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A nova fase da inteligência artificial generativa

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Opinião

A nova fase da inteligência artificial generativa

No lançamento de ferramenta de geração de imagens por IA, fundador da Picsart se diz "animado e com medo"


2 de novembro de 2022 - 19h28

Os briefings de Copa do Mundo já estão atrasados. Você precisa produzir a foto de uma menina com uma bola de futebol e uma camiseta amarela, mas a essa altura não dá mais tempo. Você abre um app no celular, digita “menina com bola de futebol e camiseta amarela” e escolhe uma entre várias opções para baixar. Mas, ao contrário de um banco de imagens comum, essas são fotos originais e únicas, criadas por você – com uma ajudinha da inteligência artificial.

A tecnologia “text to image generation”, tipo de inteligência artificial generativa que cria imagens a partir de descrições em texto não é nova, mas começa a ficar acessível – e a criar polêmica. A Picsart, plataforma de edição de foto e vídeo com mais de 150 milhões de usuários, aproveitou o primeiro dia do Web Summit para lançar a sua solução, que reconhece padrões em zilhões de imagens disponíveis e faz combinações até “aprender” a gerar imagens originais a partir de comandos de texto. Ela funciona mais ou menos como descrevi no início desse texto e os resultados iniciais seriam reprovados por qualquer cliente (simulação abaixo). Mas confesso que achei divertido e promissor.

imagem IA Picsart

Imagem criada pela inteligência artificial da Picsart (crédito: divulgação)

Por enquanto, ela cria apenas imagens estáticas e está disponível para iOS no app Picsart. Mas Hovhannes Avoyan, fundador e CEO da empresa, garantiu no seu talk com o creator Kit Eaton que vai ser muito mais do que isso. “Toda nova tecnologia pode dar origem a uma nova forma de arte. Imagina o que aconteceria com o mundo se todos pudessem ser artistas?”

Colocando um pouco mais o pé no chão, ele imagina a utilidade da ferramenta para o processo de criação, reforçando que o criador é o “dono da narrativa”, é dele o impulso criativo, não das máquinas. Para o fundador, artistas mais tradicionais poderão usar a IA como ferramenta para se inspirar, enquanto empreendedores de diferentes áreas como mercado imobiliário, varejo, moda e decoração poderão expandir suas possibilidades de criação de produtos, conteúdo e marketing.

É aí que entra o medo.
Das máquinas substituírem as pessoas, de empregos sumirem, das novas discussões éticas e legais que serão necessárias, de perdermos o controle. “Eu estou animado e também acho assustador. Mas se você não abraça, você fica fora do jogo. E talvez a gente esteja no começo da criação de um novo mercado, de pessoas que serão especializadas nessa curadoria de imagens e em criação com inteligência artificial”. Ele convida a pensar na revolução que o Photoshop trouxe, por exemplo. Criativos são cada vez mais necessários, artistas não deixaram de existir, mas vimos surgir uma nova linguagem, uma nova forma de fazer que expandiu os limites da criatividade. A dica final do CEO é se jogar enquanto dá para ser um early adopter. (as plataformas de educação já estão cheias de cursos para quem quer se especializar).

Falando em early adopter, conversei com o Guilherme Rech, diretor de criação na W3haus que acabou de lançar um clipe do seu projeto musical 100% criado com o programa de inteligência artificial Midjourney. A partir de comandos de texto aprimorados durante seis semanas, o programa gerou mais de cinco mil imagens diferentes. Nesse tempo, o Gui e o programa se tornaram “parceiros criativos”. Coube ao humano da dupla a curadoria das mais de 1.000 que fazem parte do clipe. “Ferramentas como essa são só isso: ferramentas. A ideia não é substituir colaboradores de verdade. Mas para um artista independente é importante manter o olho aberto para esse tipo de oportunidade. Exige tempo e dedicação, mas é algo que qualquer um pode fazer”.

Um pouco mais tarde, ainda fervilhando, esfriei a cabeça em uma “comfort palestra”. Fui encontrar um velho conhecido de todos nós, Chris Anderson, head da plataforma de troca de ideias TED. Ele também está animado. Vibra com a possibilidade de a tecnologia colocar o conhecimento cada vez mais na mão das pessoas que precisam, com as infinitas possibilidades que abrem quando as marcas descentralizam o poder e se abrem para a cocriação da comunidade (deu exemplo as conferências TEDx, eventos não-oficiais responsáveis por alguns dos maiores hits da plataforma, como o clássico O Poder da Vulnerabilidade de Brené Brown). E também comemora o poder das redes sociais para espalhar as ideias que merecem ser espalhadas – missão do TED. Vem aí conferências em 15 segundos? Tudo tem limite. “Uma ideia precisa de tempo para ser desenvolvida”. E o TED no Metaverso? “Se encontrarmos uma forma de ter uma experiência como essa que estamos tendo (Chris respondeu perguntas do público em um pequeno palco em formato de arena, bem próximo das pessoas), sempre vamos estar interessados. Mas nada substitui esse contato olho no olho”.

Quem concorda? ✋

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