Novos Talentos - 2011
5º lugar – 11% dos votos
Mariana Youssef
Fulano Filmes
Mariana Youssef se deu uma missão: a de sempre contribuir com o roteiro que chega às suas mãos. “O diretor pode acrescentar muito, seja na colocação de uma personagem que não estava ali, seja na decupagem. Faço questão de não executar apenas o que está escrito em um roteiro. São gramáticas muito diferentes, a da língua portuguesa e a do cinema”, explica.
Muito dessa valorização do roteiro se deve, diz Mariana, ao fato de ter atuado, durante anos, como redatora publicitária, na posição de quem escrevia o filme para a produtora rodar e reconhecer sua importância para todo o processo.
Sobre o maior obstáculo ao bom comercial no Brasil, a diretora afirma não ter dúvida de que seja mesmo o cronograma sempre apertado. “Mesmo sem verba, um filme com prazo consegue ser feito com maestria. O prazo nos dá tempo de pensar, de buscar soluções, criar maneiras para filmar um roteiro. Mas a falta de prazo não.” Segundo Mariana, a pressa burocratiza a produção, que se acomoda a soluções seguras. “Sempre procuro tentar correr na contramão disso, mas é cada vez mais difícil”, admite.
Exceção à regra resultou num dos filmes de que mais se orgulha de ter dirigido, “Rotina”, para o portal R7. “Tivemos tempo de pensar e propor. Fizemos testes de luz, procura pelas locações perfeitas. Sempre que o trabalho é feito com prazo, calma, com idas e vindas e estudos, o resultado é melhor.”
Entre aqueles que fazem a cabeça de Mariana, os diretores argentinos, como Lucrécia Martel e Paula Hernández, ocupam o primeiro plano. “Filmam de uma maneira muito específica. Têm capacidade de contar histórias simples, banais, mas sempre com um pano de fundo de peso, sempre contextualizando. Isso faz com que o modo de filmar delas seja único.”
O futuro à diretora pertence: sonha com projetos pessoais, com direção livre e autoral, que a propaganda, por sua especificidade, não oferece. “Contar histórias sempre foi uma coisa que me encantou muito. Histórias com humor, principalmente. Virei diretora de comerciais e ainda quero contar histórias como sempre quis. Mas este é um segundo passo.”
(texto e foto publicados originalmente na edição de Meio & Mensagem de 21 de março de 2011)