New York Times acaba com cargo de ombudsman
O jornal planeja expandir sua plataforma de comentários, de forma que os leitores atuem como editores
O jornal planeja expandir sua plataforma de comentários, de forma que os leitores atuem como editores
O jornal americano The New York Times anunciou a abolição do posto de ombudsman nesta quinta-feira, 1 de junho. Desde 2016, o cargo vinha sendo ocupado por Elizabeth Spayd, que foi a sexta profissional a ocupar a função na publicação. Ela deixa o jornal sem encerrar seu contrato de dois anos, que tinha previsão para acabar em 2018.
“A responsabilidade do ombudsman, de servir como um representante dos leitores, já ultrapassou os limites da redação. Não há nada mais importante para nossa missão e nosso negócio do que fortalecer nossa conexão com leitores. Uma relação tão fundamental não pode ser terceirizada a um único intermediário”, disse Arthur Sulzberger Jr., editor do NYT, em comunicado à redação.
A partir de agora, os leitores servirão como “editores públicos”, e o jornal pretende expandir sua plataforma de comentários com ajuda do Google. De acordo com o editor, atualmente o jornal abre somente 10% de seus artigos a comentários de leitores. “Hoje, nossos seguidores nas mídias sociais e nossos leitores no digital servem coletivamente como um cão de guarda, mais vigilantes do que uma pessoa poderia ser. Nosso responsabilidade é empoderar todas essas pessoas e escutá-las, em vez de canalizar suas vozes em uma única voz”, acrescentou Arthur.
Em um comunicado à Columbia Journalism Review, Elizabeth Spayd disse que o jornal está se reinventando em todas as maneiras possíveis. ” A decisão de acabar com o cargo de ombudsman é parte disso. Estou honrada de ter sido uma das seis pessoas que ocuparam esta cadeira e de estar entre aqueles que tentam manter a grandeza da instituição, mesmo que ela tenha tropeçado em momentos inevitáveis. Imagino que os cinco predecessores concordariam que, mesmo que este seja um trabalho estressante, é também muito gratificante”, disse.
Elizabeth Spayd deve escrever uma coluna final para o jornal. Havia ainda rumores de que a redação NYT estaria insatisfeita com as colunas da ombudsman, mas fontes familiarizadas com a decisão disseram que a mudança não tem nada a ver com a performance de Spayd.
Margaret Sullivan, ex-ombudsman do NYT e agora colunista do Washington Post, tuitou sobre a mudança e disse não estar surpresa com o fim da posição no jornal. “Não posso dizer que estou surpresa, especialmente em um momento de corte de custos nas redações. O que um ombudsman pode quase sempre fazer é colocar pressão e conseguir uma resposta real da direção de um veículo”, disse.
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