Explosão das bets: crescimento, impactos e regulamentação
Em 2024, o Brasil se consolidou como um dos maiores mercados de apostas online, impulsionado por um investimento massivo em publicidade e influenciadores
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Valeria Contado
14 de novembro de 2024 - 19h39
O Brasil se tornou um dos principais mercados em registro de casas de apostas em 2024. Segundo dados da pesquisa Datahub, cedidos à CNN em junho deste ano, o crescimento desse segmento, entre 2021 e abril de 2024, alcançou 734,6%. No ano em questão, o País registrava 26 empresas. Atualmente, já chegou ao número de 219. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva apontou que 25 milhões de pessoas passaram a apostar nos primeiros sete meses 2024, fazendo com que as casas de apostas tivessem uma média de 3,5 milhões de usuários por mês, só no Brasil.
Para conquistar esses consumidores, essas empresas fazem um investimento massivo em comunicação. Elas estão presentes em diversos canais, utilizando estratégias agressivas de marketing de influência, inserções nos intervalos de programas de televisão, patrocinando transmissões esportivas e até mesmo nas camisas de clubes de futebol, como é o caso de Flamengo, São Paulo, Corinthians, Palmeiras feminino e outros 13 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro masculino.
Dados da Kantar Ibope Media – Advertising Insights indicam que, apenas em 2024, considerando o período de janeiro a agosto, os sites de apostas investiram R$ 2,3 bilhões em compra de mídia no Brasil. Os aportes foram feitos por 219 anunciantes e direcionados somente a TV (58% do total) e digital (42%). Além disso, os investimento das bets, nos primeiros oito meses deste ano, representa 5% do total destinado para compra de mídia pelos 300 maiores anunciantes de 2023 em todos os meios.
Esse cenário impõe uma série de desafios aos agentes que atuam nesse marcado. A começar pela regulamentação do setor, que é um processo que está em fase de consolidação ainda. Desde 11 de outubro, apenas os sites de apostas que fizeram o pedido de outorga para operar sob as regras que passam a valer em 1º de janeiro de 2025 poderão continuar em operação. Essas regras obrigam as empresas a terem licenças para operar em solo brasileiro, sob a vigência das leis nacionais, além de regulamentar limites para publicidade, tornando a comunicação mais segura para os consumidores.
Entre as determinações do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), de acordo com os princípios já existentes no Código Geral da entidade, está a de que as empresas de apostas precisam ter o teor comercial identificado nos anúncios. Ou seja, não é permitido publicidade velada dos anunciantes do segmento. A entidade também determina que as bets precisam detalhar, de forma verdadeira, os resultados possíveis das atividades divulgadas, para que os consumidores possam tomar decisões baseadas em elementos reais. Nesse ponto, ficam vedadas as mensagens que façam promessas de ganhos e resultados certos, bem como a divulgação de informações irrealistas sobre a probabilidade de ganhos.
Outro ponto é a relação com influenciadores e personalidades com as empresas do segmento. Muitos questionamentos foram levantados após tornarem públicas denúncias contra o “Jogo do Aviãozinho”, que contratava personalidades influentes para fazer propaganda, prometendo ganhos e utilizando, inclusive, vídeos manipulados.
Essa explosão de ofertas também está relacionada ao alto uso desses aplicativos e, muitas vezes, implicam em um vício. Um estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em parceria com a AGP Pesquisas, mostrou que 63% de quem aposta no País teve parte da renda comprometida com as bets, enquanto 19% pararam de fazer compras no mercado e 11% não gastaram com saúde e medicamentos.