Como monetizar o conteúdo jornalístico
Joy Robins, Chief revenue officer do Washington Post, e Nicholas Johnston, publisher do Axios, comentam estratégias para gerar receitas no digital
Joy Robins, Chief revenue officer do Washington Post, e Nicholas Johnston, publisher do Axios, comentam estratégias para gerar receitas no digital
Carolina Huertas
7 de novembro de 2022 - 17h13
Um dos maiores desafios do mundo digital quando falamos sobre o trabalho do jornalista é como monetizar conteúdo. Joy Robins, Chief revenue officer do Washington Post, e Nicholas Johnston, publisher do Axios, debateram o tema no Web Summit 2022. Os especialistas apontam que é necessário diversificar as fontes de receita e olhar para o mercado publicitário com pensamento estratégico e complementar, sem ser a única opção, mas também sem desconsiderá-la.
“Não existe uma melhor opção, use todas. Nós não somos gênios que encontramos uma receita secreta e mágica, mas temos negócios de publicidade, de eventos e de inscrições, assim como o Washington Post e o New York Times”, diz Johnston.
Em primeiro lugar, o executivo conta que para começar o Axios, em 2016, realizou uma reunião com o time editorial e o time de vendas. De frente a um quadro branco, o objetivo era definir o tipo de negócio que iriam criar, pensando em uma forma de conseguir contratar os jornalistas de uma maneira sustentável
“Olhando para o mercado de anúncios, pensamos: Que temas deveríamos cobrir? Quais produtos construir? Quanta receita isso vai gerar? Com isso, quantos jornalistas manter? Teremos eventos editoriais? Quais? Quantos vamos investir?”, explica.
Sobretudo, Johnston afirma que passa a maior parte do seu tempo pensando sobre diferentes tipos de produtos e em como monetizá-los. Ele afirma que seu foco é contratar o máximo de jornalistas que conseguir e, para isso, é preciso ter uma estratégia de negócio, elemento que, segundo ele, falta nos empreendedores de comunicação.
Joy afirma que os veículos de comunicação precisam se assumir como um negócio, não focando apenas na missão jornalística, mas buscando andar em conjunto com as duas visões. E, dentro disso, elaborar quanto mais produtos conseguir diante do seu conteúdo. “É sobre entender o que sua audiência quer e em qual formato”, aponta.
O bloqueio de acesso às notícias por meio da necessidade de um pagamento é conhecido como Paywall. Na maioria dos casos, a ferramenta funciona no sistema de mensalidade, dando acesso total ou selecionado dos conteúdo dos sites. Porém, os especialistas apontam que ele não é a resposta para ter mais inscritos, apesar de aparecer uma das medidas mais imediatas de monetização na transição do jornalismo impresso para o digital.
“Precisamos entender como construir audiência, lealdade, como realmente entender os comportamentos digitais, para criar algo em que as pessoas queiram pagar. É preciso pensar em como estamos nutrindo esse público para que eles queiram se inscrever”, afirma Joy.
Do mesmo modo, a executiva comenta que a relação de pagamento precisa ir além do acesso, abrindo espaço para relações como membros, benefícios e vantagens. Diante da ideia, Johnston pontua que um caminho é focar em conteúdos especializados para atrair determinados segmentos e profissionais que precisam do material para realizar seus trabalhos.
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