produtos e serviços valem muito menos do que uma conexão emocional com o telespectador.

A propaganda narrativa de Manguinha fica muitas vezes melhor apenas com a eloquência da imagem, em filmes praticamente mudos. É deixar-se levar pela qualidade da história que o narrador conta.

Manguinha descreve o caminho: “Um bom filme primeiro precisa de um bom roteiro. E, por trás do roteiro, uma ideia que participe de um conceito universal, que não é a pegadinha que dura três meses. Por exemplo, o conceito da cerveja Guiness: ‘Boas coisas vêm para quem espera’. Isso é atemporal. E cada vez mais raro na publicidade”.

Do diretor, é mesmo verdade dizer que nasceu com o cinema na veia. Carlos Manga, o pai, é um dos ícones do cinema brasileiro, desde as chanchadas da Atlântida Cinematográfica, com Oscarito e Grande Otelo.

A escolha da mesma profissão do pai foi natural, sem peso. “Na infância, na adolescência, o processo escolheu para mim. Foi como o filho de músico, que, quando vê, já está tocando.” Havia, no caso dele, um porém: o misto de descrença e expectativa que espreita todo filho que se lança na profissão do pai renomado.

Um dia, aos 25 anos, a possível desconfiança que Manguinha ainda pudesse ter da qualidade de seu trabalho se desfez, com as palavras de um mago e amigo, o cineasta Walter Salles Jr, com quem viria a trabalhar na Video Filmes. O diretor exibira dois comerciais que rodara, criados para a grife carioca Cantão, para o mestre avaliar. “Você está pronto, Manguinha, pode continuar. Siga o teu chamado”, comandou. Manguinha continua caminhando de câmera a tiracolo, feliz da vida de ter não só ouvido, mas também, e sobretudo, acreditado naquele chamado.

(texto e foto publicados originalmente na edição de Meio & Mensagem de 21 de março de 2011)

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