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Opinião

Qual é o sabor da sua inovação?

mais importante do que tentar classificar o que é ou não inovação, o que precisamos fazer é identificar o que é transformador para cada pessoa e em cada cenário hoje


5 de novembro de 2022 - 8h11

No dia a dia dos nossos negócios é tão natural falar em inovação que a palavra pode perder o sentido e este é um problema que tem várias facetas. Um efeito muito comum – e bastante negativo – é causar uma espécie de “innovation washing”, ou seja, ter muito mais discurso do que substância nas práticas inovadoras.

Enquanto percorria os imensos pavilhões e praticamente me perdia em meio às mais de 2.400 startups e 1.050 palestrantes do Web Summit, comecei a refletir sobre um outro aspecto pouco abordado quando falamos em inovação: o fato de que ela significa uma coisa diferente para cada um.

Encontrei um amigo que frequenta o evento desde tempos pré-pandemia e seus olhos brilharam quando ele comentou que está olhando para geração sintética de proteínas e Inteligência Artificial regenerativa. Alguns minutos antes, uma startup me contava como sua solução integrava dados por meio de Web3 e blockchain para trazer mais segurança às transações.

Quando saímos daqui e voltamos para o nosso dia a dia, omnichannel se torna um desafio e Metaverso, uma fantasia. No Web Summit, a marca de carros Mini disse que considera o seu “Miniverso” uma forma de experimentar e encontrar novas possibilidades de interação com as novas gerações que estão surgindo. Para eles, isso já é lugar comum, parte do cotidiano.

Outro exemplo, talvez até mais chocante: a fundadora da ONG focada em inclusão no combate da crise climática Climate Cardinals, Sophia Kianni, disse que não há informações suficientes relacionadas ao clima sendo traduzidas para muitos idiomas, e isso impede que uma parcela enorme da população sequer compreenda o risco trazido pelas mudanças planetárias. Nesse caso, um “simples” trabalho de tradução pode destravar enormes inovações.

Por algumas horas, acompanhei a intensa movimentação nos ambientes do Web Summit tentando encontrar uma visão que abrangesse tanto o macro quanto o micro da inovação. Tanto aquela coisa que “parece disco voador” quanto a simplicidade que tem um impacto imenso.

Uma resposta me veio à mente durante uma apresentação da PicsArt, uma empresa que usa Inteligência Artificial para criar imagens a partir de descrições em texto: é preciso abraçar as possibilidades e para isso é necessário entender e aprender.

Cada ser humano é diferente e vive em um ambiente diferente, com as mais diversas histórias de vida. Se nós não tivermos empatia para entender a situação do outro, aprender com esse novo ponto de vista e então propor soluções, vamos perder uma oportunidade atrás da outra. Assim, mais importante do que tentar classificar o que é ou não inovação, o que precisamos fazer é identificar o que é transformador para cada pessoa e em cada cenário hoje.

Dessa forma, mudaremos o mundo um passo de cada vez.

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