8 de novembro de 2022 - 18h11
Para todos que ainda não tinham reparado no crescimento de aplicações de inteligência artificial e design, a Web Summit 2022 serviu para deixar isso ainda mais claro: a inteligência artificial está moldando o futuro. Durante os quatro dias de evento, quem andou pelos stands assistiu palestras, conversou com startups e observou diversas aplicações de IA com as mais diversas finalidades e origens.
Assim como o Hurb, diversas empresas utilizaram essa tecnologia em seus stands ou produtos durante a conferência. Empresas de mais de 25 países diferentes que já usam esse tipo de tecnologia em suas soluções participaram do evento – incluindo o Brasil, claro -, apontando para um aumento no número desses usuários nas próximas edições do evento.
Hoje, a diversidade de aplicações já impressiona. A Web Summit possibilitou ver IA empregada na digitalização do processo de relacionamento com clientes e funcionários através de bots, na avaliação de reviews para garantir autenticidade, na análise visual de locais de trabalho para detecção e redução de riscos, na criação de assistentes virtuais de marketing, na avaliação de melhorias para serem implementadas em seu site, em uma ferramenta para otimizar e acelerar a escrita e até mesmo em um influenciador de crypto, que pretende ser a maior e melhor fonte de informação sobre o assunto.
A indústria do design está em um constante estado de fluxo e, com a ascensão da inteligência artificial, se tornou capaz de desenvolver softwares que podem projetar qualquer coisa, desde edifícios a roupas. Como consequência, essa aplicação está mudando a maneira como os designers trabalham. Uma das soluções mais impactantes para a categoria se propõe a automatizar o processo criativo. Com o uso de IA, conseguimos selecionar inspirações visuais e criar combinações entre elas, personalizando-as para obter os melhores resultados. Assim, eliminamos boa parte da abstração no processo. Então, como será o papel desse profissional no futuro?
Está claro que as ferramentas de IA são cada vez mais capazes de gerar designs para tudo e essa criatividade autônoma gera diversos questionamentos, principalmente sobre a relevância da função de designers na sociedade nos próximos anos. Há quem argumente que os designers estão se tornando obsoletos, uma vez que suas habilidades podem ser replicadas por máquinas. Outros sugerem que essa tecnologia terá um impacto mínimo na profissão, visto que o fator humano seguirá sendo necessário na tomada de decisões criativas.
Eu estou mais inclinado para a segunda opção, o que não significa que as coisas vão continuar exatamente como estão. É bastante provável que as funções e ferramentas de um designer, assim como fluxos de trabalho e processos, venham a mudar bastante nos próximos anos. Mas isso não é uma notícia ruim.
Os designers sempre estiveram à frente da curva quando se trata de usar novas tecnologias e inovações. Com o advento da IA, eles passaram a poder usar essas ferramentas de maneira mais eficiente. Já é totalmente viável para um designer utilizar ferramentas dessa inteligência para todas as etapas de criação, por exemplo, desde a geração de ideias até o teste, desde a produção de protótipos até a simulação do comportamento humano. Esses profissionais que usam esses sistema agora podem se livrar de seus bloqueios mentais e se concentrar no que fazem de melhor: trabalhar com criatividade e emoções.
A inteligência artificial não é um gênio criativo. Não pode pensar fora da caixa ou trabalhar todas as nuances do comportamento humano, mas pode fazer o que nós não queremos fazer. Pode analisar muitas informações e dados, e combiná-los para gerar novos designs ou conceitos nos quais nunca pensamos antes. Essa variedade de aplicações deixa claro que em breve veremos soluções de IA em tudo o que nos rodeia, por isso, é cada vez mais importante compreender como adotar e aplicar esse tipo de tecnologia.
O futuro do design dependerá exclusivamente de como os designers reagem ao impacto da IA na criatividade. Nós devemos abraçá-la como uma oportunidade de crescimento, em vez de algo que tomará nosso emprego. Durante todo o evento foi possível observar como esse assunto está presente nas rodas de conversa, e a melhor maneira de abordá-lo é se preparando e conhecendo suas aplicações.
Eu já posso imaginar um futuro em que assistentes, usando inteligência artificial, sejam capazes de dar feedbacks sob medida sobre o trabalho de cada designer, não baseado apenas nos princípios da área, mas em suas preferências e seus objetivos. Seria um mundo onde bots nos ajudam a visualizar problemas sobre outras perspectivas e nos ajudam a testar e simular aplicações antes mesmo de criarmos algo.
Longe de ser uma ameaça, eu diria que esse futuro é uma grande oportunidade!