Novos Talentos - 2011
4º lugar – 13% dos votos
Paulo Gandra
Hungry Man
Paulo Gandra vem aprimorando seu repertório com a melhor relação custo-benefício do mercado: um bom par de sapatos. “Gosto de ficar horas, às vezes até dias, andando nas ruas de São Paulo, entrando em galerias de arte e vendo o movimento, o comportamento das pessoas. Vivemos em uma cidade cosmopolita, onde diversos tipos de culturas interagem de forma frenética, simultaneamente.”
Some-se ao hábito de pedestre convicto o de “rato” de videolocadora, de estudioso dedicado do cinema, e temos um diretor. “Vejo, revejo e pesquiso os mais variados tipos de filmes diariamente.”
Com a convicção de que queria trabalhar com imagem desde o princípio, o primeiro contato de Gandra com o mercado de produção publicitária foi como RTV da AlmapBBDO, aos 17 anos. “A partir disso, fui entender bem como esse desejo se tornaria realidade. Amo o que eu faço e hoje vejo que realmente nasci para isso”, reconhece.
Para realizar um bom filme publicitário, o diretor diz ser fundamental a colaboração efetiva entre a agência, a produtora e o cliente. “Gosto dos tipos de projeto que tenham essa abertura, de procurarmos soluções juntos. Isso ajuda a alinhar o processo.”
Gandra confessa ter atração especial por filmes que possibilitem “contar uma história, com humor inteligente, olhar cinematográfico diferenciado e direção de arte com bastante personalidade”. Sobre seu estilo peculiar de olhar e filmar, sabe que os tempos são velozes, de ventania: “Temos que nos reinventar a cada processo.”
Se o Brasil é um país bom para se filmar, devido ao caráter múltiplo de sua cultura e geografia, de raças e cenários, tem se tornado quase impeditivo por causa do preço, na constatação do diretor. “Muitas vezes, é difícil fazer o que realmente pretendemos por causa de custo. O Brasil está bastante caro, em todos os aspectos. Equipe, equipamento, elementos de arte, figurino, tudo.”
Gandra tem agora como meta se consolidar na profissão. “Como pessoa, como diretor, família — estou prestes a ser pai pela primeira vez.” Aí, então, como um dia o pai fez com ele, vai assistir com o filho a obras do cinema, como Meu Pé de Laranja Lima e Cinema Paradiso. Assim nasce um diretor.
(texto e foto publicados originalmente na edição de Meio & Mensagem de 21 de março de 2011; Paulo Grandra morreu em janeiro de 2012)