Afinal, do que são feitos os unicórnios?

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Opinião

Afinal, do que são feitos os unicórnios?

Programa da prefeitura de Lisboa desenvolve processos de negócios, compartilha melhores práticas e busca criar condições para que as startups participantes atinjam crescimento sustentável


4 de novembro de 2022 - 5h40

Nesta semana, estou mergulhada no ambiente de inovação de Lisboa – uma oportunidade imperdível de entender a fundo como Portugal vem criando uma vocação muito além dos vinhos, das olivas e do turismo. Fomentar as startups locais, receber de braços abertos as empresas de outros países (alô, Brasil!) e facilitar a troca de experiências tem feito o país se destacar no ambiente de negócios global.
Um bom exemplo é o projeto Unicorn Factory, desenvolvido pela prefeitura de Lisboa como uma plataforma de apoio a startups e scale-ups, até que se tornem unicórnios. O programa desenvolve processos de negócios, compartilha melhores práticas e busca criar condições para que as startups participantes atinjam crescimento sustentável – e acelerado. No primeiro ano do projeto, oito startups foram inseridas no programa. A ideia é avançar para 20 por ano, para criar um ambiente cada vez mais dinâmico e fomentar a evolução do ecossistema.
Dentro dessa busca por inovação, o setor de climate techs (energia, gestão climática, meio ambiente e green assets) representa uma enorme oportunidade. Para Stenio Franco, sócio da Cross Atlantic Ventures, as climate techs serão o principal destino de investimentos em startups em Portugal nos próximos 5 anos. O próprio presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, é enfático ao apontar o desenvolvimento de energia limpa como um dos possíveis gamechangers para a economia global para a próxima década.
Para que essa transformação aconteça e os unicórnios portugueses se desenvolvam, porém, eles precisam combinar cinco grandes fatores:
1) Timing: não adianta ter uma solução incrível na hora errada, ou chegar atrasado em um setor em crescimento. Os unicórnios têm um timing impecável.
2) Capacitação técnica: a equipe da startup precisa ser muito capacitada para dar conta do recado e entregar soluções que resolvam as necessidades do mercado.
3) Encontrar seu próprio caminho: não adianta tentar copiar a história de outra empresa. Não existem 2 Airbnb ou 2 Uber. Cada empresa é única em sua trajetória.
4) Funding: por mais correto que seja o timing e melhor que seja o time técnico da startup, sem dinheiro ninguém chega a lugar nenhum. Um ambiente promissor aos investimentos, com investidores de venture capital, investidores institucionais, apoio governamental e levando até o IPO, é essencial.
5) Polinização: é preciso haver espaços em que os vários integrantes do ecossistema se encontrem. Startups, big techs, investidores, agências, hubs de inovação e profissionais de diversas outras áreas, quando estão reunidos em um mesmo espaço, fazem o mercado crescer mais rápido. Um bom exemplo é o TagusPark, a cidade do conhecimento localizada em Oeiras: o local funciona como um hub de conexão com o restante da Europa e com a África. Essa foi a primeira incubadora a colaborar com um dos unicórnios portugueses, a Talkdesk. A junção de mais de 160 empresas, 20 startups e 16 mil profissionais faz com que Oeiras seja responsável por 17% do PIB nacional.
Criar uma “fábrica de unicórnios”, como a cidade de Lisboa se propôs a fazer, é uma condição importante para que um país se destaque. É hora de o Brasil acelerar seus investimentos em prol da inovação e das startups.

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