CEO da Binance: crise na cripto, Elon Musk e regulação
Changpeng Zhao, co-fundador e CEO da Binance, comenta queda no mercado de criptomoedas, parceria com Elon Musk e regulações restritivas ao fomento da inovação
CEO da Binance: crise na cripto, Elon Musk e regulação
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Thaís Monteiro
3 de novembro de 2022 - 7h59
Changpeng Zhao, co-fundador e CEO da Binance, um dos maiores ecossistemas de blockchain e corretoras de criptomoedas globalmente, foi um dos destaques da programação dos primeiros dias de Web Summit 2022. O executivo esteve presente na cerimônia de abertura do evento, e, nesta quarta-feira, 2, participou de um Q&A com o público e uma coletiva de imprensa.
A quantidade de aparições não é despropositada. Além de representar a blockchain, sistema de troca descentralizada que vem sendo discutido com mais afinco conforme os avanços da Web3, o próprio CEO celebrou o fato de poder estar falando para um público de quase 20 mil pessoas na Altice Arena, principal palco do Web Summit.
“O fato que eu estou aqui para fazer essa conversa é muito diferente de um Summit de Cripto em 2014”, disse, ao justificar que a indústria dos criptoativos cresceu, aos trancos e barrancos, mas continua a se desenvolver.
O argumento foi resposta aos questionamentos da apresentadora sobre a estabilidade do mercado cripto. Em 2022, o mercado teve queda acima de 60%. O período ficou conhecido como “inverno cripto” após uma alta histórica no final de 2021.
Para CZ, como é chamado o CEO da Binance, “cripto é a única coisa estável em uma realidade dinâmica. O valor pode mudar, mas é uma tecnologia estável. O preço flutua, mas isso é direcionado pela economia. O resto do mudo é instável”.
Sua explicação para tal afirmação reside no fator cíclico das criptomoedas, que dura quatro anos cada ciclo. “A tecnologia não vai embora. Só fica maior. Vai haver várias falhas, mas a indústria está crescendo”, colocou.
Além disso, o CEO acredita que apesar das quedas, os preços das moedas continuam crescendo, assim como o número de usuários fazendo transações via blockchain. “Temos que ensinar investidores a lidar (com as flutuações)”, afirmou.
As flutuações acabaram por gerar desconfiança no mercado. Diante desse desafio, CZ sugeriu que o público interessado no segmento pesquise sobre a empresa e como a plataforma protege seus usuários. Além disso, o executivo lembrou que a tecnologia blockchain trabalha com registros transparentes das transações, o que favorece a relação de confiança.
O mercado de criptomoedas conta com o desafio de se adaptar às regulações de cada país. Na opinião de Zhao, uma regulação positiva é aquela que protege os consumidores e fomenta a inovação. Alguns países são mais restritivos do que outros. A China, por exemplo, luta desde 2009 contra a criação e uso de novas moedas como forma de proteger a economia do País. Em 2017, as corretoras tiveram que suspender atividades. O executivo atribui essa decisão do governo chinês como negativa para o país, mas positiva para a Binance, que saiu da China e pôde crescer.
Ainda assim, ele argumentou que a tecnologia é neutra e é necessário lutar contra regulações restritivas para fomentar a inovação. “A tecnologia não tem a ver com estruturas ditatoriais. A tecnologia é neutra e quanto mais cedo as empresas adotarem essa nova tecnologia, mais poderosa ela será no futuro. O país se torna mais forte quando a economia está melhor”, explicou.
Enquanto a China não quer competição para sua moeda oficial, outros países estão criando moedas virtuais próprias. Zhao vê tais moedas como uma boa forma de educar a população sobre dinheiro virtual, mas afirmou que há limitações, pois a maioria delas requer autorizações para troca de dinheiro. Porém, ele considera o saldo positivo. “Muitas pessoas na indústria são contra CBDCs (Central Bank Digital Currencies), mas eu não sou. Adotar CBDCs vai aumentar a adoção de cripto”, disse.
O CEO da Binance investiu US$ 500 milhões para ajudar o empresário Elon Musk adquirir o Twitter. Zhao comentou a decisão no evento. O CEO argumentou considerar importante apoiar a liberdade de expressão. Ele também acha possível a integração de criptomoedas na plataforma e já vê mudanças mais rápidas no Twitter desde que Musk demonstrou interesse em relação ao passado.
“O Twitter é uma praça pública. É uma plataforma importante de liberdade de expressão. Eu quero investir em produtos que são importantes para a indústria. Eu acho Elon Musk um empreendedor forte”, opinou. “Somos investidores de longo prazo. Não ligamos para o preço que muda dia a dia. Ambos têm muito potencial combinado e vão tornar o Twitter muito grande”, complementou.
Zhao iniciou a Binance quando tinha 39 anos, pois ingressou no mercado de Bitcoin em 2013 ao investir 10% do seu patrimônio na moeda — atualmente, 99% do seu patrimônio está em criptomoedas –, e argumentou que o sucesso não aconteceu da noite para o dia como muitos descrevem. Sua metodologia para continuar resistindo é “se livrar do que não importa”.
O CEO também não vê os demais players como competidores, pois a adesão ainda é baixa comparada com seu potencial. “Quando você está num mercado não saturado, você quer mais players possíveis. Quanto mais gente entrar em crypto, maior será o mercado. Temos que trazer o maior número. Vai ter overlap e alguma competição, mas não vai saturar. Quanto mais, melhor”, explicou.
Ao ser questionado a fórmula para criar a maior corretora de criptomoedas no mundo, Zhao explicou que o foco da Binance é no consumidor e na sua experiência. “Assim que você consegue acertar no produto, você consegue escalar com marketing”, pontuou.
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