Direção de Filmes - 2011

05º lugar – 31% dos votos
Fernando Meirelles

O2 Filmes

Fernando Meirelles deve à TV a formação e ao cinema publicitário o apuro. O começo foi nos anos 80, na produtora Olhar Eletrônico, que montou com colegas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de São Paulo, onde se formou arquiteto. Então, dirigiu, entre outros, episódios de Rá-Tim-Bum, um dos programas infantis de maior sucesso na TV, e de 23a Hora, com o repórter Ernesto Varela, interpretado por Marcelo Tas. Meirelles era o câmera-personagem, chamado de Valdecir. Nos anos 90, a convite de Celso Loducca, estreou na publicidade, com campanha para a Estrela. A O2 Filmes, da qual é sócio, surgiria em 1992.

“Para um diretor, a publicidade é um bom jeito de se manter perto do set, aquecido e em contato com equipamento, equipe e talentos que vêm surgindo. Se tivesse tempo, faria bem mais”, disse Meirelles ao Meio & Mensagem em 2008.

O hoje diretor de cinema internacionalmente consagrado, por longas-metragens como Cidade de Deus e Ensaio sobre a Cegueira, ascendeu justamente ao estado de mestre. Na O2, responde pelo comando de um dos times mais interessantes da história da produção publicitária do País, que combina gente tarimbada e novos talentos.

Com generosidade e humildade, Meirelles tem estimulado o intercâmbio de experiências de todos e aprendido com quem está chegando. Muitos de seus projetos na publicidade, inclusive, têm sido codirigidos propositalmente com gente mais nova.

“De tempos em tempos, tenho a sorte de dividir algum trabalho com ele e inevitavelmente ‘roubo’ dele alguma coisa. Seja na maneira de filmar, seja na maneira de encarar o trabalho, seja na postura como diretor”, confessa Nando Olival, companheiro antigo de direção na O2.

A paixão pelo trabalho meticuloso do diretor também inclui os pares da “concorrência”. “Você já ouviu falar do Pelé? Então, é mais ou menos assim. Dá para falar um monte de coisas, mas o bom mesmo é ver o cara jogar: gênio”, elogia o diretor Fábio Soares, da Mixer, na qualidade de quem já viu Meirelles trabalhar bem de perto.

Atualmente, a propaganda brasileira só pode contar com o diretor na entressafra cinematográfica, entre um e outro projeto de ficção. Foi assim com a campanha recente de Nextel, feita de depoimentos bem pessoais, em locações inusitadas.

Neste momento, por exemplo, Meirelles viaja pela Europa, concentrado na escolha das locações e em toda a pré-produção de seu sexto longa-metragem, 360.

(texto e foto publicados originalmente na edição de Meio & Mensagem de 21 de março de 2011)