Efeitos Especiais - 2011
2º lugar – 34% dos votos
Jarbas Agnelli
AD Studio
Filho do já mítico diretor de arte Laerte Agnelli, um dos artífices da revolução criativa na propaganda brasileira, a partir dos anos 60, Jarbas Agnelli não teve outra opção, exceto a de ser publicitário. “Minha infância foi preenchida por gravações caseiras de novelas de rádio, filmagens, aulas de pintura, desenho com modelos vivos etc. Tinha por volta de dez anos quando ganhei uma câmera Canon Super 8 e gerei horas e horas de filmes de caubói, terror, surfe, skate, stopmotion. Na época não tinha uma definição clara do que queria ser — diretor de arte, diretor, ilustrador, músico —, mas não me imaginava fazendo outra coisa senão aquilo tudo.”
Jarbas teve a sorte, ou a competência, de estar presente em um dos lugares mais interessantes da propaganda nacional: a W/Brasil dos anos 80 e 90. Ali, como diretor de arte, começou a se formar o diretor de cena. O premiadíssimo “A Semana”, para a revista Época, foi o momento decisivo. Jarbas respondeu pela execução do filme, o stopmotion e a trilha, finalizado no próprio computador.
O AD Studio, do qual é sócio, foi o passo seguinte. “Quando me propus a cruzar a linha entre a direção de arte e a direção de filmes, sabia que não me encaixaria num formato convencional. A produtora começou com três premissas nada ortodoxas: finalizaríamos em casa todos os filmes, do começo ao fim. Faríamos as trilhas sonoras dos filmes em que eu dirigisse. E procuraríamos sempre trazer técnicas e linguagens novas aos jobs”, recorda.
Numa comparação com o mercado de propaganda nos Estados Unidos, onde tem filmado, Jarbas se diz “muito feliz de ser diretor de filmes no Brasil”. “Aqui tudo é mais relaxado, menos burocrático — por incrível que pareça. Apesar dos prazos e verbas mais curtos, o processo flui com mais tranquilidade. Há uma confiança no trabalho do diretor. As reuniões não duram dez horas, com 30 pessoas ligadas em um conference call, todos com um microscópio em uma mão e um check list na outra. Os muros entre as pessoas são mais baixos, e transponíveis, avalia.
O processo de aprovação, na opinião do diretor, é o pecado do lado de baixo do Equador. “Um roteiro fica passeando meses entre agência e cliente e, quando finalmente chega à produtora, muitas vezes há apenas duas semanas para pré-produzir, produzir e finalizar. Alguns ajustes nessa área ajudariam a subir a qualidade dos comerciais nacionais”, sugere.
(texto e foto publicados originalmente na edição de Meio & Mensagem de 21 de março de 2011)