Direção de Filmes - 2011
09º lugar – 17% dos votos
Gustavo Leme
Delicatessen
Gustavo Leme tem peregrinado de set em set com uma mensagem: vivamos em paz. Onde há mágoa, raiva, discórdia, urge dissolvê-las o quanto antes. “Busco me sentir bem com o que está sendo filmado. A energia, o astral do set. Se ele está pesado, procuro me concentrar para deixá-lo tranquilo. Quero um bom ambiente no processo inteiro, desde a chegada do roteiro, desde a decupagem do filme. Tento sempre evitar conflitos, crises da agência com o cliente, por exemplo”, contemporiza o diretor.
O cultivo do bom ambiente responde também a uma necessidade muito prática de mercado: a de alta produtividade. Afinal, um filme publicitário no País é (quase) sempre para ontem. “Por causa dos prazos brasileiros, é preciso estar muito focado. É aceitar isso e não ir contra. Não dá para lutar contra eles: cliente, agência, departamento de marketing”, resigna-se o diretor.
Leme logo descobriu que alinhar as órbitas dos planetas cliente, agência e produtora seria muito mais eficiente. “Assim não existe conflito, e o resultado é muito bom.” O diretor, que começou na fotografia de still e estudou direção de fotografia de cinema, para em seguida decidir-se pela direção propriamente dita, só acredita em filme que emociona. “O filme tem que tocar, precisa de alma. Filmes com excesso de pós-produção não me tocam. A ideia, claro, é superimportante. Para ser surpreendido ou emocionado.”
Leme vem sendo reconhecido por um especial talento: o de filmar crianças. Permitiu-se, ademais, arejar a produção de filmes publicitários destinada ao público infantil. “Tem de sair dos filmes clássicos de brinquedo, de uma brincadeirinha no estúdio, levar as crianças para a vida e integrá-las às locações”.
O modo desarmado de trabalhar do diretor vem comprovando a ululante obviedade: que a paz e o bom ambiente dão mais e melhores resultados.
(texto e foto publicados originalmente na edição de Meio & Mensagem de 21 de março de 2011)