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Primeira dama da Ucrânia: a tecnologia deve ser usada para o bem

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Primeira dama da Ucrânia: a tecnologia deve ser usada para o bem

Convidada surpresa na cerimônia de abertura do Web Summit, Olena Zelenska protestou contra o uso da tecnologia para a destruição


2 de novembro de 2022 - 5h01

A cerimônia de abertura do Web Summit teve como destaques dois assuntos principais: o fomento de startups em Portugal, em especial em Lisboa, e a Guerra na Ucrânia, que assola a Europa desde fevereiro deste ano, quando começaram ataques Russos ao país. No evento que marca o início do festival de inovação, a primeira dama da Ucrânia, Olena Zelenska, foi convidada especial, anunciada horas antes da conferência começar.

 

Olena disse que o campo de expertise dos participantes do Web Summit se tornou um campo de batalha (Crédito: Divulgação/Web Summit)

Em um longo discurso aplaudido de pé pelo público, Olena listou tragédias ocorridas na Ucrânia e aos ucranianos devido ao investimento tecnológico dos russos em mísseis e outras armas cujo intuito é destruir, e fez um apelo aos participantes do Web Summit, cujo foco é majoritariamente profissionais de tecnologia: usar seu ofício para salvar vidas e ajudar a Ucrânia.

“A ideia aqui é que suas inovações mudam o mundo, mas eu acho que é mais do que isso. Vocês têm o poder de determinar como o mundo se move. A Rússia coloca a tecnologia a serviço do terror”, afirmou. “Sua profissão e campo de expertise é um campo de batalha. E alguns especialistas escolheram ser agressivos. Ao mesmo tempo, há pessoas que podem ajudar. É o que você pode fazer. Você pode ajudar a lista a se expandir”, clamou. Enquanto Olena falava, alguns participantes da plateia estenderam bandeiras da Ucrânia.

A primeira-dama deu exemplos de famílias que foram mortas pelos ataques e crianças e jovens que tiveram que ter seus membros amputados devido aos mesmos. Nesses últimos casos, ela exibiu vídeos de jovens em recuperação, usando próteses, e celebrou essa abordagem do uso da tecnologia.

A tecnologia também é o alvo de ataques. Mais recentemente, a Rússia investe em ofensivas na rede elétrica ucraniana, fazendo com que a cidade enfrente apagões. Além disso, Olena lembrou que as redes sociais serviram para aproximar uns aos outros e que, a partir delas, muitos ucranianos reconheciam quem havia falecido em decorrência da guerra, seja quando os usuários publicavam fotos de luto, ou quando deixavam de publicar. “Você tem milhares de redes sociais de ucranianos que nunca mais serão atualizadas”, afirmou.

Olena manifestou, ainda, tristeza ao ver que os recursos que o país deveria estar destinando à inovação nas escolas e na educação, como um todo, hoje têm que ser usado para providenciar alimento, bebida e geradores de energia para abrigos.

Resistência cibernética e mental

Além de destinar recursos para questões mais básicas de sobrevivência, o governo ucraniano tem buscado fortalecer sua segurança cibernética em decorrência dos ataques e investe em programas de saúde mental já que, hoje, segundo a primeira dama, dois terços dos ucranianos sofrem de ansiedade. “Mais da metade das famílias foram separadas. O país e suas pessoas estão em modo crise”, disse. Por isso, a Ucrânia estabeleceu programas de saúde mental para os socorristas dos ataques, para que eles estejam preparados para lidar com o sofrimento psíquico da população.

“É uma era em que todos podem ajudar. É muito fácil achar projetos para ajudar nossa luta. Eu estou pedindo a vocês para ajudar nesses projetos. Ajudar a Ucrânia, hoje, é ajudar o mundo a se tornar um mundo melhor. Para que eles possam aprender e sonhar novamente. Ajudando a Ucrânia, você pode mover o mundo na direção correta”, finalizou.

Posicionamento político

Antes de introduzir Olena Zelenska para o palco do Web Summit, o CEO do evento, Paddy Cosgrave, pontuou que em tempos de guerra, todos devem se questionar o que devem fazer para ajudar. E que, no seu caso, isso seria feito cobrando o governo da Irlanda — país no qual ele e o Web Summit têm origem — sobre a proteção bancária que dá aos oligarcas russos, exibindo uma apresentação de slides com notícias que comprovam sua tese. O executivo convidou os participantes do Web Summit a fazerem o mesmo e considerar usar seu poder de influência para o bem.

Outros destaques do Web Summit

O CEO do Web Summit também aproveitou para listar alguns destaques numéricos do evento. Além de ser sua maior edição, com 70 mil participantes, o Web Summit 2022 tem o Brasil como sua maior delegação estrangeira e o número de startups ucranianas atingiu seu recorde nesta edição.

A cerimônia de abertura também contou com a presença do prefeito de Lisboa e o primeiro ministro de Portugal, que direcionaram suas falas para o fomento de inovação e, principalmente, como buscam atrair capital estrangeiro e de startups para o País e sua capital; do CEO da Binance, Changpeng Zhao, que respondeu a uma série de perguntas sobre as flutuações do mercado cripto e a ajuda que deu ao investir uma quantia para a aquisição do Twitter por Elon Musk; a VP de meio ambiente, iniciativas sociais e políticas da Apple, Lisa Jackson, e Misan Harriman, fundador do Southbank Center e fotógrafo do movimento Black Lives Matter. Os dois últimos conversaram sobre desafios sociais, propósitos e como unir a iniciativa privada à tais movimentos.

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